Meu novo livro: Novas abordagens

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domingo, 19 de agosto de 2007

Pobres moços - artigo - Diário do Nordeste

Opinião

LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Pobres moços

Demorei muito tempo para ter a certeza de que a paz de espírito não tem preço e que a felicidade plena nada tem a ver com vícios e/ou riquezas. O maior patrimônio que o homem constrói na vida é, sem nenhuma dúvida, o equilíbrio. Sem o equilíbrio pouco ou nada o homem fará na vida. Uma vida equilibrada pode surpreender até os mais céticos quando conseguem chegar a esse estágio. Lutei muito para recuperar o tempo desperdiçado com bebedeiras e farras sem fim, pois, ao invés de dedicar naquela época o tempo para leituras edificantes, desperdiçava-o ouvindo, falando e fazendo besteiras. Muitos pais de hoje em dia, nem sonham como anda a vida de seus filhos e podem se assustar quando assim descobrir... Essa fase da vida do homem é por demais delicada, pois o individuo é tentado de todas as formas e somente aceita suas idéias, como se as demais fossem inválidas. Muitos são carentes e, se desesperam e, caem nas drogas para “viver” num mundo virtual, onde não há tragédias, desilusões, traições, egoísmo, enfim, num mundo fantasioso e impossível. É muito difícil para os jovens da contemporaneidade imaginar-se sem vícios, pois o contexto social os impede de ver vida fora desses círculos. Sem falar das “oportunidades” semanais de festas que acaba impedindo os jovens de pensar e quem sabe até mudar de vida. As paixões, são as doenças da alma, dizia René Descartes, e os moços sofrem em busca de um amor perfeito que não existe. Existe sim, tesão, atração, companheirismo, admiração, lealdade, mas amor em relacionamento afetivo, não existe. Amor é algo sublime e harmonioso, bem diferente da proposta dos relacionamentos. Os casais se apaixonam e desapaixonam diversas vezes durante o relacionamento, pois se apaixonados ficassem muito tempo, enlouqueceriam devido à cumplicidade. Esses moços de hoje em dia, possuem visão imediatista, e acabam desperdiçando ótimas oportunidades de construir alicerces para uma vida feliz. Se pudesse voltar ao tempo, priorizaria infinitamente a busca do equilíbrio a qualquer outra coisa. Queria eu ter lido essas linhas acima quando nos meus tempos de moço.

LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - Psicanalista

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