Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

sábado, 24 de janeiro de 2009

Estou acordado - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Estou acordado

Lévi-Strauss, antropólogo estruturalista francês da contemporaneidade, descobriu nas suas pesquisas sobre tribos indígenas em vários países, conjunto de normas não escritas que se preservavam em diferentes culturas, como se fossem formas inconscientes que moldavam o pensamento e o comportamento das hordas. O homem não tem tempo para pensar, e vive como se fosse robô, pois, desde que acorda até o término do dia, tem aquela rotina já devidamente programada, como se fosse relógio, mas faz-se necessário uma reprogramação mental. Sem perceber, o homem escravizou-se pelo consumismo desenfreado e pelos desejos materialistas e efêmeros ilimitados, acreditando, se os tiver, poderá concretizar a sua felicidade, mas quando perdem ou não realizam, sofrem. A ilusão é criação do homem e somos seres limitados e não é sábio e razoável alimentar desejos e sonhos ilimitados. Ao contrário do que muitos imaginam, o medo não pode ser considerado uma patologia, pois trata-se de instinto de proteção e de preservação da vida, inclusive tem-se observado que muitas vezes o aparente corajoso, ou valente, não passa de suicida inconsciente. A hipersensibilidade é ótima, mas, no mundo insensível em que vivemos, torna-se péssima, e as pessoas que têm emoções, sofrem com isto. O psicopata não esboça emoções, pois para ele é indiferente esse sentimento que ele não sabe distinguir e, ao contrário do hipersensível, a emoção causa sofrimento e deixa-os vulneráveis. Nem todo desejo é bom e saudável, pois há pessoas que desejam morrer e outras que consomem drogas sabendo que podem enlouquecer e terminar a vida num nosocômio. A essência humana é boa e até os sete anos de idade é possível fazer no sujeito implementações educacionais consideráveis que refletirão positivamente no caráter, temperamento e na ética por toda sua vida. Disse genial poeta: - Ainda que eu falasse a língua dos homens/ E falasse a língua do anjos, sem amor, eu nada seria. (...) Estou acordado e todos dormem/ Agora vejo em parte/ Mas então veremos face a face./ É só o amor, é só o amor/ Que conhece o que é verdade.
* Psicanalista

sábado, 17 de janeiro de 2009

Ainda há juiz no Brasil - Artigo - jornal O Estado

Ainda há juiz no Brasil

Luís Olímpio Ferraz Melo


No meio jurídico é comum lembrar a alegoria alemã em que se dizia que um pequeno proprietário possuía casa encravada no meio de terreno no qual o imperador da Alemanha pretendia construir um parque. O imperador convocou o humilde cidadão e tentou convencê-lo inutilmente a vender o seu imóvel. O imperador, sem lograr êxito, passa a usar da arrogância e a fazer ameaças de despejo ao singelo trabalhador.
Destemido, o cidadão não aceita as ameaças e fala que ingressará na Justiça, pois, segundo ele: - ainda existem juízes em Berlim. A confiança no Poder Judiciário é o pilar de qualquer democracia e o descrédito pode levar à derrocada toda uma nação, pois sem a garantia da efetiva aplicação da lei e do sacrossanto princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei, não há o que se falar em Justiça e democracia. O Brasil vem se notabilizando internacionalmente por questões relacionadas ao Judiciário e diante da pressão da opinião pública por moralidade e transparência, o Congresso Nacional acabou criando o Conselho Nacional de Justiça, órgão eclético que deveria controlar, fiscalizar e punir os que desonrassem a toga, mas o mesmo falhou e hoje virou apenas mais um órgão público como qualquer outro.
Neste momento o Brasil assiste atento ao desenrolar do caso do encrencado banqueiro Daniel Dantas, pois o eminente Juiz Federal de primeiro grau, Fausto Martin De Sanctis, além de condená-lo a 10 anos de prisão, deixou consignado na sua laboriosa sentença informações importantes que comprometem o presidente do egrégio Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes. Mendes concedeu em tempo recorde dois habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas, mostrando inequivocamente que tem interesse na causa, pois agiu com parcialidade, sem falar que tentou inutilmente coagir o digno Juiz Federal Fausto de Santis, o que causou o repúdio da insigne Associação dos Juízes Federais do Brasil e o doutor e empresário Gilmar Mendes recuou na sua estratégia arrogante e prepotente.
O Poder Judiciário é hermético e endógeno, pois somente mostra o que lhe interessa mostrar, mas a sociedade civil precisa saber quem são seus magistrados e também quem preside os tribunais brasileiros, pois a cada ocorrência dessa natureza, como a em epígrafe, o suspeito acaba arremessando toda a nobilíssima categoria dos magistrados ao crivo da opinião pública, o que desgasta por demais a classe. Os dignos magistrados brasileiros devem expurgar todas as células cancerígenas que ainda há na corporação, pois em assim não sendo, fica a impressão para opinião pública de que há metástase no Judiciário.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Imprensa mostra, mas não explica - Artigo - Observatório da Imprensa

FOGO SOBRE GAZA
Imprensa mostra, mas não explica
Luís Olímpio Ferraz Melo

A origem dos conflitos no Oriente Médio encontra-se nos livros ditos sagrados que são seguidos por bilhões de pessoas no mundo nas três principais religiões: judaísmo, cristianismo e islamismo. Não há prova cabal alguma do que se tem escrito nesses livros, pois os relatos, ambíguos e dúbios, podem ser, no máximo, prova circunstancial e de valor duvidoso e frágil, e Abraão, o patriarca de toda essa história religiosa mediana oriental, segundo renomados historiadores, nem sequer existiu. No conflito atual no Oriente Médio entre Israel e o grupo xiita islâmico Hamas, que domina a Faixa de Gaza, há dificuldade até de intelectuais e cientistas políticos explicá-lo.
Gaza fica numa região entre Israel e o Egito e a região da Palestina, que surgiu oficialmente em 1920, durante a criação do Mandato Britânico da Palestina, englobava a Jordânia, Israel e parte da Síria. O Hamas é grupo terrorista e todo terrorista é suicida, mas o terrorismo nunca foi nem será causa para se defender, pois quem assim age denuncia-se portador de distúrbio mental e cria para a humanidade uma situação impossível - ou seja, como punir um irrecuperável suicida?
Poderíamos até afirmar que os próprios soldados que "desejam" ir à guerra, são na verdade, suicidas em potencial, pois quem tem higidez mental não pensa ou deseja viver na iminência da morte. Se o homem pudesse escolher livremente, sem a influência de seus governantes e/ou líderes religiosos, se quer ou não ir à guerra, nunca mais haveria conflito no mundo, mas quem decide sempre, em última análise, são justamente os líderes religiosos e os governantes. Há no planeta Terra 217 países com o mesmo número de governantes e/ou líderes religiosos - em alguns países, o governante é também o líder religioso - para governar uma população de quase sete bilhões de pessoas e esses poucos governantes é que decidem o destino da humanidade.
O Estado de Israel - Israel significa: aquele que luta com Deus - foi fundado em 1948 e os índices de violência urbana são próximos de zero, mas há conflito político permanente, pois muitos não reconhecem Tel Aviv como a sua capital, é o único país do mundo com duas capitais - Tel Aviv e Jerusalém. Israel é aliado estratégico dos EUA no Oriente Médio e não é raro ver pelas ruas e avenidas de Israel, em qualquer época, homens, mulheres e adolescentes civis portando armas de grosso calibre como se a qualquer momento alguma guerra fosse ser deflagrada. Homens e mulheres israelenses têm por obrigação servir ao exército por três anos e mesmos após este período podem ser novamente convocados.
Sem a fenomenologia da percepção, poder-se-ia dizer que a questão é meramente religiosa, mas não é, pois há mais interesses obscuros por trás de todos esses conflitos. Observem, por exemplo, que a atual crise econômica anuncia um "rombo" de bilhões de dólares, mas é, no mínimo, contradição se gastar numa guerra inglória qualquer o mesmo valor, ou seja, a beligerância é mais importante do que o equilíbrio financeiro mundial e o bem-estar das pessoas e famílias. Não há justificativa plausível para guerra alguma. Onde estão as armas de destruição em massa que os EUA e a Inglaterra usaram na mídia como argumento para invadir e arrasar o Iraque? Abram a mente e os olhos...
Estive em Israel e no Egito e conversei com várias dezenas de judeus e muçulmanos - lá vivem apenas 20% de cristãos - e não identifiquei esse "ódio" generalizado propagado pela mídia, pois eles me diziam querer apenas cuidar de suas famílias, professar a sua fé e viver em paz - senti sinceridade nesses depoimentos. É preciso a imprensa explicar à humanidade os dois remédios para a cura dessas guerras: 1º - revogar, em caráter irretratável, todos esses livros ditos sagrados, pois são a gênese de todas as discórdias que equivocadamente são repassadas de gerações até hoje em dia; e o 2º - regra de ouro: abram seus corações, antes que algum cardiologista tenha que fazê-lo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Chamado do Universo - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Chamado do Universo


Se não temos condições de assumirmos compromissos com o universo, que condições terá o Universo de assumir compromissos conosco? Fazemos parte de forma microscópica, juntamente com outras trilionésimas partículas, do universo e temos que ter compromissos para com ele, pois é a nossa escola e morada. A teologia falhou, pois nunca explicou de forma cabal o inicio da vida e o sentido da mesma. Todos esses textos antigos ditos sagrados, são na verdade conhecimentos e devem ser lidos de forma imparcial e sem fanatismo. Charles Darwin, apesar de não ser inédita a sua teoria da evolução das espécies, vence com seus enunciados qualquer debate racional em relação à gênese do homem. O homem passa toda a sua vida iludido de que quando desencarnar irá encontrar algum deus ou esse ou aquele santo do qual foi devoto, mas nada disso é real e não há possibilidade alguma de ser verdadeira essa crença. Transformaram os antigos conhecimentos em mitos e quimeras num fantasioso e interminável “teatro grego”. Os livros bíblicos antigos não são conclusivos, pois dão margem para diversas interpretações e suspeitas. Não há sentido à vida se não pudermos ajudar as pessoas a vencerem os obstáculos que são inevitáveis na trajetória mundana. Não há nenhuma esperança de o mundo um dia viver em paz, enquanto o homem não reconhecer irmão do seu próximo. Ninguém sabe ainda quem são os “eleitos” ou “escolhidos” citados nos vetustos textos e nem tampouco quantos o são. Em cada ciclo de 12 mil anos o planeta Terra se renova quase que por completo e este fenômeno é oportunidade e chance para a formação de nova humanidade. Tudo isto que acontece agora - crise econômica, guerras, depressão, desespero, ansiedade, intolerância religiosa e desonestidade geral - já aconteceu outras vezes em outros formatos - isso não é adivinhação. Todas essas circunstâncias são fatos e fenômenos naturais que se repetem de tempos em tempos e não há verdadeiramente motivo para as pessoas se desesperarem, até porque, independente de como ocorra desta vez, todos nós retornaremos à Terra pelo fenômeno natural da reencarnação.
* Psicanalista