Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

sábado, 9 de setembro de 2017

Recalque - Artigo - Diário do Nordeste



   O recalque é um sofrimento psíquico inconsciente que sempre retorna ao consciente em forma de atos falhos, sonhos, sintomas e chistes e é uma “fonte de desprazer”. Schopenhauer e Nietzsche já falavam em “recalque, mas foi Sigmund Freud (1856-1939) que conceituou o “recalque”: “Assim como desviamos o nosso olfato de objetos fétidos, também desviamos do pré-consciente e do consciente as lembranças.  É a isso que chamamos recalque”. Freud definiu três tempos do “recalque”: 1º, o recalque propriamente dito; 2º, o recalque originário; e o 3º, o retorno do recalcado nas formações do inconsciente.
   O sujeito “recalcado” age muitas vezes sem saber a razão de certas posturas suas que podem até causar-lhe vergonha, mas a explicação é que o material recalcado está retornando ao consciente, o que Freud denominou de: “O retorno do recalcado”. Todo sofrimento psíquico do sujeito fica armazenado no inconsciente (recalcado), mas o inconsciente não é todo preenchido somente de recalques. Nos comentários sobre o “recalque”, Freud escreveu: “O que foi esquecido não foi apagado”, pois o sujeito “visitará” sempre seu inconsciente em busca dessa fonte de desprazer que se não for devidamente trabalhada no divã, por meio da “cura pela fala”, o “recalque” será seu companheiro inseparável por toda a vida.
   Freud associou a “formação do sintoma” ao retorno do recalcado dizendo: “Não é o próprio recalque que produz formações substitutivas e sintomas, mas estes são os indícios de um retorno do recalcado”, daí nada ter a ver “recalque” com “inveja”, como, equivocadamente, vulgarmente se diz.
   


Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista 

domingo, 11 de junho de 2017

Convite enterro - Artigo - Diário do Poder

                                               
   A Justiça Eleitoral apareceu no Brasil após a revolução de 1930, mas a Constituição Federal de 1937, outorgada por Getulio Vargas, excluiu-a do Poder Judiciário. No período de 1937 a 1945 conhecido como Estado Novo, não houve eleições no Brasil. O Decreto-Lei n.º 7.586 de 1945, restabeleceu a Justiça Eleitoral no Brasil para felicidade dos que desejavam poder e prestígio, afinal, quem dava a última palavra após o sufrágio [voto] eram os juízes eleitorais.
   A competência da Justiça Eleitoral é atuar exclusivamente nas eleições, homologar os pedidos de candidaturas, as convenções dos partidos, fiscalizar e homologar as prestações de contas das campanhas, julgar recursos contra os abusos e fraudes e diplomar os eleitos. É bom lembrar que a Justiça Eleitoral custa por ano R$ 2 bilhões de reais ao erário e no Brasil as eleições se dão somente a cada dois anos...  
   A cada vacância nos Tribunais Eleitorais estaduais e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acontece uma verdadeira maratona de operadores do Direito mendigando aquela cadeira togada junto a políticos que, em tese, eles terão que julgar, se prometendo lealdade aos seus apoiadores.
   O julgamento na última sexta-feira da chapa “Dilma-Temer”, da eleição presidencial de 2014, ultrapassou o ridículo, pois ministros do TSE estavam visivelmente atuando como se advogados do presidente Temer fossem, ignorando provas criminais e antecipando seus votos para influenciar os demais, sem qualquer preocupação com a opinião pública.
   O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, não conseguiu esconder que estava trabalhando para que aquele julgamento histórico terminasse em “pizza”, o que pode sugerir que ele levou em consideração a sua antiga amizade com o presidente Temer...
   A Justiça Eleitoral sempre foi polêmica, não somente pelo alto custo e a sua composição por indicações políticas, mas também por ter dois pesos e duas medidas. No julgamento “Dilma-Temer” o TSE cometeu suicídio eleitoral...


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Elogio às mulheres - artigo - Diário do Poder


   A então primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, recebeu uma carta da trilionária multinacional Monsanto® criticando a postura dela por ter feito um jardim dedicado à agricultura biológica na Casa Branca. A Monsanto® argumentava que aquele jardim, no endereço mais importante dos EUA, poderia exortar os americanos a fazerem o mesmo e assim prejudicaria a indústria “alimentícia”, a venda dos agrotóxicos, bem como dos “alimentos” transgênicos.
   A Monsanto® é controlada pelo megaespeculador Georges Soros e é líder mundial na fabricação de agrotóxicos, bem como dos “alimentos” geneticamente modificados que, segundo cientistas sérios, causam câncer e controlam considerada parcela da proteína não animal na civilização, inclusive quase já não há mais a original “semente crioula” para a agricultura saudável.
   Ano passado, a Monsanto® fez fusão com a gigantesca farmacêutica alemã Bayer® para juntas tornarem-se líderes do mercado de sementes e químicos agrícolas, mas não avisaram aos consumidores que por trás do negócio continuava no controle o insensível George Soros que somente pensa em fatura e o resto que se dane.
   Há evidências de relações promiscua da Monsanto® com a indústria farmacêutica, o que pode sugerir que uma envenenará o sujeito; e a outra, venderá o remédio para o tratamento...
   A agricultura familiar orgânica é uma tendência que parece irreversível, daí o receio dessas gigantes multinacionais de perderem mercado e faturamento.
   Ao planejar e executar um jardim orgânico na Casa Branca, coisa que ninguém havia pensando antes, Michelle mostrou como as mulheres são inteligentes, pois enfrentou sozinha o forte lobby da Monsanto®, da indústria “alimentícia” e da farmacêutica sem desgastar o governo do seu esposo, Barack Obama.
   Não se sabe se Michelle respondeu a carta da Monsanto®, provavelmente, não, mas todos precisam tirar o chapéu para essa “jogada de mestre” de Michelle. Viva as mulheres!


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista 

sábado, 11 de março de 2017

Transtornos mentais - artigo - Diário do Nordeste

                                   

   Rita Mae Brown, escritora americana, dizia com humor: “As estatísticas sobre saúde mental revelam que um em cada quatro americanos sofre de alguma forma de doença mental. Pense em seus três melhores amigos. Se eles estão bem, então o quarto é você”.
   A Associação Americana de Psiquiatria (APA), em 1917, começou a nosografia das doenças mentais num “Manual estatístico” para tentar uniformizar os diagnósticos. O “Manual” catalogou 22 diagnósticos de transtornos mentais. Em 1952, a APA publicou o que viria a ser a Bíblia da Psiquiatria: o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (DSM-I) elencando agora 106 tipos de transtornos e no DSM-IV, de 1994, já se contabilizavam 297 tipos de transtornos mentais.
   As três principais doenças psiquiátricas são: esquizofrenia, depressão e “transtorno maníaco-depressivo” — ou bipolar do humor —, mas no DSM 5, de 2013, há descritos 265 diagnósticos e sobram críticas desse abuso no número de transtornos mentais que somente prejudica o paciente e alimenta o trilionário mercado farmacêutico.
   O primeiro antipsicótico, o “Clorpromazina”, foi descoberto por mero acaso pelo cirurgião francês Henri Laborit (1914-1995) que buscava uma droga capaz de reduzir o “choque cirúrgico” assim como foi a “Imipramina” usada em pacientes depressivos e a indústria farmacêutica investe pesado em novas drogas para “controlar” os transtornos mentais reais e os imaginários “criados” nos DSMs sem qualquer estudo científico sério. 
   O uso indiscriminado de remédios “tarja preta” afeta diretamente a memória do sujeito e podem causar demência.


Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Palestina livre - Artigo - Diário do Poder

   

   No dia 15 próximo, na França, 70 países se reunirão na “Conferência de Paz para o Oriente Médio” e há rumores de que a Resolução da ONU nº 2334, de 23 de dezembro último, que determina que Israel pare as ocupações ilegais na Palestina, seja executada, bem como outras medidas deverão ser adotadas.
   O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, já disse que não cumprirá aquela Resolução nem outras ulteriores, aliás, Israel não se esforça para cumprir os acordos que possam levar a Paz.   
   Napoleão Bonaparte, em 1799, inspirado no espírito libertador da Revolução Francesa, convidou os judeus para se juntarem ao seu exército e fundarem o Estado judaico na Palestina, mas não houve empolgação dos judeus à ideia napoleônica...
   A doutrina do sionismo, fundada pelo judeu Teodoro Herzl (1860-1904), que esteve apenas uma vez na Palestina, diz, em apertada síntese, que somente num Estado judaico os judeus estariam seguros, mas somente 40% dos judeus do mundo vivem em Israel, o que parece ser uma contradição — os outros 60% dos judeus estão em iminente perigo nos EUA, Europa, Brasil, etc.?
   As tentativas de acordos de Paz foram sabotadas por Israel que “pregava” o mantra de dar “terras pela Paz”, mas as glebas não eram contíguas, o que acabava por inviabilizar as negociações.
   Israel usa a conhecida “tática militar russa” de oferecer o território ao inimigo, porém, totalmente devastado e sem esperança de revitalização, para sair-se bem na foto como “colaborador para Paz”.
   A civilização não pode ficar refém dessa intransigência de Israel que poderá levar o mundo à Terceira Guerra Mundial e é difícil dimensionar os danos que uma guerra termonuclear causará... 
   A Resolução da ONU nº 181/1947 autorizou os judeus ocuparem até 51% da Palestina, mas, na tomada de posse, em 1948, ocuparam 78%. A Resolução nº 242/1967, determinou que Israel devolvesse os territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias naquele ano, mas até hoje não devolveu. 
   O gigante jurista Hans Kelsen (1881-1973), autor da “Teoria pura do Direito”, dizia que as normas jurídicas tinham que ser cumpridas e que a norma hipotética fundamental era: “Cumpra-se!”...


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista