Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

domingo, 27 de novembro de 2011

Tratado de Versalhes - artigo - Diário do Nordeste

Tido, muitas vezes, como o estopim para a ascensão do Nazismo de Hitler e supostamente o motivo principal da II Grande Guerra, o polêmico Tratado de Versalhes, guarda suas contradições. Assinado na Galeria dos Espelhos do Castelo de Versalhes, na França, em 28 de junho de 1919, num simbolismo de vingança, pois 48 anos antes, naquele mesmo local, havia sido proclamado o Império Alemão. O Tratado de Versalhes - houve outros no final da I Guerra e foram chamados de "tratados da periferia parisiense" -, foi para pôr fim à I Grande Guerra e assim os países selarem a paz mundial. A Alemanha foi condenada a pagar 132 bilhões de marcos-ouro, mas somente depositaria próximos de 23 bilhões, inclusive, o pagamento era para ser parcelado em 59 anos - até 1988 -, e foi na Conferência de Lausanne, em junho-julho de 1932, que a Alemanha alegou colapso econômico e não mais pagou a dívida. O Tratado de Versalhes e demais não visaram somente reparações monetárias, mas também, territoriais, o que fez o território alemão ser reduzido drasticamente e o povo alemão comer "o pão que o diabo amassou" com crises econômicas e hiperinflação por conta das altas parcelas da dívida contraída involuntariamente. De tão escandaloso, arbitrário e impraticável, o Senado americano não corroborou o Tratado de Versalhes e os valores da condenação acabaram levando a Alemanha à derrocada, pois, além de destruída, tinha que pagar essa dívida impagável - uma comissão independente de investigação composta por notáveis, talvez mudasse completamente a história das duas Grandes Guerras. O sociólogo alemão Max Weber usou o seu prestígio e credibilidade intelectual para sugerir que foi a Rússia, e não a Alemanha, a provocadora da I Guerra Mundial, inclusive fundou em fevereiro de 1919, a "Associação para uma Política do Direito" para que o estudo das origens do conflito fosse proclamado para a opinião pública. A História é escrita pelos vencedores que se apropriam da verdade para manipulá-la em seu favor, exemplo: a criação do mito do Hitler sanguinário e o do mega terrorista Osama Bin Laden...



Luís Olímpio Ferraz Melo é Psicanalista

domingo, 13 de novembro de 2011

O bondoso Maomé - artigo - Diário do Nordeste

Há mais de uma versão dos ensinamentos - Sunna, em árabe - do profeta Maomé, mas algumas estão em contradição ao que desejou esse homem iluminado. Maomé foi homem de poucas letras e por quase cem anos os seus ensinamentos eram transmitidos apenas na forma oral. Não é razoável acreditar que alguém que recebeu a honra de conversar com o anjo Gabriel, segundo a tradição muçulmana, possa não ter o coração puro. A cultura da infibulação e da excisão, por exemplo, é anterior à religião islâmica, daí não ser obra sua essas crueldades para com as mulheres muçulmanas. O apedrejamento, ou lapidação, como forma de punição a diversos crimes, especialmente o adultério, incorporou-se à cultura muçulmana no "rito da lapidação de Satã", em Mina - etapa da peregrinação à Meca, onde o diabo é representado e apedrejado num monumento de 18 metros. No Alcorão, há até a possibilidade do perdão para os adúlteros, se houver o arrependimento, mas a cultura machista dos países muçulmanos ignora essa hipótese. A religião islâmica é a que mais cresce no planeta, mas a cultura muçulmana tem trazido problemas para muitos que residem em países não muçulmanos, pois muitas das tradições islâmicas são consideradas crimes nessas plagas, exemplo: a infibulação e a excisão nas mulheres e o apedrejamento no adultério são crimes comuns na Europa e nos EUA. A cultura tribal dos muçulmanos se sobrepõe às leis e a autoridade religiosa tem mais poder do que o governante e pode decidir sobre a vida ou a morte de alguém. A imagem da religião islâmica assusta a opinião pública, mas Maomé ensinou aos seus seguidores amar ao próximo e a união de seu povo. Maomé jamais teria alcançado a liderança plena se não fosse humano e de bom coração, porém, deve-se reconhecer que há antinomia no ensinamento maometano original e na jurisprudência - Figh, em árabe. É mentira a generalização que a grande mídia faz dos muçulmanos tratando-os como terroristas, pois são, na sua maioria, pessoas boas, porém, no caminho diferente do ensinado e desejado por Maomé.



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

sábado, 12 de novembro de 2011

A cultura da superstição - artigo - OPOVO/Espiritualidade


   A civilização cultua a superstição desde seu início e uma vez inserida na cultura é retransmitida por gerações que a têm como algo válido, mesmo que não haja qualquer fundamento ou base científica. A tradição religiosa mais antiga de que se tem notícia é o xamanismo que surgiu na Sibéria há 40 mil anos e tem toda uma sistematização de superstições, amuletos e rituais religiosos. A Astrologia é estudada desde a Antiguidade e a data da fundação de Roma, 21 de abril de 753 a.C, foi determinada pelo sábio e antiquário Marco Terêncio Varrão (116-27 a.C) que seguiu a sugestão do astrólogo Lúcio Tarúcio de Fermo.
   No Egito antigo, praticava-se a magia negra e os bonecos de “vudu” faziam parte desse ritual e eram vendidos no mercado, como se fosse algo natural e rotineiro. Na Europa moderna, ante e pós-Inquisição, a feitiçaria era temida, e muitas mulheres, tidas como bruxas, viraram cinzas nas fogueiras inquisitórias — a mais famosa foi a jovem Joana D´arc. Porém, algumas mulheres europeias se diziam feiticeiras, sem sê-las, para serem temidas e assim “segurar” a língua afiada dos vizinhos que calavam temendo alguma maldição em suas vidas. Na contemporaneidade, ainda se vê culturas preservando suas superstições e crenças sem qualquer lógica — nem tudo que é lógico é verdadeiro, mas tem que ser racional —, como se fosse uma ação inconsciente, exemplo: passar por debaixo de escada, dizem que dá azar; quebrar espelho também. Nos EUA, alguns edifícios não “têm” o 13º andar por pura superstição; pessoas usam roupas de certas cores em determinadas ocasiões, acreditando que podem atrair a sorte. Muitas autoridades recorrem aos astrólogos e cartomantes para se orientarem, mas o curioso é que, mesmo quando as previsões não se consumam, eles continuam acreditando piamente naquilo — as moças casamenteiras morrem de medo de que passem a vassoura sob os seus pés, pois, segundo a superstição, não casam.
   Até o século XVIII, na Europa, os reis eram conhecidos por taumaturgos, ou seja, teriam supostamente o poder de cura, e aplicavam o “toque real” nos súditos, mas descobriu-se que nem todos que os procuravam para o toque estavam doentes e que os que se curavam era por conta da imposição das mãos que, conhecemos por magnetismo animal. Porém, os que não conseguiam a cura continuavam, mesmo assim, acreditando que os poderes dos reis eram divinos. Alguns dizem, com fino humor, que se a superstição de usar ferraduras para ter sorte fosse verdadeira, burro não carregaria peso.
Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista.

A psicanálise e a formação das crianças e adolescentes - artigo - OPOVO

   Foi na antiga Grécia que se estruturou o conflito pelo qual todas as pessoas passam: o complexo de Édipo, em que a tragédia humana é explicada num mito que não envelhece com o passar do tempo. Sigmund Freud reivindicou a redescoberta do mito do Édipo e se reconheceu na imagem mitológica do Édipo rejeitado e longe dos pais biológico e deu-lhe tamanha importância que hoje não se consegue imaginar a psicanálise sem essa significativa contribuição.
   Os problemas humanos e as questões familiares ainda são quase os mesmos desde a época do Édipo, mas com o fenômeno do declínio do patriarcado, a psicanálise ganhou lugar de destaque na civilização e foi estruturada por Freud numa tentativa de revalorizar a figura paterna, pois Freud sabia do valor do pai na formação do sujeito. Jacques Lacan, outro gigante psicanalista, teorizou o importante conceito psicanalítico “O Nome do Pai”, inspirado no seu drama pessoal de pai e na insubstituível figura paterna na formação do filho.
   A mãe exerce uma função nobilíssima na família e na formação da criança, que tem até a idade de sete anos para estruturar a sua personalidade e definir o seu perfil psicológico. Na contemporaneidade, a separação e o divórcio tornaram-se recorrentes na família, e não se pode negar que provoca conflitos nos filhos o rompimento do laço familiar original. Nas famílias substitutas, tem-se encontrado o fenômeno da alienação parental; ora consciente, ora inconsciente.
   A alienação parental é uma manipulação mental – ou lavagem cerebral – no filho e é prejudicial à formação da criança e do adolescente, pois nela um dos cônjuges – geralmente o que detém a guarda, que é a mãe – tenta anular a figura paterna, mas também, em pequena escala, o contrário é possível. A mulher na separação quase sempre sente-se abandonada e/ou rejeitada e pode despertar desejos inconscientes de vingança, facilitando assim a prática da alienação parental no filho com a tentativa de anular ou negativar a imagem paterna.
   O pouco tempo que o genitor dispõe para ficar com o filho menor tem sido outro fator favorável à alienação parental, mas hoje há o remédio jurídico da guarda compartilhada, em que os pais podem dividir o tempo de convivência com o filho atenuando ou mesmo anulando as tentativas da lamentável alienação parental.
   A lei federal nº 12.318, de 27/8/2010, que disciplina a questão da alienação parental, deve ser lida por todos os pais legítimos separados e também pelos substitutos, pois esclarece essa delicada questão familiar tão presente nas famílias substitutas. As questões envolvendo famílias são sempre complexas e os pais legítimos devem eleger como prioridade a formação salutar do filho, deixando assim de lado, qualquer outro sentimento que não seja favorável ao seu rebento.


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista