Meu novo livro: Novas abordagens

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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Somos todos vítimas - artigo - Diário do Nordeste


Opinião
LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO
(4/5/2007)

Somos todos vítimas

A psicanálise por muito tempo atuou como se “inquérito policial” fosse, pois sempre almejava encontrar o culpado de nossos conflitos, mas essa fórmula foi abrandada e modificada na sua essência, pois agora com a universalização do conhecimento poder-se-á aplicar várias hipóteses a todos os casos concretos. A cultura do patriarcado ainda é muito forte na sociedade, pois mesmos os mitos bíblicos já terem sido todos “enterrados”, a figura do pai sobreviveu a todos os “atentados”. Não há efeito sem causa e isso é pacífico na literatura especializada, mas na busca do culpado primeiro, Sigmund Freud sugeriu o mito da Horda selvagem, em que o patriarca abusava sexualmente e com violência das suas esposas e os filhos crescendo e assistindo aquilo, resolveram esquartejar o pai e comeram os pedaços para que ninguém nunca soubesse e, segundo Freud, estaríamos até hoje sem conseguir digerir essa história e a falha teria acontecido na primeira família. Precisamos reconhecer que somos os únicos responsáveis por tudo que nos acontece e que precisamos de uma vez por toda abandonar a teoria fatalista e indigesta do “pecado original” das religiões para justificar o mal-estar e o descalabro em que anda a humanidade.Sem nenhum medo de errar, digo-lhes que os nossos pais também tiveram os seus conflitos em suas infâncias, ou seja, a vida é mera repetição de fatos. A grande maioria das pessoas está presa ao passado e é preciso exortá-las a se libertarem do passado, independente do que tenha acontecido, pois quem vive “preso” ao passado sofre e alimenta remorsos e a malfadada e perigosa “consciência de culpa”. Sempre precisamos encontrar o “culpado” para os nossos insucessos e jogamos a culpa em alguém. Historinha budista diz que quando sorrimos dentro de um problema que demos causa, é porque já encontramos em quem colocar a culpa. Ninguém nasce com “manual” de como não errar e os nossos pais também foram vítimas, pois somos todos vítimas de ninguém. Como disse o poeta: (...) Você culpa seus pais por tudo/ E isso é absurdo/ São crianças como você/ O que você vai ser, quando você crescer?

LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - Psicanalista

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