Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

domingo, 2 de abril de 2023

Nelson Piquet no divã - artigo - Diário do Poder



O tricampeão de Fórmula 1, Nelson Piquet, foi condenado numa ação civil pública a pagar R$ 5 milhões devido à algumas falas suas, em 2021, que circularam num vídeo em relação ao heptacampeão também de F1 Lewis Hamilton e foram consideradas “racistas” e “homofóbicas”.

Recorrendo ao experiente político constituinte, Ulisses Guimarães (1916-1992), que dizia: “O importante não é o fato, mas sim, as versões”, pois, embora as palavras de Nelson Piquet não tenham sido polidas e elegantes, ilícito cível algum cometeu Piquet; e a pergunta que não quer calar: por que não processaram também Nelson Piquet na esfera criminal já que o Ministério Público estava convencido de que se tratava de racismo? Lewis Hamilton, parte legítima para representar Piquet numa ação criminal por injúria racial, seguramente orientado pelo seu staff jurídico, não quis arriscar perder esse certame para Piquet, pois injuria racial também não se configura devido à ausência do dolo (intenção).

No crime de racismo, o Ministério Público é o titular da ação penal, independente do desejo de Lewis Hamilton, mas por que então não entrou com a ação criminal? Não entrou devido os promotores saberem não haver crime de racismo a ser punido, pois o egrégio Supremo Tribunal Federal (STF) já julgou, reiteradas vezes, disciplinando as possibilidades inequívocas para a consumação do crime de racismo. Vejamos os itens da jurisprudência do egrégio STF para considerar o crime de racismo: 1ª, intenção de dominação, 2ª, exploração, 3ª, escravização, 4ª, eliminação ou 5ª, supressão ou redução de direitos fundamentais do diferente. Piquet nada disso fez…

O próprio Tribunal de Justiça do Distrito Federal poderá reformar a sentença contra Piquet que teve viés político, pois o MM Juiz disse na decisão que o valor de R$ 5 milhões estava em conformidade com o patrimônio de Piquet; e justificou-se com a informação da doação pessoal de Piquet, ano passado, no valor de R$ 500 mil, para a campanha de um presidenciável. Detalhe: o Ministério Público pedia na ação R$ 10 milhões de indenização coletiva…

Nelson Piquet pode dormir tranquilo que a Justiça será em seu favor, mas recomendo a ida imediata dele ao divã para ressignificar suas falas, pois há nelas sentimentos de mágoas, mas que nada tem a ver com racismo.

Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

 

Escola Base

Nos próximos dias será lançado o documentário, “Escola Base — Um Repórter Enfrenta o Passado”, produzido pela GloboPlay que abordará o que é considerado o maior erro jornalístico dos últimos tempos devido ao escândalo, a falta do contraditório e o açodamento em “dar o furo” jornalístico. O caso da “Escola Base” aconteceu, em 1994, e os proprietários dessa escola infantil, Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, a professora Paula Milhim Alvarenga e o motorista da kombi da escola foram acusados de abusar sexualmente dos alunos menores de quatro anos. Semanas depois, após o escândalo na mídia, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) e as investigações policiais provaram que as acusações eram falsas e os acusados foram inocentados, mas o estrago já estava feito, a escola fechou, os inocentados continuaram a ser ameaçados de morte, tiveram suas reputações destruídas e foram à derrocada total. A mídia enaltece e denigre o sujeito com a mesma velocidade; e alegando o “direito à informação” comete crimes tão bárbaros quantos os que denuncia diariamente. Jornalismo com ética e imparcial para mim é o que ouve os dois lados e não acredita em nenhum...

Luís Olímpio Ferraz Melo

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Saturação

Hoje o controlador da Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, Mark Zuckerberg, anunciou a demissão de mais de 11 mil colaboradores alegando prejuízos financeiros devido à concorrência. Na semana passada, o sujeito mais rico do planeta e que adquiriu o Twitter, Elon Musk, demitiu 50% dos colaboradores dessa rede social, inclusive “sujeitos chaves” que atuavam na segurança digital e no desenvolvimento e também alegou prejuízos financeiros para justificar as demissões. As redes sociais surgiram para socializar o sujeito criando vínculos virtuais, compartilhar conhecimentos e informações, mas se transformou, nos últimos tempos, em tribuna de propagação de “fake news” e destilação de ódio, mas, mesmo assim, ainda há páginas imunes a esse vandalismo virtual. As mídias tradicionais, exemplo, Rede Globo e outras concessionárias, já estavam demitindo justificando prejuízo e dizendo que os anunciantes haviam migrado para as redes sociais, ou seja, há algo de errado acontecendo. Não será nenhuma surpresa para mim se essas redes sociais criarem assinaturas pagas e como muitos estão dependentes dessas mídias sociais, pagarão sorrindo sem questionar nada...

Luís Olímpio Ferraz Melo



Lições da eleição

As palavras que mais ouvi antes, durante e depois da eleição foram: fascistas, ladrão, corrupção, golpe, fraude e comunismo, porém desconfio que boa parte dos que citam o “fascismo” sequer sabem o que falam, pois esse é tema estudado por uma elite “de esquerda” que sempre está em oposição aos “de direita” que, segundo essa elite, é onde reside o fascismo. O fascismo foi criado em 23 de março de 1919 durante uma reunião liderada por Mussolini (1883-1945) em Milão, na Itália, com 119 participantes¹ e tinha como objeto se opor ao comunismo e pugnava o chauvinismo (nacionalismo) e a principal obra sobre o fascismo, “A personalidade totalitária”, foi publicada em 1950, pela “Escola de Frankfurt”. Os fascistas não aceitam os contrários e são totalitários com desejos infinitos de poder e usam discurso subliminar para alcançar seus objetivos. Na Alemanha, os fascistas se juntaram aos nazistas e fundaram o “nazifascismo”² no Regime do Vichy³ (1940-44) e os livros escolares foram modificados para enaltecer essas aberrações, bem como “criavam” inimigos imaginários. Mussolini criou a célebre frase: “Cuidado para não cairmos na armadilha fatal da coerência” ...

Luís Olímpio Ferraz Melo

Nota do autor: ¹essa assembleia, liderada por Mussolini, foi realizada no salão da “Aliança Industrial e Comercial”, nº 9, na Praça San Sepolcro, em Milão. ²essa é uma grande contradição do fascismo, pois eles defendem o nacionalismo, mas se juntaram aos alemães que são de outra cultura. ³Vichy era a então capital da França.

sábado, 9 de setembro de 2017

Recalque - Artigo - Diário do Nordeste



   O recalque é um sofrimento psíquico inconsciente que sempre retorna ao consciente em forma de atos falhos, sonhos, sintomas e chistes e é uma “fonte de desprazer”. Schopenhauer e Nietzsche já falavam em “recalque, mas foi Sigmund Freud (1856-1939) que conceituou o “recalque”: “Assim como desviamos o nosso olfato de objetos fétidos, também desviamos do pré-consciente e do consciente as lembranças.  É a isso que chamamos recalque”. Freud definiu três tempos do “recalque”: 1º, o recalque propriamente dito; 2º, o recalque originário; e o 3º, o retorno do recalcado nas formações do inconsciente.
   O sujeito “recalcado” age muitas vezes sem saber a razão de certas posturas suas que podem até causar-lhe vergonha, mas a explicação é que o material recalcado está retornando ao consciente, o que Freud denominou de: “O retorno do recalcado”. Todo sofrimento psíquico do sujeito fica armazenado no inconsciente (recalcado), mas o inconsciente não é todo preenchido somente de recalques. Nos comentários sobre o “recalque”, Freud escreveu: “O que foi esquecido não foi apagado”, pois o sujeito “visitará” sempre seu inconsciente em busca dessa fonte de desprazer que se não for devidamente trabalhada no divã, por meio da “cura pela fala”, o “recalque” será seu companheiro inseparável por toda a vida.
   Freud associou a “formação do sintoma” ao retorno do recalcado dizendo: “Não é o próprio recalque que produz formações substitutivas e sintomas, mas estes são os indícios de um retorno do recalcado”, daí nada ter a ver “recalque” com “inveja”, como, equivocadamente, vulgarmente se diz.
   


Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista 

domingo, 11 de junho de 2017

Convite enterro - Artigo - Diário do Poder

                                               
   A Justiça Eleitoral apareceu no Brasil após a revolução de 1930, mas a Constituição Federal de 1937, outorgada por Getulio Vargas, excluiu-a do Poder Judiciário. No período de 1937 a 1945 conhecido como Estado Novo, não houve eleições no Brasil. O Decreto-Lei n.º 7.586 de 1945, restabeleceu a Justiça Eleitoral no Brasil para felicidade dos que desejavam poder e prestígio, afinal, quem dava a última palavra após o sufrágio [voto] eram os juízes eleitorais.
   A competência da Justiça Eleitoral é atuar exclusivamente nas eleições, homologar os pedidos de candidaturas, as convenções dos partidos, fiscalizar e homologar as prestações de contas das campanhas, julgar recursos contra os abusos e fraudes e diplomar os eleitos. É bom lembrar que a Justiça Eleitoral custa por ano R$ 2 bilhões de reais ao erário e no Brasil as eleições se dão somente a cada dois anos...  
   A cada vacância nos Tribunais Eleitorais estaduais e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acontece uma verdadeira maratona de operadores do Direito mendigando aquela cadeira togada junto a políticos que, em tese, eles terão que julgar, se prometendo lealdade aos seus apoiadores.
   O julgamento na última sexta-feira da chapa “Dilma-Temer”, da eleição presidencial de 2014, ultrapassou o ridículo, pois ministros do TSE estavam visivelmente atuando como se advogados do presidente Temer fossem, ignorando provas criminais e antecipando seus votos para influenciar os demais, sem qualquer preocupação com a opinião pública.
   O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, não conseguiu esconder que estava trabalhando para que aquele julgamento histórico terminasse em “pizza”, o que pode sugerir que ele levou em consideração a sua antiga amizade com o presidente Temer...
   A Justiça Eleitoral sempre foi polêmica, não somente pelo alto custo e a sua composição por indicações políticas, mas também por ter dois pesos e duas medidas. No julgamento “Dilma-Temer” o TSE cometeu suicídio eleitoral...


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Elogio às mulheres - artigo - Diário do Poder


   A então primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, recebeu uma carta da trilionária multinacional Monsanto® criticando a postura dela por ter feito um jardim dedicado à agricultura biológica na Casa Branca. A Monsanto® argumentava que aquele jardim, no endereço mais importante dos EUA, poderia exortar os americanos a fazerem o mesmo e assim prejudicaria a indústria “alimentícia”, a venda dos agrotóxicos, bem como dos “alimentos” transgênicos.
   A Monsanto® é controlada pelo megaespeculador Georges Soros e é líder mundial na fabricação de agrotóxicos, bem como dos “alimentos” geneticamente modificados que, segundo cientistas sérios, causam câncer e controlam considerada parcela da proteína não animal na civilização, inclusive quase já não há mais a original “semente crioula” para a agricultura saudável.
   Ano passado, a Monsanto® fez fusão com a gigantesca farmacêutica alemã Bayer® para juntas tornarem-se líderes do mercado de sementes e químicos agrícolas, mas não avisaram aos consumidores que por trás do negócio continuava no controle o insensível George Soros que somente pensa em fatura e o resto que se dane.
   Há evidências de relações promiscua da Monsanto® com a indústria farmacêutica, o que pode sugerir que uma envenenará o sujeito; e a outra, venderá o remédio para o tratamento...
   A agricultura familiar orgânica é uma tendência que parece irreversível, daí o receio dessas gigantes multinacionais de perderem mercado e faturamento.
   Ao planejar e executar um jardim orgânico na Casa Branca, coisa que ninguém havia pensando antes, Michelle mostrou como as mulheres são inteligentes, pois enfrentou sozinha o forte lobby da Monsanto®, da indústria “alimentícia” e da farmacêutica sem desgastar o governo do seu esposo, Barack Obama.
   Não se sabe se Michelle respondeu a carta da Monsanto®, provavelmente, não, mas todos precisam tirar o chapéu para essa “jogada de mestre” de Michelle. Viva as mulheres!


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista