Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Alienação parental - artigo - Diário do Nordeste

Alienação parental


 
   O famoso programa Woman´s Hour da BBC de Londres, apresentou uma palestra no dia 3 de janeiro de 1955, em que uma madrasta visivelmente emocionada revelava ao vivo que não conseguia amar seu enteado que havia incorporado a sua família quando tinha 7 anos de idade. O relato dramático e o tema levaram os ouvintes a enviarem cartas à emissora contando outros relatos não menos dramáticos e pedindo que o tema fosse aprofundado. A BBC atendeu aos milhares de pedidos e realizou mais três programas no mesmo ano - em 6,7 e 9 de junho. A questão da alienação parental vem aparecendo recorrentemente nas famílias substitutas em desfavor da criança e do adolescente, pois a onda de separações/divórcios e de famílias substitutas com pais separados na contemporaneidade é uma realidade, mas é preciso entender o processo dessas mudanças na estrutura da família de forma mais ampla.
   Na Antiguidade, o pai tinha poder absoluto na família, mas foi no declínio do patriarcado que Freud construiu as estruturas da psicanálise, pois queria revalorizar a figura paterna e sabia da sua importância na formação do sujeito. A figura da mãe é também fundamental na formação da criança e é a ela que a criança recorre quando se sente aflita (Bowlby, 2001). As questões envolvendo família são delicadas e há quase sempre carga emocional visível nos pais separados que prejudicam a criação dos filhos e muitos estão agindo inconscientemente e usando seus filhos ou enteados como escudos para os seus medos e sofrimentos. É recorrente a queixa de tentativas de "lavagem cerebral" por pais em geral nos filhos legítimos e/ou enteados; ora querendo anular a figura paterna/materna, ora "criando" situações que não existiram. A lei federal nº 12.318, de 27/8/2010, que disciplina a questão da alienação parental, deveria ser lida por todos os pais legítimos separados ou substitutos, pois se disciplinou responsabilidades para os membros da família que não observarem a boa convivência e a proteção à criança e ao adolescente - o filho menor deverá sempre ser a prioridade para a lei e dentro da família.



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Por trás das revoluções - artigo - Observatório da imprensa

EXPLOSÃO ÁRABE

Por trás das revoluções



Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 22/2/2011


 

   É preciso ultrapassar o campo da sociologia e o da ciência política para compreender o que acontece neste momento no Oriente Médio, pois há evidência de orquestração nesses movimentos ditos revolucionários. Não é sábio acreditar que, de uma hora para outra, os egípcios se deram conta que Hosni Mubarak estava há três décadas no poder e que deveria cair para ser implantada a tão sonhada democracia. Esses regimes governamentais imperialistas fazem parte da cultura do mundo árabe e há outro item que merece reflexão: a religião tem mais poder do que o governo constituído. Ou seja, independente do regime de governo, é a religião que sempre tem a última palavra. O termo mais apropriado para classificar esses movimentos no Oriente Médio seria revolta, e não revolução, como sugerem os meios de comunicação. A maioria dessas pessoas que estão se "revoltando" contra os seus vetustos governantes nem sabe ao certo a razão do conflito e pode, sim, estar sendo manipulada por interesses obscuros.
   Os conflitos – ou revoltas – estão se espalhando e colocando o Oriente Médio no centro das atenções do mundo e não se pode prever como terminarão esses eventos. O discurso de todos os líderes desses movimentos é bastante conhecido e sedutor: a liberdade. Mas é intrigante, somente agora, perceberem que a liberdade – no sentido amplo da palavra – é a melhor coisa que possa existir numa sociedade.
   Por ocasião da "revolta" no Nepal, em que os nepaleses queriam derrubar a secular monarquia, perguntei a alguns nativos "revoltados" a razão daquele movimento. A resposta era lacônica: liberdade. No Tibete, procurei uma explicação oficial para a invasão chinesa na Revolução Cultural, em 1950, em que foram assassinados um milhão e duzentos mil inocentes e inofensivos tibetanos e a resposta confunde mais do que explica: foi para libertar o Tibete dos tibetanos (?).
   A rainha das Revoluções – a Francesa – fornece-nos elementos para a compreensão de como são arquitetados esses movimentos, pois a franco-maçonaria era que estava por trás da Revolução e a sua bandeira era a tão almejada liberdade de expressão e o fim da religião. O leitor não se espante em saber que Montesquieu, Kant, Rousseau, Voltaire, Karl Marx e outros tantos famosos eram maçons e usavam a sociedade secreta maçônica para articular a derrubada de governos autoritários, sugerindo desejar a construção de um governo único.
   Curiosamente, Hegel e Marx diziam que a história sempre se repete, sugerindo que possa existir uma articulação obscura por trás de todas essas "revoltas" no Oriente Médio sem que nem os "revoltados" saibam da teleologia desse movimento...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O espírito do Carnaval - artigo - OPOVO

O espírito do Carnaval


 

   O carnaval surgiu na cultura europeia para ser uma festa de protesto em que tudo seria permitido e o mundo ficaria naqueles dias “de cabeça para baixo”. As máscaras eram sempre utilizadas para garantir ao folião certa “invisibilidade” e assim ele poder extravasar seus desejos reprimidos. As máscaras demonstravam uma ironia, pois muitos usavam nessa festa, tida como pagã, a de padre, outros tantos se fantasiavam de magistrado para debochar da Justiça. Enfim, era no carnaval que se via de forma cômica a população se manifestando livremente. Até os animais entravam sem querer nas “brincadeiras” carnavalescas, pois cachorros eram arremessados de um lado para o outro e galos e galinhas espancados até a morte. O período momino é único para os que querem “mudar” de sexo e se fantasiar do sexo oposto sem serem discriminados, mas além do aspecto engraçado, muitos ultrapassam a brincadeira...
   A História registra na Europa Moderna as moças lançando das janelas de suas casas ovos, farinha e água nos foliões que desfilavam pelas ruas com as suas fantasias e acompanhados pelas músicas e marchinhas carnavalescas, sempre de duplo sentido. Carnaval tem a mesma raiz da palavra carne, daí a vinculação à “carnalidade ou ao sexo”, tanto o é, que no século XVI, na Alemanha, os açougueiros preparavam no carnaval salsichas que chegavam a pesar duzentos quilos para “simbolizar” na festa a carne e o pênis (sexo).
   Poder-se ia dizer, com alguma segurança, que os carnavalescos buscam no carnaval viver um período de impunidade legalizada, pois em sendo “tudo permitido”, logo após, segundo a tradição católica, vem a Quaresma, em que o sujeito se priva de tudo que abusou durante o carnaval – carne, sexo, álcool, drogas, palavrões, violência etc. – e se penitencia dos excessos cometidos.
   Na contemporaneidade, o carnaval foi deverasmente modificado, pois o espírito do carnaval era para ser somente diversão, críticas bem humoradas, confraternização, mas tem se transformado num campo de violência sem fim e de entrada para profundos conflitos psicológicos no sujeito.
   As antiquíssimas festas tradicionais religiosas comemorativas influenciaram no surgimento do carnaval, pois sempre houve desejo no homem de comemoração e de confraternização, mas o carnaval é a única festa em que o carnavalesco, após o término do período momino, já começa a pensar na próxima, sugerindo preferir os “infernais” dias carnavalescos, aos paradisíacos retiros espirituais que tanto bem fazem para o corpo e a alma.

 

Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Retorno à Bíblia - artigo - Diário do Nordeste

Retorno à Bíblia



 
Após o estudo da História cultural da civilização, retorno ao da Bíblia, pois me parece ser impossível dissociar um do outro. Perde tempo quem tentar anular o conhecimento e o uso da Bíblia, pois há conteúdo psicológico nela e necessário ao sujeito. No entanto, várias passagens bíblicas jamais poderão ser comprovadas, pois não há provas materiais – apenas circunstanciais. Embora existam evidências de que toda a história bíblica é exagerada, não há como negar a sua importância na civilização. As parábolas do Novo Testamento são atemporais e educativas e a linguagem bíblica está estruturada na mente humana de forma irreversível. Há conteúdo de moral e de esperança para a civilização, talvez esses elementos tenham sido ignorados pelos que desejaram em vão “revogar” a Bíblia. Expurgando as quimeras dos textos bíblicos, encontraremos certamente um conhecimento milenar e necessário à civilização. Dentre todos os calendários, o mais reconhecido e usado no planeta é o cristão, sugerindo ser o Cristianismo a doutrina mais aceita e universalizada. No importantíssimo período do Renascimento, os temas pintados e mais recorrentes na arte foram as passagens bíblicas, aparentando ser a Bíblia de suma relevância. Leonardo da Vinci, o homem universal, pintou maravilhosas e enigmáticas passagens bíblicas, exemplo: A Última Ceia. Poder-se-ia dizer, com alguma segurança, que sem a Bíblia não teria acontecido o Renascimento na Europa. Maquiavel, mesmo frio e calculista, veja só, usava citações bíblicas em suas cartas; e o bilionário banqueiro americano J. P Morgan adorava colecionar bíblias antigas – quem diria. Os Iluministas retiraram do calendário o “domingo” e destruíram as igrejas para as pessoas não irem à missa ouvir os sermões, mas não houve êxito. São muito fortes algumas passagens bíblicas e ninguém conseguirá apagar a Bíblia. “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como um bronze sonante; e um címbalo retumbante”. 1ª epístola de Paulo aos Coríntios; “O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não hão de passar”. Mateus, 24:35...

 
Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O sexo na cultura - artigo - Diário do Nordeste

O sexo na cultura

 

Vênus, a deusa do amor na mitologia grega, influencia toda a civilização, mas as pessoas confundem amor com sexo. O desejo sexual no sujeito pode levá-lo a progredir, mas descontrolado, poderá destruí-lo... No Tibete, é possível que seja o local em que há mais homens solteiros no planeta, mas as moças casamenteiras não devem se assanhar e ir logo arrumando as malas, pois os tibetanos não priorizam o sexo e usam-no principalmente para a reprodução, pois a sua religião ensina-os a sublimar o desejo sexual e assim, segundo eles, evoluírem espiritualmente. O sexo tem sido sempre um tabu na sociedade que não abre o debate e fica se posicionando como moralista sem sê-la. Freud dizia que os órgãos sexuais não tinham beleza alguma, pois, segundo ele, o que causa a atração é algo acessório - o magnetismo. Na Rússia, e ainda hoje na Índia, há seitas religiosas que castram os seus seguidores sugerindo ser o sexo para eles algo "sujo" e/ou "pecaminoso". A siririca, que vem de sirigaita, ou seja, moça buliçosa e desenrolada, é o nome dado à masturbação feminina, assim como a punheta é a masculina. Há na literatura especializada vários alertas sobre o perigo da masturbação masculina, inclusive podendo levar o sujeito a transtornos mentais; já na mulher, fora a queixa de remorso, não se identificou ainda danos físicos na siririca. Em Amsterdam, no museu do sexo, encontra-se grande contribuição para se estudar a História Cultural do sexo na Europa, pois há originais de cintos de castidade, consolos, roupas de fantasias sexuais, livros e panfletos pornográficos, etc.; e na Rua da Luz Vermelha (Street of Red Light), mulheres novas e bonitas ficam expostas diuturnamente em vitrines somente com as roupas íntimas seduzindo e esperando a clientela abonada se chegar para usufruir de seus serviços sexuais. Nos países de cultura muçulmana, a relação sexual fora do casamento é tida como ilegítima por conta da tradição da virgindade e a mulher pode não casar se for desvirginada antes do casamento. Porém, algumas moças muçulmanas permitem o sexo anal, oral e/ou manual, mas vaginal, nem pensar.



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Pais separados - artigo - OPOVO

   Freud construiu as bases da psicanálise em meio ao declínio do patriarcado e quis revalorizá-lo ressuscitando a função paterna; Lacan teorizou o importante conceito psicanalítico O Nome do Pai, inspirado no seu drama pessoal de pai e na importância da figura paterna na formação do filho. O pai ou a mãe substituto só denuncia que algo está em aberto quando não se relaciona com os legítimos ou vice-versa. Os pais separados e os substitutos devem agir com honestidade e lealdade mútua para não prejudicar a formação da criança e o relacionamento na família. O pai ou a mãe substituta e/ou os legítimos não podem usar a criança como escudo para seus sofrimentos inconscientes, pois muitos dos conflitos entre pais separados encontram-se em medos, pois elegem como ameaça real o Outro.
    Os pais separados devem respeitar os limites da convivência com o filho para não prejudicar o novo relacionamento de seu ex cônjuge e assim, poder refletir na criança.
    A lei federal nº 12.318, de 27/8/2010, que disciplina a questão da alienação parental, deveria ser lida por todos os pais legítimos separados e também pelos substitutos, pois se encontrou no Direito, soluções jurídicas para as questões da delicada relação entre pais separados que, até então, era tratada com pouca eficácia e efetividade.
    A lavagem cerebral, doutrinada na nova lei, muitas vezes acontece de forma sutil e aparentemente inofensiva. As questões envolvendo famílias precisam mais de acompanhamento psicológico e conversa amigável do que de processos judiciais.

Luís Olímpio Ferraz Melo - advogado e psicanalista

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sobre o Judaísmo - artigo - Diário do Nordeste

Sobre o Judaísmo

 

O ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, o gigante escritor cearense Gustavo Barroso, precisa ter a sua obra reabilitada, pois não há mentiras nela; apenas tratou sem tempero um tema delicado - o Judaísmo - que precisa de compreensão e de amor. O bilionário industrial Henry Ford teve que comprar um jornal impresso - Dearborn Independent - para escrever sobre a questão judaica nos EUA, por conta do domínio judaico na imprensa americana. Ford equivocou-se ao ultrapassar o campo da análise dos fatos; e aceitou "homenagem" de Hitler. Porém, deve-se fazer justiça e dizer que até o Novo Testamento já foi acusado pela mídia de influência judaica de ser antissemita.
A mídia sofre forte influência da comunidade judaica por conta de seus capitais acionários na imprensa mundial e somente publica notícias favoráveis ao povo Judeu. A doutrina sionista preocupa-se com a segurança dos judeus, mas não é razoável e justo abrir várias frentes de batalhas para fundar Estado na Palestina onde já vivem outros povos. As duas concentrações de judeus hoje no mundo estão justamente em Israel e em Nova Iorque, nos EUA, onde dominam a Bolsa de Valores. Ninguém pode cair na armadilha de aderir ao antissemitismo, pois a questão judaica existe, mas não é sendo contra o semitismo que se resolverá. Houve épocas na Europa e nos EUA em que era quase um "crime" publicar a palavra "judeu", até se tentava tergiversar usando, "hebreu" ou "israelita", como eufemismo.
A comunidade judaica tem como plano dominar o planeta e governá-lo de Israel e usa o poder financeiro, os conhecimentos antigos e as sociedades secretas para tanto - o perdão e o esclarecimento à civilização serão a melhor maneira de solucionar a questão judaica. É recorrente na psicanálise o estudo do "ódio de si do judeu", pois não gostam de assim sê-lo e numa análise, digo que, em tese, esse desejo judaico de dominação é inconsciente e está ligado aos dois milênios de perseguição sofridos pelos judeus no mundo, mas que pode ser resolvido sem qualquer preconceito e/ou violência, ou seja, na santa paz. Afinal, somos todos irmãos.



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista