Ontem o
Conselho de Segurança da ONU aprovou, com abstenção apenas dos EUA, único
aliado de Israel e que poderia ter vetado, Resolução proibindo Israel de
continuar o processo de ocupação na Palestina. Parece óbvia a Resolução da ONU,
mas o fato é que Israel não cumpre nenhuma Resolução daquele órgão
internacional, salvo quando é de seu interesse. O presidente dos EUA, Barack Obama,
estava incomodado com as sucessivas investidas de ocupações de Israel na
Palestina e alegava que elas eram obstáculo para o processo de Paz naquela
plaga, daí ter se abstido de votar ou vetar aquela Resolução.
O leitor
precisa saber que os judeus foram autorizados pela Resolução da ONU nº 181/1947
a ocupar 51% da Palestina, mas, na tomada de posse, em 1948, ocuparam 78%. Na
Guerra dos Seis Dias, em 1967, ocuparam mais 20% — a Resolução nº 242 da ONU daquele
ano, por unanimidade, inclusive com voto dos EUA, determinou que Israel
devolvesse imediatamente os territórios ocupados ilegalmente.
Várias foram
às tentativas de convivência pacífica na Palestina entre judeus, árabes e
palestinos muçulmanos, mas as reuniões de Acordos de Paz de Oslo I e II, Camp
David, Taba e Mapa da Estrada restaram infrutíferas por Israel não cumprir o
pactuado ou colocado obstáculos impossíveis de efetividade...
O processo de
Paz no Oriente Médio passa pelo cumprimento das Resoluções da ONU e Israel não
está isento de cumpri-las, pois se o discurso sionista de que os judeus somente
estariam seguros se tivessem um “Estado Judaico” hoje não encontra eco na
comunidade internacional. Não somente pelo descumprimento das Resoluções da
ONU, mas também pelo fato de dos 14 milhões de judeus existentes no mundo
apenas 5.640.000 (40%) residirem em Israel — os outros 60% dos judeus estariam
em perigo?
O Prêmio
Nobel da Paz, Barack Obama, encerra seu governo dando um presente de Natal em
prol da Paz mundial e vamos torcer para Israel cumprir essa salomônica Resolução
da ONU...
Luís Olímpio
Ferraz Melo é advogado e psicanalista