Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

domingo, 28 de junho de 2009

Suicídio explícito - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Suicídio explícito

A vida não é céu de brigadeiro, mas nada justifica o suicídio. Em determinadas fases da vida o sujeito pensa em desistir do viver, como se a vida fosse uma maratona e o maratonista sente-se cansado no meio do trajeto. Isto é normal, mas alimentar a idéia fixa de suicídio constitui processo obsessivo dos mais delicados e que merece a atenção de toda a sociedade e todas as religiões repudiam o suicídio. O sujeito começa inocentemente a alimentar na mente a idéia suicida e esta começa a ganhar dimensão que foge ao controle e quando menos se espera acontece o malfadado ato. Extrai-se das cartas e bilhetes deixados pelos suicidas – apenas 25% escrevem – um intenso sofrimento e total desilusão pela vida, acreditando que encontrarão na morte a felicidade, mas não é sábio e razoável embarcar para continente desconhecido deixando questões em aberto. Há neste momento milhares de pessoas equivocadamente pensando em cometer o suicídio e sabendo desses pormenores – ou maiores – somente cometerão se quiserem e devem assumir o risco e a responsabilidade das conseqüências do ato egoístico, pois causará por gerações reflexos nada nobres para sua família e a sociedade. O sofrimento é inevitável, mas pode ser superado por diversos meios, pois este faz parte da condição humana e sem o sofrimento nada aprenderíamos e seriamos eternamente imaturos. Toda mudança, até as positivas, causa desconforto e apreensão na mente humana, mas devemos aprender a lidar com essas questões sem alimentar idéias extremistas e equivocadas. As desilusões afetivas têm arrastado milhares de pessoas ainda hoje ao suicídio, mas se tivessem abandonado as ilusões e lembrado que somos seres humanos e imperfeitos, dificilmente haveria suicídio nessa delicada seara. Antes não se falava de suicídio claramente com receio de que novos casos acontecessem, mas deve-se sim falar e abertamente, pois, em última análise, o esclarecimento tem salvado muitas vidas por conta da falta de alguém que grite e diga para todos que o suicídio é a pior de todas as “estratégias” que possam existir para se estancar o sofrimento humano.
* Psicanalista

sábado, 13 de junho de 2009

Quem avisa amigo é - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Quem avisa amigo é

Nestes dias sombrios em que experimenta a humanidade, nada mais sábio do que rever situações para que não haja repetições no futuro de fatos negativos que podem verdadeiramente ser evitado. A quase totalidade das pessoas está presa ao passado e isto é péssimo, pois fica remoendo situações que não poderão mais ser modificadas e alimentando sentimento de culpa, ódios e remorsos que, em ultima análise, causam desconforto e males à saúde física e mental do sujeito.Todas as pessoas acometidas de transtornos mentais, de uma forma ou de outra, queixam-se de sentir-se culpadas até por fatos que nada tem a ver com elas. As pessoas potencializam e chegam a glorificar fatos negativos que aconteceram no passado, mas não fazem o mesmo com os positivos, quando chegam até a anular estes. O mundo não é perfeito, as pessoas também não o são, portanto, não é sábio buscar a perfeição nas coisas e nas pessoas. Nada mais cruel e sem sentido do que a consciência de culpa, pois alguém sentir-se culpado de algo nada resolve e acaba sendo tortura mental – obsessão. Ninguém nasce com “manual” de como não errar na vida e esta é desafio para todos. Não é qualquer vantagem para quem quer que seja alimentar ódio e sede de vingança no coração. Não há atitude mais sábia neste momento do que se livrar do passado, independente do que tenha acontecido. Não é sem causa que os livros antigos falam no perdão e na necessidade da reconciliação dos semelhantes – corre e reconcilia com o teu inimigo, enquanto o tem no teu caminho. Deve-se olhar para frente e abandonar o passado e ter-lhe como algo que foi importante para se chegar até aqui, mas que importância e valor algum tem mais. A regra fundamental e inexorável na vida é saber viver sem a prisão do passado, para se ser livre é preciso desistir do que se passou. Decepções todos têm, mas para nada serve mantê-las, salvo para ilustrar o livro da vida no capitulo das experiências. Quem consegui se libertar do passado e perdoar a tudo e a todos, adentra no caminho da grande libertação. Lembre-se do sábio e antigo ensinamento: quem avisa, amigo é.
* Psicanalista