Meu novo livro: Novas abordagens

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terça-feira, 29 de abril de 2014

Imagine na Copa - artigo - OPOVO



   O jogo de futebol entre o time do Ceará e o do Sport de Recife, na decisão da Copa do Nordeste, no último dia 9 de abril, que terminou empatado em 1x1, no qual o Ceará teve que se contentar apenas com o vice-campeonato, teve um público recorde: 61 mil espectadores, segundo os organizadores do evento. No dia imediato a partida, a operadora da Arena Castelão divulgou que 130 cadeiras foram quebradas e outros atos de vandalismo que causaram avarias foram registrados.
   A rixa das torcidas adversárias antes, durante e após os jogos mostra que o futebol tem sido utilizado para se extravasar as pulsões de agressão e de dominação de alguns torcedores, pois até na linguagem futebolística veem-se essas pulsões. Os times possuem “capitão”, “artilheiro”; jogadas são “armadas”; há também a “morte súbita”, o “mata-mata”, o “mando de campo”, as “barreiras”, o “domínio” da bola, o “tiro de meta”, a “defesa e o ataque”; as “estratégias e táticas”; a “bomba” para designar um chute forte e os “gritos de guerra” das torcidas e dos jogadores.
Sigmund Freud (1856-1939) denominou de “narcisismo das pequenas diferenças” todo conflito entre grupos, como nas torcidas de futebol, pois no frigir dos ovos um quer ser melhor, mais forte e mais belo do que o outro. Não pense o leitor que esses torcedores violentos não sentem prazer quando estão brigando pelos seus times, depredando os estádios ou o que encontram pela frente, pois ninguém faz nada sem sentir prazer, salvo sob coação.
   A Copa do Mundo se aproxima, mas os torcedores cearenses estão longe do “Padrão Fifa” que não admite violência e/ou vandalismo antes, durante e depois dos jogos. Mas se nos jogos locais as torcidas já estão se digladiando sem limites, imagine durante a Copa, quando os holofotes da mídia estarão transmitindo para o resto do planeta as partidas. O que os “torcedores narcisistas cearenses” não serão capazes de fazer para extravasar as suas pulsões de agressividade e de dominação?


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista