Meu novo livro: Novas abordagens

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domingo, 24 de julho de 2016

O SILÊNCIO NA PEDOFILIA - Artigo - Diário do Poder

Por Luís olímpio Ferraz Melo

   Os ataques terroristas vêm assombrando a civilização devido à perversidade usada pelos executores, mas antes de serem perversos eles são, os terroristas, suicidas em potencial, conforme se pode encaixar no “suicídio altruísta” denominado pelo sociólogo francês Emile Durkheim (1858-1917). Dezenas de vítimas são contabilizadas nesses atentados insanos que causa alguma poderia justificá-los, mas ao lado desse hediondo crime, outro — não menos perverso — acontece no silêncio da sociedade sem que ocorram debates e ações para sua prevenção: a pedofilia. Sabe-se que apenas 10% dos casos de pedofilia chegam ao conhecimento das autoridades e dos outros 90% nada se sabe; e que a maioria dos casos é cometida dentro da família ou por pessoas próximas aos menores. Os pedófilos podem levar semanas, meses e anos aliciando um menor até conseguir consumar o ato criminoso e os casos de reincidência são comuns, o que sugere que o perverso “desejo sexual” deles é maior do que o medo de uma eventual punição.
   Os EUA são o país que mais investe na prevenção contra a pedofilia e mantêm cinquenta mil agentes “on-line” à cata dos pedófilos na internet, especialmente na “Deep web” (internet profunda) onde parece ser o “paraíso perdido” dos pedófilos.  A “Operação Ore”, na Inglaterra, em 2002, pilhou milhares de pedófilos que trocavam e vendiam imagens, vídeos e aliciavam menores na internet naquele país, entre os pedófilos estavam juízes, policiais, clérigos, advogados, professores, políticos, empresários e celebridades da indústria do entretenimento...
   Há um “mercado” bilionário internacional na venda de material pornográfico infantil e a rede de pedofilia conta com a participação de hotéis, motéis, táxis, garotas de programa maiores de idade para disfarçar o aliciamento, mas o tema, gravíssimo, continua em silêncio na sociedade fazendo diariamente milhares de vítimas. A pedofilia é uma perversão sexual que acarreta danos irreparáveis por toda a vida das vítimas...
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SOMOS TODOS NEGROS - Artigo - Diário do Poder

   Parece ser consenso entre os estudiosos da matéria de que a vida humana surgiu na África e de que há apenas uma espécie humana e a questão da cor da pele varia devido a um fenômeno de pigmentação que pode sofrer influências por diversos fatores. Os conflitos entre brancos e negros que se espalham nos EUA e pelo mundo preocupam a civilização, pois há evidências de existir uma manipulação para que se odeiem os negros, embora não haja qualquer motivo plausível.
  O debate sobre raça percorreu os séculos XVIII e XIX e, após breve parada, durante a Segunda Guerra, voltou à tona com novos estudos genéticos e antropológicos. Chegou-se a registrar, ainda em 1900, 29 raças; em 1937, 38; porém, no fim do século XX contava-se quase 200 raças humanas catalogadas, mas as teorias poligenéticas não se sustentaram, pois há somente uma espécie humana, daí sugerir que raça é uma criação do homem e não um elemento biológico — no século XV, em Provença, no sul da França, a palavra raça designava a escória da população.
  A palavra “racismo”, que significa a força de uma raça sobre outra, apareceu nos dicionários europeus somente em 1932, mas foi oficialmente abandonada pela Unesco, em 1950, que a substituiu por etnia. Com os avanços da ciência e após a proclamação do projeto do “Genoma Humano”, em 2000, ganhou força a hipótese de que existe somente uma espécie humana e não há mais razão para se falar em raças.
  Numa perspectiva psicanalítica, poder-se-ia dizer, com alguma segurança, que Sigmund Freud (1856-1939) denominaria de “recusa da realidade” essa indiferença indevida que alguns fazem aos negros, pois somos todos originados da África e não se pode negar esse fato, assim como muitos quando ganham dinheiro e fama tentam negar suas origens humildes. Os oftalmologistas denominam esse conceito freudiano de “escotomização” que, na edição de 1977, do “Dicionário Petit Robert” definia: “Uma exclusão inconsciente de uma realidade externa ao campo da consciência”...
Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista 

O PODER DA MÁFIA - Artigo - Diário do Poder

   O Brasil demorou a tomar iniciativas concretas para combater as organizações criminosas, pois as leis eram tímidas diante da escalada do crime.  O Código Penal, no artigo 288, contemplava apenas o crime de formação de quadrilha ou bando, porém, depois apareceu a lei da “lavagem de dinheiro” e em seguida surgiu a lei das organizações criminosas com a possibilidade, em 2013, da “colaboração premiada”...
   O juiz antimáfia italiano Giovanni Falcone (1939-1992) foi o principal magistrado na famosa “Operação Mãos Limpas” e ouviu do mafioso Tommaso Buscetta (1928-2000) no seu primeiro depoimento após ser preso: “O advirto, senhor juiz. Depois deste interrogatório será uma celebridade, mas procurarão destruí-lo física e profissionalmente. Comigo farão o mesmo. Não esqueça que a conta que abriu com a ‘Cosa Nostra’ nunca se encerrará”. Falcone foi assassinado covardemente a mando do chefe (capo) da ‘Cosa Nostra’ Totó Riina, em 23 de maio de 1992, mas Riina acabou preso, porém, a máfia italiana continuou firme e forte...
   No livro que reúne as entrevistas do juiz Falcone, “Coisas da Cosa Nostra”, Ed. Rocco, ano 2012, pág. 186/187, Falcone revela: “(...) Esses homicídios excelentes [de pessoas importantes], sobre os quais não se tem um completo esclarecimento, alimentaram a ideia do ‘terceiro nível’, entendendo-se com isso que existiria uma rede acima da Cosa Nostra, na qual se esconderiam os verdadeiros responsáveis pelos assassinatos, uma espécie de super comitê, constituído por políticos, maçons, banqueiros, altos burocratas do Estado e capitães da indústria, de onde partiriam as ordens para a Cúpula [da máfia]”. Na pág. 189, Falcone mostra o poder da máfia no pós-Segunda Guerra: “(...) Acredito que a Cosa Nostra esteja envolvida em todos os acontecimentos importantes da vida siciliana, a começar pelo desembarque [dos] aliado na Sicilia durante a Segunda Guerra Mundial e pelas nomeações de prefeitos mafiosos depois da Libertação”. Somos todos Falcone...
Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista
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