Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O risco mínimo - artigo - Observatório da imprensa


MÍDIA & TERRORISMO
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O risco mínimo
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Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 29/12/2009
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Em maio de 2005, quando houve o violento atentado à bomba ao lado do hotel Sheraton, na cidade de curda, no Iraque, eu estava na Nova Zelândia, ou seja, a quase 16 mil quilômetros, mas não consegui me livrar mentalmente das imagens exaustivamente "glorificadas" e reproduzidas repetidas vezes em quase todos os canais de televisão neozelandeses durante aquele malfadado dia. Os comentários na cidade resumiam-se naquele dia ao atentado e a sensação que tinha é que algo análogo poderia acontecer a qualquer momento.
No ano de 2007, viajei para começar a conhecer o Oriente Médio e tentar entender a lógica daquelas guerras seculares e o terrorismo. Em Israel, país tradicionalmente envolvido em conflitos bélicos, para minha surpresa descobri que a violência urbana era próxima de zero e o único risco em solo israelense era o perigo iminente de uma guerra entre países limítrofes àquela plaga. Estabeleci como estratégia que não deixaria me influenciar pelas notícias e o sensacionalismo reproduzido pela mídia e assim poderia analisar melhor e sem qualquer elemento estranho ao que estivesse observando. Portanto, não assisti telejornalismos, não li jornais e/ou programas de rádio e internet durante este período. Durante todas as minhas idas e vindas ao Oriente Médio, não senti qualquer ansiedade e/ou medo de possíveis atentados terroristas divulgados e alardeados pelos governos sob as bênçãos da mídia internacional.
No Egito, há algo impressionante, pois fora da capital, o Cairo, os visitantes somente podem ir a alguns locais em comboios do exército e da polícia que partem pela madrugada e retornam ao cair da noite, pois para eles o "risco" de atentados é iminente e a tensão é indisfarçável. Conversei com várias dezenas de turistas e eles me diziam que estavam, sim, ansiosos e receosos de algum atentado terrorista e estes sintomas já duravam alguns dias antes mesmo do embarque da viagem. Depois destes eventos comecei a desconfiar, com provas cabais, de que fatores externos – mídia – tinham forte influência no estado emocional das pessoas e, nas devidas proporções, os noticiosos locais em cada país que destacavam as cenas de violência urbana e tragédias acabavam, sem saber, contribuindo para o aumento da violência e produziam ansiedade e melancolia nas pessoas.
Estou hoje convencido de que a possibilidade de alguém morrer num atentado terrorista é infinitamente menor do que num acidente de trânsito. Não há coincidência, pois há interesses obscuros na divulgação desproporcional e "glorificada" pela mídia da violência, atentados terroristas e de outras tragédias.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Convite para o lançamento do meu novo livro - INÉDITOS


INÉDITOS é revelador e vai auxiliar na mudança positiva do pensamento humano.
Lançamento: 14 de janeiro, quinta-feira, às 19h e 30 min - Oboé cultural - Rua Maria Tomásia, nº 531 - Aldeota - Fortaleza - Ceará - Brasil.
Apresentação do livro e do autor: professor Harbans Lal Arora, Ph.D em física quântica

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Absurdo supremo - Artigo - Observatório da imprensa


STF vs. ESTADÃO
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Absurdo supremo
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Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 22/12/2009
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Recentemente o egrégio Supremo Tribunal Federal deu-nos uma lição de que a liberdade de expressão é relativa e pode ser controlada de forma preventiva, mesmo a Constituição Federal garantindo expressamente a sua ampla e ilimitada existência. O argumento utilizado pelo STF de que a ação impetrada pelo jornal O Estado de S. Paulo era inadequada não encontra égide na doutrina e na jurisprudência dos tribunais brasileiro, pois se quisesse o STF poderia ter aplicado o sacrossanto princípio da fungibilidade e julgaria o mérito da questão – a liberdade de expressão – e não a mera formalidade processual, mas é cediço no Direito que os tribunais judiciais são órgãos colegiados políticos e assim julgam as ações que lá deságuam.
A liberdade de expressão é um direito inegociável conquistado a duras penas e a civilização não pode abrir mão desse tesouro democrático que controla as instituições e a sociedade. Sociedade civil com o direito castrado de livre expressão é sociedade afásica e sem poder apontar as contradições dos governantes e demais autoridades. Num país onde os políticos têm imunidade parlamentar ampla, geral e irrestrita e que a usam para tudo, pois deveria ser somente para a proteção processual de sua fala, mas aqui ela impede até as condenações por corrupção e as prisões sem o flagrante delito, faz-se necessária a liberdade de expressão para garantir alguma transparência.
O totalitarismo começa assim: primeiro retiram "legalmente" a liberdade de expressão alegando erros insanáveis na ação e/ou iminente perigo de dano à imagem e usam a desarticulação da sociedade civil para tolher-lhes os outros direitos e as garantias constitucionais.
Outro ponto que passa desapercebido é que a imprensa trata essa questão como fato isolado e não dá o devido e merecido destaque a essa decisão política e antijurídica do STF em favor da elite e do clã Sarney. Não há outra decisão análoga a esta contra O Estado em que figure como vítima alguém da classe menos favorecida, ou seja, a proteção dada a Fernando Sarney, filho do ex-presidente da República e atual presidente do Senado Federal, José Sarney, é uma suprema decisão de exceção.
É possível que o jornal O Estado ainda seja vítima de uma eventual ação de reparação de dano moral impetrada pelo Fernando Sarney, alegando que teve a sua vida privada invadida e esmiuçada mesmo sendo acusado de graves crimes contra o erário.
O egrégio Supremo Tribunal Federal faz pouco caso da liberdade de expressão e desafia a inteligência do povo brasileiro, mas hora dessas vai acabar sendo pelo povo declarado inconstitucional...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Lendas himalianas - Artigo - Diário do Nordeste

Lendas himalianas
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20/12/2009
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O abominável homem das neves, que viveria nas montanhas do Himalaia, não existiu; mas há quem acredite nele. As crenças, lendas, rituais e mitos levam a civilização a viver de ilusões, por exemplo, todo sábado no Nepal há o ritual do sacrifício do animal, onde os nepalenses levam seus animais para degola, sob a promessa divina de que agindo assim terão saúde e dinheiro, mas o Nepal é paupérrimo.O Tibete tem se notabilizado pelas historietas mirabolantes que saem de lá, pois sendo local de difícil acesso, quem volta dá a versão que bem entende, mas nem sempre é próxima da verdade. O atual Dalai Lama não é egresso da tradição lamista que durou até 1924 com a morte do 13º Dalai Lama, ou seja, o 14º, seria genérico, mas mesmo assim muitos acreditam na sua santidade. Impressiona os suntuosos templos tibetanos que são repletos de dinheiro espalhado pelo chão e imagens esculpidas em ouro; talvez esses deuses e santos sejam carentes de adoração eterna e gostem também de uma granazinha.Todo o ano, no mês de maio, acontece o festival do Wesak, onde relatam suposta aparição do espírito do Buda no deserto de Gobi, mas os depoimentos fogem do razoável e beiram à alucinação e na dúvida e sem prova mínima alguma, é prudente e sábio, não acreditar.Os Sai Babas na Índia, que alguns acreditam serem deuses, criaram mitos e lendas absurdas de santidade e de milagres que nunca existiram e não há um só milagre operado na Índia, salvo o da ignorância que sobrevive até hoje de forma milagrosa. O povo na Índia é humilde, honesto e devotado, mas é explorado com crenças absurdas, adoração a animais ditos sagrados e a devoção a milhares de deuses que jamais existiram. As crenças e as lendas são alimentadas pelo imaginário popular e de tanto repetir as historietas ditas santas, mas que nunca existiram, acabam virando "verdade".O fanatismo leva o sujeito ao extremismo e a ver no outro um opositor se não for de sua corrente religiosa.Alguns grupos mais afetados mentalmente chegam a se mutilar, castrando-se, outros tantos praticam o autoflagelo, como punição pelos pecados que não cometeram.
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LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é Psicanalista

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Magistratura e população pedem socorro - Artigo - O GLOBO e Observatório da imprensa

Magistratura e população pedem socorro

Publicada em 26/11/2009 às 13h52m

O artigo da eminente e corajosa ministra do egrégio Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, "Magistratura pede socorro" , publicado neste dia 24 de novembro em O GLOBO, merece o apoio e o respeito de toda sociedade civil, pois pela primeira vez na história republicana brasileira uma autoridade judicial insurge-se contra seu próprio Tribunal, mostrando fatos que são de conhecimentos de todos os operadores do Direito, mas que não conseguem chegar às redações dos veículos de comunicação devido ao poderio de fogo dos ministros que estão praticando e desonrando toda a magistratura.
Os magistrados e suas respectivas associações classistas estão acuados e com medo de meter o bedelho, pois sabem que os ministros apontados são reconhecidamente vingativos e agem nos bastidores e podem persegui-los e até alijá-los da magistratura. Outro fato que escandaliza mais ainda é que o Conselho Nacional de Justiça, que tem o dever e a obrigação constitucional de fiscalizar e punir desvios no Judiciário, silenciou e ninguém se indignou.
O egrégio Supremo Tribunal Federal não precisaria ser provocado para investigar e por ordem no egrégio Superior Tribunal de Justiça, pois é questão de sobrevivência e de resguardar a honra dos ministros, mas o STF não tem força e nem tampouco animus para apurar coisa alguma dos deslizes cometidos pelos tribunais judiciais.
A sociedade civil está em perigo e também pede socorro, pois não há uma só pessoa que ainda acredite na Justiça. Logo lá, que era para ser a última trincheira da população, mas os tribunais parecem mais "armadilhas" e as denúncias são por demais graves. O egrégio Superior Tribunal de Justiça se notabiliza pelos escândalos que vão desde o superfaturamento na construção do edifício sede até as operações da Polícia Federal, conjuntamente com o Ministério Público Federal, onde ministros foram pilhados cometendo supostamente crimes que envergonham toda a magistratura e a sociedade civil. Destaque-se que ainda hoje o egrégio Supremo Tribunal Federal não julgou esses processos.
Montaigne vendeu em 1570, aos 37 anos de idade, a sua vaga de magistrado num tribunal na França. Naquela época já era comum a venda de cargo de magistrado, mas o que chamou a atenção e a curiosidade dos historiadores foi que Montaigne era moralista e contrário a essa prática absurda, como dizia ele, mas vendeu sem qualquer remorso a sua toga. Pode estar aí a origem dos fatos denunciados com propriedade pela eminente ministra Eliana Calmon.
Seria cômico se não fosse trágico, pois a magistratura e a população estão pedindo socorro e clamando por justiça, mas não há mais a quem apelar.

Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

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Atualização:
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Publicado também no Observatório da imprensa em 01 de dezembro de 2009.
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domingo, 22 de novembro de 2009

Abram os olhos - Artigo - Diário do Nordeste

Abram os olhos


Já é quase fora de moda quem não tiver algum tipo de transtorno mental, pois de uma hora para outra a humanidade adoeceu e explodiu o "desejo" e a necessidade de milhares de remédios que se apresentam como panaceias para a alma do sujeito.Não há tantas doenças e/ou sintomas que justifiquem tantos rótulos de medicamentos expostos deliberadamente ao alcance dos desavisados, sem falar que os remédios não curam, apenas "controlam" a doença ou sintoma.Não existe efeito sem causa e a vida sedentária pode sim causar sintomas que podem levar o sujeito a sentir eventos que equivocadamente sugerem algum tipo de mal-estar.É até cômodo tomar uma "pílula" diária a ter que fazer algum tipo de atividade física ou meditação para vencer a insônia, por exemplo, pois esta não é doença, apenas o sinal de que há descompasso entre o corpo e a mente.A pressão arterial é medida no Oriente diferente daqui do Ocidente, e no diagnóstico tupiniquim, são indicados e prescritos remédios alotrópicos, lá, muitas vezes, apenas exercícios físicos e meditação, e a medicina milenar chinesa, até hoje não contestada à eficácia, funda-se em três pilares: ioga, massagem e acupuntura.Os efeitos colaterais causados pelos remédios são maléficos para o corpo e a mente e comprometem o funcionamento integral do organismo, e os ansiolíticos e os antidepressivos já lideram o ranking de uso dos alotrópicos.Em alguns casos os remédios são até necessários, mas na maioria são utilizados de forma deliberada e sem o zelo para com o futuro, pois sem tempo para se cuidar o sujeito recorre aos insensíveis remédios diários para amenizar de forma mascarada o sofrimento.O corpo humano produz as substâncias que quimicamente os remédios apenas repõem, mas que causam dependência química, em contrário, seria negar a capacidade do corpo e da mente de reagir e de se renovar.Sentimento de culpa e a "prisão" no passado, podem causar a melancolia, a depressão e a ansiedade, que têm cura fora dos ortodoxos remédios alotrópicos ocidentais e os orientais, que tem os olhos puxados e quase fechados, enxergaram isto há milênios.
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LUIS OLÍMPIO FERRAZ MELO é Psicanalista

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Liberdade vigiada - Observatório da imprensa


Liberdade vigiada
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Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 10/11/2009
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Recentemente, quando declarou inconstitucional a caduca Lei de Imprensa, o egrégio Supremo Tribunal Federal agiu provocado em ação judicial, pois na Justiça faz-se necessária essa provocação. A Constituição Federal de 1988 não recepcionou a Lei de Imprensa, pois deixou expresso o reconhecimento da liberdade de expressão no seu sentido mais amplo do termo e vetou apenas o anonimato. Qualquer republiqueta que almeje ou diga ser democrática deverá antes de tudo conviver com a liberdade de expressão. No período ditatorial brasileiro era proibido quase tudo e a censura agia sem qualquer remorso contra os veículos de comunicação, intelectuais, artistas, autoridades, subversivos, enfim, todos tinham que falar a língua dos militares.
Os governos que tomam o poder à socapa se apossam de imediato dos meios de comunicação de massa para proclamar a "propaganda" que legitimará o ilegítimo regime. Os totalitários são experts em castrar a liberdade de imprensa e de expressão, pois sabem que pela opinião pública publicada a população poderá se mobilizar e resistir aos atos totalitários, daí o receio da liberdade de expressão. Não é surpresa alguma vermos na América do Sul esses pseudo-governos ditos socialistas querendo tolher a sacrossanta liberdade de expressão para se perpetuarem no poder, como os ensinou o imortal Fidel Castro.
Mas o que é socialismo? Hitler diz no seu livro Minha luta que é socialista – quem quiser, que tente entender – e o regime nazista é de extrema-direita, além de totalitário; não é compreensível ainda como uma mente maligna e doentia conseguiu manipular toda uma nação para dominar o mundo.
Os paladinos da liberdade de imprensa e de expressão de outrora – leia-se, os ex-esquerdistas – tornaram-se hoje em dia no poder em déspotas desse sacrossanto direito fundamental para a civilização.
Qualquer período e movimento da história são sempre confrontados em importância, com o advento da imprensa, pois historiograficamente reconhece-se nesta a rainha das grandes conquistas da civilização.
A Justiça, que deveria salvaguardar esse sacrossanto direito, criou a figura da malfadada "censura judicial", mesmo a Constituição Federal garantindo a liberdade de expressão e existindo remédio jurídico de toda sorte para os que se sentirem prejudicados ou para os que ultrapassem da liberdade para a libertinagem causando assim algum tipo de dano moral e/ou material. Não há o que se falar em "censura judicial", pois em sendo assim, haveria apenas liberdade vigiada e democracia de faz-de-conta, pois a liberdade é condição sine qua non para a democracia.
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Nota do autor: Sine qua non, quer dizer: sem a qual não.

sábado, 7 de novembro de 2009

Falando bonito - Artigo - Diário do Nordeste

Falando bonito

8/11/2009

Na doença do presidente dos EUA, Roosevelt, o seu médico particular não revelou aos americanos a gravidade da mesma; não mentiu, mas falava de forma técnica e com jargões que somente os médicos entendiam, assim como muitas pessoas falam verdades mentindo ou brincando. Exemplo: alguma mulher pode dizer que ficou com o Brad Pitt, mas em sonho; não foi fisicamente, mas não mentiu.Num estudo admirável de 1897, é dito que costureiras de um cantão criaram gíria para falar sobre sexo na hora do trabalho sem que os patrões entendessem. Hoje ainda é assim, pois as mulheres têm jargões e gírias que são desconhecidos o sentido por quase a totalidade do universo masculino. A critica à psicanálise por ainda não ter universalizado seus auspiciosos conhecimentos, é devido aos prolixos e desnecessários jargões remanescentes da sua fase embrionária. James Murphy, dizia que os economistas e sociólogos falam jargões que somente eles entendem para esconder algo ou jogar com as palavras junto ao público leigo. A maçonaria, bem como as demais sociedades hoje quase secretas, usa jargões, gírias e sinais que somente os adeptos sabem os significados. Grupos híbridos - máfias e gangues, por exemplo, - usam gírias mutáveis à medida que outros descobrem os significados. Discursos eloquentes e de indisfarçável pedantismo, impressionam os leigos em política e religião, mas talvez nem os oradores ou boquirrotos saibam ao certo o que falam. Os advogados costumam orar e enfeitar as suas laboriosas petições para impressionar, mas o linguajar, é o mesmo sempre, e os jargões se repetem cansativamente.Nas guerras, os soldados criam seu próprio linguajar como "arma" para se protegerem e confundir o inimigo.Não faltaram intelectuais para criticarem os jargões e os excessos de neologismos técnicos ou não no período da Escolástica e de escolas diletantes, pois são termos difíceis e que podem ter mais de um sentido. Há escritores extremamente difíceis de compreensão e acham que em sendo assim há glamour para os que se debruçam em seus livros, pois passariam para o público a ideia de que são inteligentes.
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LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - psicanalista

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Má notícia dá depressão - Observatório da imprensa


Má notícia dá depressão
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Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 27/10/2009
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Num dos cantões da Suíça, no início do século 20, após acordo com a mídia para não mais divulgar os alarmantes casos de suicídio – pois notou-se que a cada divulgação os casos aumentavam consideravelmente –, houve redução de 90% nos índices desse hediondo crime contra a vida e uma pergunta ficou no ar: quem da mídia estaria disposto a se responsabilizar pelos suicídios cometidos antes do acordo? Até hoje não houve resposta.
Há provas materiais e empíricas de que o que se ler, ouvir e assistir pode influenciar no estado emocional e mental do sujeito e de toda a sociedade. O livro Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, o gigante do Romantismo, foi na época proibido em diversos países devido ao assustador número de suicídios que vinha causando entre os seus inúmeros leitores. Talvez Goethe nem imaginasse que a sua obra causaria tanto desequilíbrio. A música Domingo solitário foi vetada em parte da Europa por indiretamente levar os ouvintes a estados melancólicos e depressivos e não raramente ao suicídio. As letras das músicas compostas pelo vocalista e genial Renato Russo são inigualáveis e admiráveis, mas ele cantarolava somente em estado de melancolia e depressão e, sem saber, seus intermináveis admiradores acabavam e acabam "absorvendo" o sofrimento dele e ficavam e ficam melancólicos e depressivos com a tragédia alheia.
Na psicanálise, o nome deste fenômeno é contratransferência, ou seja, quando o sujeito vivencia o sofrimento do outro; no caso em tela, a depressão e a melancolia. A imprensa vem se notabilizando na superexposição de fatos pejorativos e deprimentes, tais como a glorificação da violência urbana e o sensacionalismo dos telejornais. A fissura pelo "furo" e o faturamento desobedece à regra do bom-senso e da higidez mental. O ouvir, ler e ver devem ser qualificados, pois quem não observar essa regra de ouro é forte candidato a ter transtornos emocionais. Alguns programas televisivos e antiéticos poderiam ser comparados à tortura mental e ao terrorismo, pois além das malfadadas imagens, seus apresentadores gritam sem necessidade, numa auto-denúncia de desequilíbrio.
A imprensa, sem saber, contribui para produzir uma sociedade ansiosa, melancólica e depressiva, pois os fatos são superdimensionados e as exibições repetitivas nos noticiosos são por demais maléficas para a mente humana. Não é por acaso que os ansiolíticos e antidepressivos lideram o ranking das vendas da bilionária, obscura e cruel indústria farmacêutica. Frisem-se, estes remédios não curam, apenas "controlam" os efeitos; mas isto, que é grave, não é pauta de notícia na mídia.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

População míope - Artigo - Observatório da imprensa


MÍDIA & DEMOCRACIA
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População míope
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Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 20/10/2009
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Neste momento, na América do Sul, orquestram os híbridos governantes uma uniformização da imprensa ao modelo deles, ou seja, castrada e manipulada, que tenha olhos somente para as coisas positivas de seus governos – se é que existem. Deveria ser a pauta principal do jornalismo sul-americano essa investida contra a liberdade de imprensa e de expressão, pois a imprensa, mesmo capenga e cheia de mazelas, ainda consegue mostrar os desatinos dos governantes. O totalitarismo surge da desarticulação da sociedade civil e na total descrença nas autoridades. Daí, "surge" um salvador que, coincidentemente, é sempre totalitário e prega igualdade e democracia, mas ao modo dele.
Imagine a alienação da minoria da população consciente que teve a felicidade de ter acesso à educação se não fossem as divulgações dos sucessivos escândalos do Senado federal na Era Sarney? A corrupção nos três poderes da República é algo inenarrável e, pior, a população perdeu a capacidade de se indignar e até acha "normal". O crime organizado aproxima-se de engolir o tal Estado democrático de Direito que ninguém sabe ao certo o que quer dizer isto, e há hoje no país um poder paralelo que o próprio Estado não tem força nem tampouco vontade política para enfrentar. Membros de Tribunais Superiores de Justiça já foram pilhados pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal com ligações criminosas e desonrosas para com a nobilíssima classe dos magistrados, mas ficou por isto mesmo e ninguém enxerga que o problema somente se agrava se não forem tomadas atitudes rigorosas.
A população carente e sem instrução fica à míngua de ilusões e sem conseguir enxergar que estão todos sendo manipulados e que o que os governantes menos querem é resolver os problemas, pois o objetivo principal é a eternização no poder a qualquer preço. Estamos à beira da convulsão social, pois a violência urbana desafia o Estado e não há qualquer esperança de reversão. Crianças, adolescentes e jovens que nascem e crescem sem dignidade se vêem desesperados e, sem qualquer perspectiva de melhora de vida, estão ingressando sem retorno no submundo do crime e das drogas.
A imprensa somente divulga o que lhe interessa e é sempre prudente desconfiar de tudo que se lê, pois, sem disfarce, há, aqui e acolá ideologias brotando em plantações midiáticas.
A solução para as questões cruciais da sociedade passa pela "correção" médico-cirúrgica da miopia da população.
Não há elementos válidos para negar que o Partido dos Trabalhadores traiu a pátria e que seus membros e ex-esquerdistas furtaram a esperança do povo. Traição dói, mas como ensina...

domingo, 18 de outubro de 2009

Antidarwinismo: o Morro dos Macacos


Fonte: Correio Popular.

Anatomia do amor - Artigo - Diário do Nordeste


Debates e idéias

Anatomia do amor

*LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO
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Ninguém sabe a "fórmula" para os relacionamentos prosperarem, mas já se sabe o que os inviabilizam: mentira e traição. Exigem honestidade e lealdade do outro, mas muitos não estão dispostos a darem a contrapartida, o que acaba sendo contradição. Sujeitos com décadas de casados afirmam conhecer seus cônjuges apenas 10%, mas isto é uma visão por demais otimista, pois relacionamento é uma construção diária e não há relacionamentos e pessoas prontas. Queixam-se dizendo que relacionamento é sinônimo de problema, mas não conseguem viver fora dos mesmos e sofrem com isto. Poder-se-ia estabelecer a regra de ouro nos relacionamentos: não exija do outro o que não puder oferecer. O amor, como nos livros do Romantismo, não existe, pois relacionamento é admiração, lealdade, cumplicidade, companheirismo e respeito mútuo. Confiança é à base dos relacionamentos e se não houver, dificilmente haverá qualidade ou continuidade no relacionamento. O sofrimento causado no término dos relacionamentos dá-se mais pelo anacrônico e ilusório juramento: juntos até que a morte os separe; mas na contemporaneidade a morte não tem sido empecilho para as separações. Relacionamentos baseados apenas no sexo, estão fadados à derrocada, pois além de passageiros e superficiais, deixarão sequelas. Crimes passionais acontecem por causa da cultura machista, mas em algumas outras é permitido e até exortado a infidelidade e a poligamia e é contradição esse "moralismo" tupiniquim, pois os adúlteros querem ter o direito de apedrejar as adulteras. O fantasma da traição ronda sem tréguas os relacionamentos, mas muitas vezes não passa de memórias de sofrimentos vistos em algum momento da vida e que provavelmente nunca vá se materializar. As pessoas estão com medo uma das outras por conta do "risco" de traição, mas há grande exagero nas historietas que circulam nos meios sociais.
*Psicanalista

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O obscuro Berlusconi - Observatório da imprensa


POLÍTICA & CORRUPÇÃO
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O obscuro Berlusconi
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Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 12/10/2009
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O premier Silvio Berlusconi teve a sua imunidade revogada pela Justiça italiana. Berlusconi chegou ao poder em 2001, trazendo consigo muita polêmica e denúncias em relação à sua vida pregressa, inclusive de ter tido ligações com a máfia. Berlusconi somente consegue se manter no cargo de premier devido à sua forte atuação nos meios de comunicação, pois o seu império na mídia eclodiu em 1980, quando ele e seu grupo financeiro, a Fininvest, inauguraram o Canal 5, que tem abrangência em quase toda a Itália. Mas não ficou somente nisto e, entre 1983 e 1984, Berlusconi adquiriu outros canais e, mesmo com denúncias de monopólio na mídia, tudo foi corroborado por lei promulgada em 1990 – seu grupo é hoje o maior da mídia privado na Itália.
Berlusconi é um sujeito controverso e polêmico e parece andar – ou andava – acima do bem e do mal, pois mesmo após ser pilhado em orgias com meretrizes e a sua ainda não explicada separação conjugal – na qual o pivô teria sido uma adolescente filha de um amigo seu –muy amigo, esse, – ele age como se nada tivesse acontecido e que todos concordassem com o comportamento dele envergonhando seus dignos compatriotas.
Há algo de podre no governo da Itália. Num admirável artigo, "O Brasil e os métodos da Máfia", de 20 de julho de 2009, o ex-juiz de Direito Walter F. Maierovitch deu a senha de que Berlusconi pode ter virado a mira de um escândalo bem maior do que se imagina. Coincidentemente, após isto, a Justiça italiana iniciou e mobilizou em tempo recorde processo para revogar a imunidade de Berlusconi e provavelmente ele irá voltar ao banco dos réus. Maierovitch cita no seu artigo que o nome de Berlusconi voltou a ser citado, pois seu nome figuraria numa carta da máfia que o acusava de traição e ameaçava seqüestrar e executar o seu filho. O processo a que refere o artigo em tela diz respeito à máfia italiana e também indiretamente a morte dos honrados juízes anti-máfia Giovanni Falcone e Paolo Borselino, executados ambos em 1992 pela máfia. Borselino, antes de morrer, escrevia em uma agenda vermelha as ligações da máfia com a política e os políticos italianos e por ocasião da sua morte, numa emboscada explosiva, somente a tal agenda foi subtraída dos seus pertences.
Muitos políticos na Itália estão sendo processados por terem ligações com a máfia e não é por acaso que a Justiça se mobilizou para revogar a imunidade de Berlusconi. Na última sexta-feira [9/10], numa entrevista coletiva, Berlusconi foi "traído" pelo inconsciente e disse que deu propina a juízes. Depois tentou consertar e disse que pagou foi a advogados.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Igreja, a imprensa e a contradição - Observatório da imprensa


MÍDIA & RELIGIÃO
A Igreja, a imprensa e a contradição
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Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 6/10/2009
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Tradicionalmente, a Igreja Católica é contrária à liberdade de pensamento e de expressão – basta ver as retaliações históricas cometidas para impedir o deslindar do pensamento humano. Desde os "Índices dos livros proibidos" até as condenações na "santa inquisição" para os que liam demais, a Igreja Católica provou que temia a comunicação em massa. Porém, o santo papa Pio 10 disse certa feita: "Coloquem em minhas mãos a imprensa, e eu converterei o mundo", mas como Pio 10 faleceu em 1914, antes da eclosão da primeira guerra mundial, quando os meios de comunicação ainda estavam em fase de transição para a inevitável globalização, talvez o clérigo estivesse prevendo o poder que a imprensa exerceria junto à opinião pública no século 20 e seguintes.
O que era motivo de medo no passado para a Igreja Católica, ou seja, o esclarecimento em massa da civilização e a pluralidade de opiniões acabaram sendo hoje a maior aliada das religiões – não somente da Católica –, pois quase toda igreja está vinculada a grupos de comunicação de massa – televisões, rádios e jornais –, o que acaba por fazer desvio de finalidade, pois em sendo à transmissão de televisão e rádio concessões pública que deveriam atender ao interesse público não poderiam ser vinculadas a qualquer religião. A Constituição Federal disciplina as concessões de televisões e rádios que devem ser usadas para a educação, o bem-estar da família e da sociedade e o Brasil sendo país laico não pode se curvar aos grupos de pressão religiosos para conceder esse instrumento valioso para outra finalidade que não sejam as estabelecidas na constituição.
É assustador a grade das televisões com programas religiosos querendo catequizar a humanidade com homilias e adorações a santos e a deuses carentes; ainda há charlatões teatralizando milagre de curas impossíveis que acabam machucando e desrespeitando o sentimento das pessoas ingênuas que caem nessas armadilhas televisivas e perdem suas minguadas economias nas mãos desses clérigos desumanos e antiéticos. A imprensa e seu status de quarto poder têm o papel inegociável de mostrar os dois lados – sem acreditar em nenhum – desse jogo obscuro e alienador que é a propagação da religiosidade na mídia.
Não podemos esquecer o que disse Napoleão Bonaparte: "É mais perigoso quatro jornais do que cem mil baionetas." E em todas as reformas, movimentos e revoluções, até hoje a imprensa teve papel decisivo para elucidar e colocar para os seus consumidores os fatos para que estes pudessem decidir e formar suas opiniões, portanto, abram os olhos para o perigo da conversão onerosa em massa.

domingo, 4 de outubro de 2009

Vida de escritor - Artigo - Diário do Nordeste


Debates e idéias

Vida de escritor

Pensam que é fácil a vida de escritor, mas é equivoco, pois não é confortável escrever coisas que despertam sentimentos, daí haver até acervo literário inédito nas escrivaninhas caseiras apelando por coragem dos autores para publicação. Guimarães Rosa era médico antes de se revelar brilhante escritor e quando seus pacientes diziam que dinheiro não tinham, ele os pedia que lhe contasse um conto ou recitasse um poema, como pagamento. Todo escritor e poeta vive na "vitrine" da vida ouvindo elogios e criticas, alguns curiosos e até engraçados, mas assim como quem canta seus males espanta; quem escreve não se aborrece ou se entristece com os que não o reconhece. O mago Paulo Coelho é o mais criticado e invejado; também pudera, é um dos que mais livro vende e quem não o alcançar, escrevendo ou lendo, vive a reclamar. O genial Pablo Neruda admoestou o carteiro bairrista por ter plagiado um de seus poemas para conquistar uma bela donzela, mas o feliz estafeta copiador teria lhe dito que a poesia não é de quem a faz, mas sim, de quem dela precisar. Os cordéis eram gratuitos, mas depois virou fonte de renda segura para os autores, porém, a autoria era o que menos importava, pois a importância dada às boas tiradas, preço algum pagava. Patativa do Assaré, homem da caatinga, analfabeto, manifestação popular em pessoa, produziu poemas brilhantes e projetou-se internacionalmente sem qualquer esforço. Seus poemas pareciam jorrar de manancial sagrado, algo que foge a nossa singela compreensão da vida e do universo. Patativa devia ser egresso do parnaso ateniense, de onde se revelaram os maiores poetas; honras a esse desbravador literário e sem estudo, mas que ainda hoje é estudado por grandes letrados. Ninguém jamais saberá ao certo o que há na alma do escritor e do poeta, pois estes escrevem o que sentem e acreditam, sem se importar com o que os outros possam pensar.
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LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - Psicanalista

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Comunicação, uma necessidade inata - Artigo - Observatório da imprensa


Comunicação, uma necessidade inata

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 29/9/2009
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Desde tempos imemoriais as hordas usaram os sinais, desenhos e adornos religiosos para a comunicação entre si, porém o monopólio da escrita, da fala e do conhecimento sempre foi privativo de poucos (sempre as elites). A explicação antropológica para a tagarelice das mulheres é a hipótese de que eram elas que ensinavam aos filhos a falar enquanto os homens saiam diuturnamente para caçar. A necessidade inata do homem de se comunicar para exercer na plenitude a sua vida em comunidade e o comércio entre povos, levou-o a inventar diversas alternativas de comunicação à distância, como, por exemplo, o correio.
No império russo de Catarina, a Grande – 1762-96 –, por exemplo, levava-se até 18 meses para as ordens imperiais saírem de São Petersburgo até chegarem à região setentrional da Sibéria e o mesmo tempo para a resposta. O transporte marítimo era o meio de envio de correspondências e de ordens dos soberanos por ser mais rápido e relativamente seguro, mas mesmo assim escreviam-se várias cartas com o mesmo conteúdo e enviava-se por mais de um meio – cavalo ou trem – para se ter a certeza de que a missiva chegaria ao destinatário.
Os boatos já se espalhavam em velocidade supersônica e os "pombos-correios" tiveram papel de destaque – não necessariamente de importância – na comunicação. Estes recursos foram utilizados em demasia nos períodos de guerra, mas a dificuldade de guerrear entre países de línguas diferentes – existem hoje mais de oito mil línguas e dialetos e somente na China falam-se cinco mil dialetos – acabou dificultando qualquer tentativa de paz perpétua e temos somente repetidas tréguas, porém há proposta de língua universal: o esperanto.
A Igreja católica e a protestante tolheram a liberdade de comunicação e os fiéis somente podiam ler os livros que não estivessem nos "Índices de livros proibidos" de ambas as congregações, o que acabou interrompendo o avanço dos meios de comunicação e do deslindar do pensamento humano. Veneza, Amsterdam, Paris e Londres tentaram romper com a censura das igrejas e publicaram jornais e livros inéditos durante a malfadada "ditadura" clerical.
Gutenberg criou a impressão em série para propagação da bíblia e é tido como fundador da imprensa. Foi eleito pelo jornal inglês Sunday Times, em 28 de novembro de 1999, como o "homem do milênio", o que mostra a importância de sua técnica e a capacidade desta de ampla divulgação de informações.
A mídia eletrônica – internet e blogosfera – aparece como o futuro da comunicação globalizada e democrática, pois o custo baixo viabiliza a tão almejada independência e a liberdade de expressão.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Acervo jornalístico - Artigo - Observatório da imprensa


ACERVO JORNALÍSTICO
Colecionar publicações para a memória da humanidade

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 22/9/2009

Preocupa a história do Brasil no futuro, pois tradicionalmente se observam vários aspectos e em cima destes itens tentam montar como teria sido o passado de uma civilização, sem dizer que o mais temerário de tudo é que boa parte da historiografia da humanidade encontra-se baseada em livros dos quais não se tem certeza da autoria e nem tampouco de que não foram modificados com as edições; o mais grave é que considerável parcela da história é de relato de viajantes recolhidos de seus diários e anotações geradas por historietas contadas repetidas vezes em determinados locais, o que não dá a garantia de estarmos de posse da verdade.
A Enciclopédia Soviética é a prova cabal disto, pois os intelectuais até ironizavam, dizendo que os soviéticos deveriam atualizar suas autobiografias periodicamente para adaptarem às constantes mudanças da enciclopédia, pois toda vez que mudava o governante a Enciclopédia Soviética era "atualizada" para justificar e legitimar o governo embrionário, daí os sucessivos estupros no texto enciclopédico. No auge dos czares e antes do apogeu comunista, muitas publicações híbridas foram produzidas nas impressoras clandestinas subterrâneas soviéticas e sem qualquer critério técnico-científico, e muito menos jornalístico, talvez nem soubessem o que é isto.
Nos Estados Unidos, guardam-se na biblioteca do Congresso Nacional, em Washington, exemplares dos principais jornais americanos – por exemplo, o New York Time, entre outros –, pois sabem, em tese, que poderão ser úteis no futuro essas publicações. Em outros países o procedimento é o mesmo e há até alguma credibilidade nas publicações colecionadas para a posteridade, mas há de se observar que este é fenômeno relativamente novo para a historiografia, pois como disse alhures, a história por muito tempo foi costurada com informações retalhadas e de pouca credibilidade – não que agora os matutinos e vespertinos tenham suprido este quesito.
Aqui, no Brasil, parece não haver essa preocupação de construir a história de forma razoável, pois mesmo que a Biblioteca Nacional disponibilizasse espaço para a coleção de jornais impressos, o seu uso não teria valor relevante em qualquer que fosse a pesquisa que visasse a encontrar a verdade dos fatos, pois é fácil ler mais de uma versão para cada fato, daí os futuros historiadores terem que escolher uma das fontes.
Primo Levi, após temporada recluso no campo de concentração de Auschwitz, disse algo que merece reflexão: "O vencedor é o dono da verdade; portanto, pode manipulá-la da forma que quiser." No acervo jornalístico, haverá sempre apenas meias-verdades.

domingo, 20 de setembro de 2009

Lula na análise

Sponholz



Fantasma da traição - Artigo - Diário do Nordeste


Fantasma da traição
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Todos um dia ouviram ou viram alguma cena de traição real ou imaginária que ficou gravada no inconsciente e vez por outra vem à tona quando deparado com algum fato desconexo ou não da vida real. Não é discreto o número de pessoas que acham que estão ou foram traídas, mas na maioria das vezes não passa de associação livre, pois pega-se algum fato e tenta montá-lo para se justificar a hipótese mental de situação que possivelmente nunca tenha ou vá ocorrer. Nos relacionamentos passionais, bem como nas amizades, ouve-se queixas de supostas traições por motivos pouco plausíveis e prováveis e as pessoas sofrem sem conseguir a "prova" e o relacionamento assim desanda. Os usuários de entorpecentes, por exemplo, estão mais vulneráveis ao "fantasma da traição", pois por todos os lados acreditam existir outros sujeitos querendo prejudicá-los ou destruí-los e não há como negar que a simples suspeita de traição sem qualquer prova ou indício contundente trata-se de masoquismo, pois acaba se transformando em objeto de prazer. Trair em grego quer dizer, "entregar", e em algumas culturas permite-se à infidelidade.Desde tempos imemoriais há traição afetiva na civilização, basta ver que nos livros antigos este tema foi tratado com destaque e até severidade e nos países de cultura muçulmana, por exemplo, as mulheres que forem pilhadas ou suspeitas de adultério são executadas a pedradas em praça pública para desestimular as demais a tal prática.A mentira engole o fato em si, ou seja, o ato da traição torna-se secundário, pois o sujeito sente-se traído primeiramente pela mentira que toma proporções desproporcionais ao fato e por mais incrível que possa parecer, o traidor também sofre na sua posição. Em quase todos os casos a traição era inevitável, daí o traído não dever acreditar que fracassou ou que poderia ter conseguido outro final, pois havia inequivocamente questões em aberto no outro que o traiu, portanto, poderia ser quem fosse que estivesse naquele local do traído que também seria enganado e há quem traia inconscientemente se vingando de situações que ocorreram com terceiros.
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LUIS OLIMPIO FERRAZ MELO - Psicanalista

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Verberação intelectual - Artigo - Observatório da imprensa


Verberação intelectual

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 15/9/2009
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É desproporcional a reação intelectual à movimentação na América do Sul dos governantes que zombam da liberdade de imprensa e de expressão, pois se tolhidas essas garantias constitucionais a população desses países corre sério risco de ser castrada e ter que ficar calada assistindo às "ordens" dos ditadores ditos democráticos. Na quinta-feira [10/9], 200 fiscais da Receita Federal argentina fizeram operação num dos maiores grupos de comunicação da América Latina, o Clarín. O governo argentino tem a legitimidade e até a obrigação de fiscalizar as empresas, mas a quantidade de fiscais utilizada na operação não deixa dúvida de que foi um atentado à liberdade de imprensa.
O fato ocorre em meio à tentativa da presidenta Cristina Kirchner de modificar a lei que disciplina a matéria das comunicações naquela plaga, mas depois do comportamento dispensado à imprensa pelo ditador esquerdista Hugo Chávez, na Venezuela, é bom abrir os olhos e desconfiar de tudo que se mexe dentro dos palácios governamentais sul-americanos. Na sexta-feira imediata foi à vez do socialista Rafael Correa, presidente do Equador, anunciar que proporia lei nos moldes argentinos para controlar a mídia, como se esta fosse uma conspiração equatoriana.
Quem ainda fala do golpe em Honduras? Certo ou errado, o exemplo citado serve apenas para alertar a intelectualidade da gravidade dessa movimentação ao arrepio da lei e que pode trazer prejuízos para o Estado democrático de Direito. A população de Honduras foi vencida pelo cansaço e, dias depois do presidente ser deposto, voltou para sua rotina diária e pouco ou nada se fala sobre esse precedente aberto.
A importância da intelectualidade é grande neste momento crítico da humanidade com o iminente risco de limitar ou proibir a liberdade de expressão e os intelectuais devem defender a razão, a justiça e a verdade, pois são estes seus valores inarredáveis e é o papel do intelectual apontar as contradições sociais. O intelectual deve orientar a opinião pública e, como disse D´Alembert no seu livro Diálogo dos morcegos, citando Descartes, "a opinião governa o mundo". Esses governos híbridos sul-americanos alimentam as suspeitas de que não há boa-fé e transparência em seus atos ditatoriais, digo, governamentais.
O intelectual nato não deve ter medo de intimidações e ameaças de processos do poder constituído, pois a causa da defesa da liberdade de expressão e de imprensa é nobre e diz respeito a todos nós. Devem se enaltecer os intelectuais que não desistiram de auxiliar a construir um mundo melhor: sem totalitarismos, desigualdades, injustiças e guerras.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Jornalismo, ética e análise de conteúdo - Observatório da imprensa

Jornalismo, ética e análise de conteúdo

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 8/9/2009
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O método da "análise de conteúdo" foi utilizado no século 19 nas universidades de jornalismo dos Estados Unidos, mas foi na Alemanha o seu auge. Para obter informações confiáveis durante o holocausto, usou-se a "análise de conteúdo" que se resume, em apertada síntese, ao seguinte: escolhe-se um texto e conta-se a freqüência de um ou mais dados ou temas e analisa-se a associação entre estes e as suas variâncias, daí extraindo – ou tentando extrair – a noticia com alguma fidedignidade. Em período de guerras, a ética na informação é a primeira baixa e não somente se sente falta das leis – que são suspensas ou revogadas, pois os inimigos usam a manipulação da informação para atacar em pontos estratégicos seu adversário.
Os meios de comunicação têm seus interesses comerciais e políticos e não é somente aqui no Brasil que é assim, pois vários políticos chegaram à presidência de outros países ou a outros cargos por meio da propaganda de seus meios de comunicação e não é à toa que as concessões públicas de televisões e rádios geram tantas disputas políticas no Congresso Nacional. As rádios parecem ser uma das mais importantes ferramentas dos políticos interioranos, pois além do alcance delimitado e devido ao baixo índice de cultura da população, distorcem as notícias ao bel-prazer do político e agora com a sinalização da liberação de meios eletrônicos para campanhas eleitorais, o eleitor deve ficar de olhos bem abertos com as promessas e a vida pregressa de seus candidatos e fazer a análise não somente das noticias, mas também do conteúdo dos candidatos.
O intelectual italiano Antonio Gramsci dizia que a classe dominante detinha o poder da informação e as suas idéias eram aceitas pelas classes subalternas não somente pela imposição ou força, mas também por não haver alternativa, ou seja, quem pode o mais engole o menos.
A crítica que se faz ao respeitado público – telespectadores, ouvintes e leitores dos produtos dos meios de comunicação – é a não cobrança de providências por meio de carta, e-mail, telefone e pessoalmente ao responsável pelo veículo de comunicação, pois os consumidores ficam indigestos quando se trata de notícia mal-dita, e além do mais a manipulação, em tese, somente acontece quando o sujeito está aberto a tal objetivo, pois o direito à informação é subjetivo, ou seja, ninguém é obrigado a assistir, ouvir ou ler qualquer coisa.
O meu método não chega a ser uma "análise de conteúdo" e é bem singelo, ou seja, deixo de ler as colunas e os jornais que manipulam as informações consciente e reiteradamente, já que se aplicasse à regra do inconsciente, pouco leria doravante.

domingo, 6 de setembro de 2009

D. Luizinácio: 'Independência, o mote'!


.Thiago Recchia

Via Gazeta do Povo

Igreja hegeliana - Artigo - Diário do Nordeste


Debates e idéias

Igreja hegeliana

LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO
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Hegel foi um dos filósofos que mais influenciaram o universo intelectual e como numa igreja onde se necessita de seguidores para se manter acesa alguma doutrina, o hegelianismo fez escola na Alemanha e serviu de fulcro para a doutrina marxista que sucumbiu depois das atrocidades de alguns radicais.Assim como a Igreja Católica à doutrina de Hegel é totalitária e a sua dialética permite a contradição, e somente seria possível o Estado hegeliano se todos os partícipes pensassem de uma forma uniforme. Só que neste caso, o sujeito acabaria sendo anulado, pois o Estado é que era tudo.A Igreja Católica usou o terror do fogo imaginário do inferno e depois deste apagado a fogueira da "santa inquisição" para quem não pensasse como desejavam os clérigos.Hegel escreveu com ironia ímpar: "somente um homem me entende e mesmo este não o consegue"; a obscuridade e a dificuldade de leitura de sua obra tornou-o além de fascinante também incompreensível e na doutrina de Hegel Deus é o próprio Estado.Hobbes, no seu livro, "Leviatã", disserta sobre o Estado e diz que os homens são inimigos por natureza e tendem a guerrear entre si e necessitam de um "Leviatã" - em referência ao monstro do caos da mitologia fenícia citado na Bíblia - que neste caso seria o soberano que representava o Estado originado do Contrato Social, onde todos renunciariam aos seus direitos, menos o direito à vida, em prol da paz que para Hobbes seria a primeira lei natural.Há desejo de uniformizar o pensamento humano em Hegel e Marx não conseguiu disfarçar que segue essa linha e diziam eles que a alienação se dá pelo trabalho, pois este escraviza o homem que passa a priorizar o "ter" e não mais o "ser" e em Marx isto é negativo, mas em Hegel é algo positivo - vai tentar entender - e Marx dizia que somente pelo comunismo o homem deixaria de ser alienado - ambos erraram, pois a alienação se dá no pensamento e não pelo desejo.Na Igreja eclesiástica sagrada e na profana de Hegel vê-se que Deus mudou somente de morada, pois naquela estaria no céu e nesta na Terra, mas ambas igrejas desejam inutilmente uniformizar e manipular o pensamento humano.
*Psicanalista

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Santa lei equivocada - Artigo - Observatório da imprensa

ESTADO & RELIGIÃO

Santa lei equivocada

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 1/9/2009

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adora nos proporcionar perplexidade, pois sem debater com a sociedade fez acordo com o Vaticano para implantar o ensino religioso nas escolas públicas, bem como concedendo isenção fiscal e imunidade perante as leis trabalhistas indiscriminadamente às religiões para não pagarem qualquer tipo de contribuição fiscal e trabalhista. A Câmara dos Deputados já aprovou e ampliou para outros credos sem resistência corroborando o tal acordo e o mesmo segue para o Senado Federal para a aprovação.
O curioso é que o mundo todo vê, estarrecido, a manipulação das religiões onde em muitos países o líder religioso é também o governante e as barbaridades que algumas delas andam fazendo em desfavor da paz mundial e a doutrina do partido do governo se diz de esquerda e segue a cartilha totalitária marxista, frise-se, esta tem ojeriza à religião e já até disse que esta é o ópio do homem e Marx seguia a doutrina de Hegel que dizia que Deus era na verdade o Estado. Uniformizar a religião de um povo cheio de diversidade de crenças de toda sorte fere a liberdade prescrita na Constituição Federal que assegura o respeito ao culto e proíbe a discriminação religiosa, ou seja, o Estado brasileiro é laico e fará com isto desvio de finalidade, pois não há respaldo legal constitucional para tal façanha. Os alunos que resistirem a assistir essas catequeses anacrônicas serão discriminados o que a lex fundamentalis também veda.
Na nota introdutória do Código Canônico de 25 de janeiro de 1983, o santo papa João Paulo II, diz: "(...) A fim de que todos possam mais seguramente informar-se sobre essas prescrições e conhecê-las suficientemente bem, antes de serem levadas a efeito, dispomos e determinamos que tenham força obrigatória a partir do primeiro dia do Advento de 1983, não obstante quaisquer disposições, constituições, privilégios, mesmo que dignos de especial ou singular menção, e costumes contrários (...)."
Extrai-se do parágrafo acima que as santas leis da Igreja Católica devem se sobrepor a qualquer constituição de qualquer país, mas as Constituições dos países são soberanas e não podem sofrer interferência de qualquer religião, por mais respeitada que seja, como é o caso da Católica.
Lula mais uma vez mudou o discurso, pois por ocasião da visita do santo papa Bento 16 ao Brasil ele foi taxativo ao negar o pedido do clérigo para transformar o país em Estado católico. O governo tupiniquim lulista vai na contramão da história, pois a civilização precisa de escola que ensine a pensar, e não para o sujeito se alienar "voluntariamente".

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Censura ao Judiciário - Artigo - Observatório da imprensa


Censura ao Judiciário

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 25/8/2009

Após a anacrônica Lei de Imprensa ter sucumbido no Supremo Tribunal Federal, fato este que gerou até elogio de alguns magistrados, que entendiam ser avanço para o tal Estado democrático de Direito, não se deveria mais falar em censura prévia, como judiciosamente se queixou a Associação Nacional de Jornais, ANJ, que na semana passada comemorou seu trigésimo ano de existência – ou sobrevivência –, pois alega que há 12 (doze) casos de censura judicial desde meados do ano passado e o último foi em favor do filho do senador da República e presidente do Senado Federal, empresário Fernando Sarney.
Censura prévia é mais perigoso do que o totalitarismo, pois somente as elites têm acesso a essas proteções. Se não fosse verdade, já haveria até súmula para disciplinar essa questão. Parece-nos, numa primeira análise, uma contradição o Judiciário conceder liminar ou medida cautelar para fazer censura prévia, quando há o instituto previsto no Código Civil para reparação de possíveis danos morais sem prejuízo para as questões criminais, no caso da honra. Com essas decisões preventivas e elitistas contra a liberdade de imprensa e de expressão, deixa a impressão para a população de que a Justiça protege somente o nababo e os menos favorecidos ficam sempre à míngua de justiça e não deixa de ser uma forma de intimidar veladamente a imprensa e a liberdade de expressão no tal Estado democrático de Direito em que ninguém acredita mais.
O ex-juiz de Direito e ex-secretário nacional antidrogas do Brasil, Walter Fanganiello Maierovitch, diz no livro Justiça Penal 3 – críticas e sugestões algo que merece a reflexão de todos sobre a cosa nostra, organização mafiosa italiana que tinha até máximas, entre as quais, uma aterrorizante, que diz: "Quem tem dinheiro e amizades, manda tomar no... a Justiça". A Justiça é apenas para os tolos. Se você tem amigos e dinheiro, a Justiça estará sempre do teu lado (sic). (pg. 92, Ed. Revista dos Tribunais). A observação acima é apenas para o preclaro leitor ver o tamanho do problema que a Itália e os italianos enfrentam com a manipulação no Judiciário de lá. Aqui não deve ter chegado a esse ponto, pois há honrados juizes, incorruptíveis e independentes, e não haveria espaço para declinar seus nomes. O assunto é sério e quando a Justiça, que deveria garantir as liberdades, inclusive de imprensa, passa a fazer censura prévia. Não é bom sinal. A Constituição Federal garante a liberdade de expressão. Portanto, não há o que se falar em "censura judicial", pois são atitudes retrógradas como essas que municiam a desconfiança da população no Judiciário.

domingo, 23 de agosto de 2009

Direito à paz - Artigo - Diário do Nordeste

Debates e idéias

Direito à paz

A soberania, o terrorismo, o território, o petróleo e a religião servem quase sempre para justificar as guerras no mundo, mas há mais coisas e interesses que saltam aos olhos da humanidade.A decisão sobre a guerra é de minoria, ou seja, de alguns dos 217 governantes e/ou líderes religiosos e não dos quase 7 bilhões de habitantes da Terra.Algum leitor ainda acredita na existência de democracia? Não há justa causa para qualquer que seja a guerra, pois o desejo de beligerância é estado patológico do sujeito. Em contrário, teríamos que admitir que o normal ou o desejável é a guerra e não a paz.A ignorância arregimenta as massas e o homem é iludido por ideal inglório, pois pensa que vai defender o seu país e há nos países beligerantes monumento com homenagem subliminar ao "soldado desconhecido" escrito na lapide: não sabemos o seu nome, mas sabemos muito bem o que você fez pela nossa pátria.Se o homem pudesse decidir livremente se quer ou não ir à guerra, nunca mais haveria conflitos no mundo, basta ver que em todos os países o serviço militar é obrigatório e não facultativo e os que desejam ir à guerra, saibam que são suicidas inconscientes, pois o terrorista e o fanático religioso sofrem de perturbação mental e devem buscar tratamento.Não há "guerra justa", pois sendo assim teríamos que também aceitar a "morte inocente justa" e ambas ferem fatalmente o direito fundamental e inalienável que é a vida e não é judicioso buscar lacunas obscuras para tentar justificar o "direito à guerra".Há perigo iminente de guerra mundial termonuclear e o resultado será imprevisível e a vida humana corre risco real de extinção. Depois das atrocidades de Hitler, Stálin e outros totalitários, foi sugerido em 1948, no Congresso de Higiene Mental de Londres, que os líderes mundiais fossem submetidos à análise a fim de reduzir os instintos agressivos e beligerantes para que a tão almejada paz perpétua fosse alcançada.Extrai-se dessa proposta que o problema da beligerância está nos governantes e não necessariamente na sociedade, pois nada temos a ver com a loucura dos governantes beligerantes.
LUÍS OLÍMPIO F. MELO - Psicanalista

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Inferno astral da Rede Record - Artigo - Observatório da imprensa


GLOBO vs. IURD
Inferno astral da Rede Record

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 18/8/2009

Para quem prometia a bonança e o céu aos seus fiéis, agora ficou difícil manter o discurso e a retórica que arrastaram milhões de inocentes brasileiros e estrangeiros a participarem da Igreja Universal do Reino de Deus depois que os seus diretores foram pilhados pela Justiça por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O que seria da Igreja Universal se não fosse a poderosa Rede Record de rádio e televisão? Toda madrugada começa o processo de "lavagem cerebral" nos telespectadores e ouvintes, que se encontram fragilizados e à míngua de qualquer auxílio. Chega a ser assustador assistir a esses programas. O impacto na mente humana é indescritível, pois o sujeito desesperado acha que lá na Universal encontrará a sua redenção, mas acaba caindo na armadilha do dízimo e da venda de seus bens para ajudar as obras beneficentes – que provavelmente nem existem.
Há um processo hipnótico e os pastores escalados para apresentarem esses programas apelativos são treinados com técnicas de persuasão de massas. Quem vê esses cultos in loco sai com a certeza de que há o "demônio" em todos e que ninguém escapa incólume dessas perseguições espirituais se não estiver na Igreja Universal.
Pessoas humildes e inocentes foram ludibriadas com a compra de "diplomas" assinado por Jesus Cristo (?!) e há casos gritantes onde fiéis venderam tudo para encher a vultosa e ilegal conta bancária da Igreja Universal. Que ninguém se sinta ofendido, mas é pura manipulação o que faz a Igreja Universal do reino do bispo Edir Macedo, pois o vídeo exibido na internet e pela televisão mostra claramente e de forma cabal e irrecusável a má intenção do bispo – falo isto sem medo algum de ir parar no inferno.
Santa ingenuidade
A Igreja Universal é uma empresa comercial como qualquer outra, só que vende ilusões e má-fé e noticiou-se pela imprensa que ela fatura mais de um bilhão de reais por ano, frise-se, sem pagar nada de impostos, pois por ser igreja está imune da tributação. O mega-empresário e bispo Edir Macedo tratou logo de comprar grupos de comunicação de massas, pois em sendo assim angariaria mais rapidamente fiéis para financiar seus diabólicos planos. A Constituição Federal garante a liberdade do culto religioso, mas ludibriar pessoas é crime.
O poderio da Rede Record é inenarrável e o santo e bispo Edir Macedo ainda vai querer sair no final desse processo criminal como vítima dessa enrolada conspiratória em que se meteu voluntariamente e, como de outras vezes, seu patrimônio irá aumentar e muito. Santa ingenuidade de quem ainda acredita em milagres e em boa-fé desses clérigos nessas searas, pois são todas ilusões.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Salvem a imprensa - Artigo - Observatório da imprensa


LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Salvem a imprensa

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 11/8/2009

Falem o que quiserem da imprensa; mostrem todos os seus pecados; denunciem todos os jornalistas que não honram a sua nobilíssima profissão, mas não se esqueçam de defender também a liberdade de imprensa e de expressão, pois uma coisa é o instituto e a outra são as pessoas que o compõem. Sem imprensa livre, mesmo capenga, não há saída para se manifestar e mostrar à população as contradições dos governos, daí ser imperiosa a defesa intransigente e inegociável da liberdade de expressão no seu sentido mais amplo.
Não queiram saber como viviam e vivem os oprimidos pelos regimes totalitários que criminalizaram a liberdade de expressão e qualquer fato que julgassem "atentador" ao governo totalitário poderia e pode custar à liberdade do individuo. O totalitário apropria-se de imediato após a sublevação – revolução ou golpe de Estado – dos meios de comunicação de massas, ai desenvolve a "propaganda" que legitimará o seu governo ilegítimo. Foi assim no comunismo de Stalin, no nazismo de Hitler, no fascismo de Mussolini, no regime de Vichy, na França, em 1940-44, e aqui no Brasil no período da ditadura militar, e outros tantos exemplos que não caberiam aqui.
Com a imprensa livre o governante totalitário inviabiliza o seu regime de governo, pois sem a manipulação das noticias e das massas e a censura, ele pouco ou nada fará. De 27 a.C até a eclosão da Revolução Francesa, em 1798, período em que fomos governados por reis e monarcas, a liberdade de expressão não passou de sonho recalcado da humanidade. O poder imperial foi propagado num mantra ao povão que era obra "divina" e que os súditos tinham obrigatoriamente de obedecer às leis e ordens dos soberanos, daí ter saído à trilogia depois de consumada a Revolução Francesa: Liberdade, igualdade e fraternidade.
Observem que na China pouco se sabe daquele regime totalitário e a pena de morte é aplicada sem que se saiba dos julgamentos e da quantidade de sacrificados. Na Rússia, mesmo após o stalinismo, não se sabe de quase nada por lá e a imprensa russa é apenas também uma ficção. Recentemente vimos à aberração que foi a eleição no Irã, a imprensa foi a primeira a ser castrada e proibida de informar ao mundo as manifestações contra a indigitada corrupção eleitoral iraniana.
No Tibete, território controlado pela China, chega-se a monitorar e levar ao crivo da censura todas as noticias produzidas naquele paraíso afásico.
Deve se louvar e enaltecer iniciativas como a do Observatório da Imprensa, mas faço apelo aos preclaros articulistas e leitores que defendam a liberdade de imprensa e de expressão no seu sentido mais amplo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Demagogia democrática - Artigo - Diário do Nordeste


Debates e idéias

Demagogia democrática

Os chefes do partido democrático de Atenas, na antiga Grécia, na época da guerra do Peloponeso – em referência ao herói mitológico Pélope que teria conquistado aquela península - eram conhecidos por “demagogos” e curiosamente a palavra demagogia foi inserida na literatura política como sendo pejorativa e sinônimo de político inescrupuloso, hábil e mentiroso e a política tornou-se assim jocosa. Jean-Jacques Rousseau desconfiava de que não houve democracia na Grécia antiga e não acreditava que um dia a mesma viesse a ser efetivada plenamente devido a sua complexidade. Sempre quem elege os políticos na democracia, com honrosas exceções, são as elites que usam da esperteza para manipular e confundir a opinião pública. Não há voto livre, pois na maioria das vezes o eleitor vota por amizade ou por falta de opção e não raramente vende seu voto, ou seja, não há compromisso com o bem-estar coletivo e a democracia. Discursos eloqüentes e sofismaticos durante o período eleitoral “encantam” o eleitor nos comícios e se gasta milhões de dólares em campanhas para eleger os candidatos e não se vê projetos em prol da população que sempre fica refém desse ou daquele grupo político regional, mas num povo esclarecido e critico isso não aconteceria. É comum o político mudar o discurso após ser eleito, por questão de sobrevivência no sistema, isto não é desonestidade, é o jogo, pois a mentira faz parte da regra na política desde a Grécia antiga e ai entra a figura do demagogo e da demagogia. Os políticos que tentarem romper o sistema serão tragados e tidos como traidores e loucos, pois não terão espaço para se defender e sairão da política cabisbaixos e frustrados por não poder mudar absolutamente nada. Infelizmente o desejo democrático não é endógeno no homem, pois se verdade não fosse o voto não seria obrigatório e se votaria com prazer em prol do bem comum. A democracia sem demagogia somente funcionará quando houver consciência critica política do eleitor e onde não seja mais preciso o homem humilde vender o seu voto para se alimentar numa coação irresistível em desfavor do bem comum.
LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - Psicanalista

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Alerta vermelho - Artigo - Observatório da imprensa


VENEZUELA
Alerta vermelho

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 4/8/2009

No último dia 30, a promotora geral da Venezuela propôs a limitação da liberdade de expressão naquele país, alegando que algumas notícias poderiam atentar contra a ordem pública e a saúde mental dos venezuelanos, inclusive penalizando os jornalistas e as empresas de comunicação que divulgarem tais notícias "danosas" à Venezuela e ao ditador Hugo Chávez e seu dito governo esquerdista.
Não é a primeira vez que há embates contra a liberdade de imprensa e expressão na Venezuela e em outros países sul-americanos e como as revoluções são o resultado de vários movimentos, orquestrados ou não, não seria surpresa alguma se os "socialistas" fizessem uma contra o perigo iminente que a divulgação das verdadeiras notícias e as contradições dos esquerdistas fechando assim todos os jornais, rádios e redes de televisão na América do sul. Afinal, para que a imprensa divulgar diariamente o que já se sabe sobre a esquerda e os esquerdistas? Ou seja, são camaleões, pois mudam de discurso e de opiniões dependendo da situação – que o diga o Lula aqui no Brasil, que deu para culpar a imprensa por tudo que é escândalo que aparece no seu governo.
Quando o governante começa a se incomodar com a opinião pública e a reclamar da imprensa em geral, a população deve ligar o "alerta vermelho", pois esses regimes totalitários não sabem conviver com a pluralidade de opiniões e nem tampouco com as críticas da imprensa.
Há, neste momento, vários governantes na América do sul posando de socialistas sem uma definição clara do que é socialismo, talvez nem saibam o que falam. Observem que todos eles não se contentam com apenas um mandato; querem várias reeleições e para tanto não medem esforços para modificar o texto constitucional de seus países para que a mesma seja permitida enquanto governam, o que se poderia considerar quebra na regra do jogo político. O exemplo – e que "belo" exemplo – de Fidel Castro em Cuba, que governou por 49 anos, parece ser o desejo dos esquerdistas contemporâneos.
O vermelho usado pelos esquerdistas em suas bandeiras pedindo mudanças agora deve ser usado pela imprensa pedindo socorro à população para que reaja pacificamente e para que o totalitarismo não volte a ser uma ameaça global, como foi em décadas passadas.
Os esquerdistas adoram governos herméticos e endógenos, pois somente mostram o que querem e quando bem entendem. Na Coréia do Norte, por exemplo, há ameaça iminente de ataques de mísseis e ninguém sabe informações sobre aquela plaga, daí o perigo desses governos totalitários e que têm ojeriza à imprensa e à liberdade de expressão.

terça-feira, 28 de julho de 2009

LIBERDADE DE EXPRESSÃO - Artigo - Observatório da imprensa


LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Uma conquista inegociável

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 28/7/2009

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva vive criticando a imprensa por divulgar os escândalos do país, mas é bom Lula lembrar que não é a imprensa que cria os escândalos de corrupção e de falta de ética, pois pode-se até discutir a parcialidade desse ou daquele veículo de comunicação, mas dizer que há conspiração orquestrada contra o governo é subestimar a inteligência dos leitores e da opinião pública em geral. Antes de chegar ao Planalto central, a turma do Lula usava a imprensa, onde tinha aliados. Hoje, todos da mídia parece que acordaram para farsa que é a esquerda no Brasil, para denunciar desvios de conduta dos governos anteriores.
A liberdade de expressão, no seu sentido mais amplo, é conquista inegociável e custou todo o sangue derramado na Revolução Francesa e não podemos abrir mão dela. Se alguém se sente prejudicado ou mesmo ofendido pelos excessos propagado pela mídia, saiba que há remédio jurídico idôneo para se buscar reparação, tanto na esfera civil – dano moral – quanto na criminal – crimes contra a honra. Daí, não ser razoável limitar a imprensa.
Curiosamente, os governos comunistas e socialistas são preconceituosos em relação à liberdade de expressão e exemplos não faltam para ilustrar essa hipótese. Pode-se afirmar de forma peremptória que Marx e o seu marxismo, que deu égide ao esquerdismo, não tem qualquer apreço à liberdade de expressão. Stalin, na Rússia, dizia que não conversava com dissidentes, nem tampouco com opositores – mandava-os para os "paredões" de fuzilamento ou os "gulag" na Sibéria e Ucrânia para trabalhos pesados até a morte. Fidel Castro governou Cuba com mão-de-ferro e quem se atrevesse a criticá-lo era encarcerado e ainda hoje há críticos presos. O fascista italiano Mussolini, disse com apurada ironia a célebre frase que mostra como se comportam os totalitários: "Cuidado para não cairmos na armadilha fatal da coerência."
A esquerda é totalitária e Marx copiou Hegel também nisto, pois na doutrina deles é impossível conviver com a pluralidade de opiniões e/ou criticas. Lula e seus companheiros mudaram o discurso e as bandeiras da ética, moralidade pública e transparência foram baixadas para sempre. É contradição lutar por igualdade e ideologia e não respeitar a liberdade de expressão, bem como não aceitar opiniões contrárias, pois qualquer regime de governo que não respeitar o sacrossanto direito à liberdade de expressão deve ser declarado ilegítimo.

domingo, 26 de julho de 2009

Dia de palhaço - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Dia de palhaço

Genial humorista tinha quadro televisivo em que o personagem perambulava pelas ruas vestido de palhaço em protesto contra o “sistema”. Num belo dia, um garoto que passeava com a sua mãe, grita: - mamãe, olha o palhaço! O homem contesta: - eu não sou palhaço, estão me fazendo de palhaço, mas eu não sou palhaço. Podemos extrair a seguinte mensagem: as autoridades acreditam que a população é desprovida de inteligência e nos tratam como se crianças fossemos e que eles podem fazer o que quiserem e que não podemos reclamar de nada, até porque não adianta. Não acredito em regime político governamental algum, acredito sim, na força da sociedade civil organizada para soerguesse e nunca mais delegar poderes a quem não os merece. A história política da humanidade nos mostra de forma inequívoca que os erros se repetem e o que começa errado, terminará errado. No Império Romano foi assim, pois foi fundado por bandidos que queriam controlar os romanos e a omissão e ignorância da população criou a figura dos déspotas e dos reis e monarcas que tanto mal fizeram e fazem para a humanidade. Os filósofos que apelavam e pugnaram o uso da força como forma de resistência falharam, pois somente com a desobediência civil pacifica poderemos novamente restabelecer a ordem. Não há necessidade de políticos, até porque não adianta tê-los e também não há qualquer esperança de que este sistema atual funcione eficazmente e sem corrupção. A sociedade civil é que deve decidir o seu destino, pois os políticos perderam a vergonha e a legitimidade de seus mandatos e devem renunciar. Em Brasília, dentro dos três poderes da República, eu desconfio de tudo que se mexe, pois quase tudo lá se resume a esquemas de barganhas e de negociatas e a pátria cambaleia marchando para a derrocada. Estou propondo transformamos o “dia da eleição” em “dia de palhaço” e fica combinado então que na próxima eleição vamos protestar de forma pacifica, pois compareceremos às urnas com aquele nariz vermelho de palhaço e anular o nosso voto, pois em assim sendo, os políticos saberão de uma vez por toda que o povo não é palhaço.
* Psicanalista

domingo, 12 de julho de 2009

Modelo comunista - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Modelo comunista

O embrião das idéias socialistas emergiu do sangue derramado na Revolução Francesa e a expressão “de esquerda”, foi cunhada no auge da sublevação e ser “de esquerda” era sinônimo de lutar por igualdade. Com a derrubada da burguesia do poder e a guilhotinada no soberano Luis XVI, consumou-se a revolução e as idéias libertárias refletiriam doravante em todo o mundo, mas foi a obra incompleta teórica de Karl Marx que deu égide ao comunismo e há diversas leituras marxistas. Na Revolução Russa de 1917, liderada por Lênin, e depois Stalin, derrubou-se o governo e impôs o comunismo que pregava a redenção dos soviéticos, mas matando milhões de opositores e dissidentes do comunismo e mandando outros tantos para os “gulag” na Sibéria e Ucrânia – análogos aos campos de concentração. A Mongólia, em 1921, foi o segundo país a adotar o comunismo e lá também houve genocídio para a instalação e a manutenção do utópico comunismo. Mao Tsé-Tung, estadista chinês, que pregava a tomada do poder pelo proletariado e a revolução cultural durante a construção do socialismo, invadiu o Tibete, em 1950, matando um milhão e duzentos mil inocentes e inofensivos tibetanos usando o argumento de que estava “libertando” o Tibete dos tibetanos – quem quiser que tente entender. Fidel Castro governou a ilha de Cuba por 49 anos e executou milhares e quem se atrevesse a criticá-lo era encarcerado – ainda hoje há críticos presos. O processo de decadência e a falta de expectativas arruinaram a sociedade cubana. O tresloucado Pol Pot implantou no Camboja, em 1975, o comunismo, e pela força quis transformar a sociedade, pois todos deveriam ser iguais – delirava que conseguiria uma “sociedade perfeita” -, mas o massacre de milhões arruinou-o e seu governo foi considerado genocida. O comunismo é totalitário e Marx copiou Hegel também nisto. É contradição lutar por igualdade e ideologia matando as pessoas, bem como não aceitar opiniões contrárias, pois qualquer regime de governo que não respeitar o sacrossanto direito à vida, à liberdade de expressão e à dignidade humana deve ser declarado ilegítimo.
* Psicanalista

domingo, 28 de junho de 2009

Suicídio explícito - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Suicídio explícito

A vida não é céu de brigadeiro, mas nada justifica o suicídio. Em determinadas fases da vida o sujeito pensa em desistir do viver, como se a vida fosse uma maratona e o maratonista sente-se cansado no meio do trajeto. Isto é normal, mas alimentar a idéia fixa de suicídio constitui processo obsessivo dos mais delicados e que merece a atenção de toda a sociedade e todas as religiões repudiam o suicídio. O sujeito começa inocentemente a alimentar na mente a idéia suicida e esta começa a ganhar dimensão que foge ao controle e quando menos se espera acontece o malfadado ato. Extrai-se das cartas e bilhetes deixados pelos suicidas – apenas 25% escrevem – um intenso sofrimento e total desilusão pela vida, acreditando que encontrarão na morte a felicidade, mas não é sábio e razoável embarcar para continente desconhecido deixando questões em aberto. Há neste momento milhares de pessoas equivocadamente pensando em cometer o suicídio e sabendo desses pormenores – ou maiores – somente cometerão se quiserem e devem assumir o risco e a responsabilidade das conseqüências do ato egoístico, pois causará por gerações reflexos nada nobres para sua família e a sociedade. O sofrimento é inevitável, mas pode ser superado por diversos meios, pois este faz parte da condição humana e sem o sofrimento nada aprenderíamos e seriamos eternamente imaturos. Toda mudança, até as positivas, causa desconforto e apreensão na mente humana, mas devemos aprender a lidar com essas questões sem alimentar idéias extremistas e equivocadas. As desilusões afetivas têm arrastado milhares de pessoas ainda hoje ao suicídio, mas se tivessem abandonado as ilusões e lembrado que somos seres humanos e imperfeitos, dificilmente haveria suicídio nessa delicada seara. Antes não se falava de suicídio claramente com receio de que novos casos acontecessem, mas deve-se sim falar e abertamente, pois, em última análise, o esclarecimento tem salvado muitas vidas por conta da falta de alguém que grite e diga para todos que o suicídio é a pior de todas as “estratégias” que possam existir para se estancar o sofrimento humano.
* Psicanalista

sábado, 13 de junho de 2009

Quem avisa amigo é - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Quem avisa amigo é

Nestes dias sombrios em que experimenta a humanidade, nada mais sábio do que rever situações para que não haja repetições no futuro de fatos negativos que podem verdadeiramente ser evitado. A quase totalidade das pessoas está presa ao passado e isto é péssimo, pois fica remoendo situações que não poderão mais ser modificadas e alimentando sentimento de culpa, ódios e remorsos que, em ultima análise, causam desconforto e males à saúde física e mental do sujeito.Todas as pessoas acometidas de transtornos mentais, de uma forma ou de outra, queixam-se de sentir-se culpadas até por fatos que nada tem a ver com elas. As pessoas potencializam e chegam a glorificar fatos negativos que aconteceram no passado, mas não fazem o mesmo com os positivos, quando chegam até a anular estes. O mundo não é perfeito, as pessoas também não o são, portanto, não é sábio buscar a perfeição nas coisas e nas pessoas. Nada mais cruel e sem sentido do que a consciência de culpa, pois alguém sentir-se culpado de algo nada resolve e acaba sendo tortura mental – obsessão. Ninguém nasce com “manual” de como não errar na vida e esta é desafio para todos. Não é qualquer vantagem para quem quer que seja alimentar ódio e sede de vingança no coração. Não há atitude mais sábia neste momento do que se livrar do passado, independente do que tenha acontecido. Não é sem causa que os livros antigos falam no perdão e na necessidade da reconciliação dos semelhantes – corre e reconcilia com o teu inimigo, enquanto o tem no teu caminho. Deve-se olhar para frente e abandonar o passado e ter-lhe como algo que foi importante para se chegar até aqui, mas que importância e valor algum tem mais. A regra fundamental e inexorável na vida é saber viver sem a prisão do passado, para se ser livre é preciso desistir do que se passou. Decepções todos têm, mas para nada serve mantê-las, salvo para ilustrar o livro da vida no capitulo das experiências. Quem consegui se libertar do passado e perdoar a tudo e a todos, adentra no caminho da grande libertação. Lembre-se do sábio e antigo ensinamento: quem avisa, amigo é.
* Psicanalista

sábado, 30 de maio de 2009

Vida indefesa - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Vida indefesa

Os defensores da pena de morte usam o argumento bíblico da vingativa Lei de Talião, onde tudo deve ser revidado na famosa e malfadada expressão: olho por olho; dente por dente. Surpreende os intelectuais e filósofos usarem esse vetusto conhecimento para justificar as suas hipóteses, pois é da barbárie que nasce a desorganização da sociedade e o sentimento de vingança que perdura no sujeito por gerações. As principais religiões do mundo – Judaísmo, Cristianismo e o Islamismo, de uma forma ou de outra, vivem em disputas políticas e executam seus adversários, o que acaba sendo contradição, pois pregam a paz usando violência. Santo Tomás de Aquino era fervoroso defensor da pena de morte e em 1978 o episcopado francês publicou “Elementos de reflexão sobre a pena de morte” onde lamenta o apoio histórico da Igreja Católica a pena capital e apelava para a abolição da mesma na França, mas foi num discurso eloqüente na Câmara dos Deputados, em 30 de setembro de 1981, que o advogado Robert Badinter conseguiu eliminar a pena de morte da França e hoje qualquer país que quiser ingressar na comunidade européia deverá abolir a malfadada pena. Os Estados Unidos é o único país do mundo que se diz democrático que ainda autoriza a pena de morte e em 37 Estados. A China não abandonará a pena capital por questões demográficas e culturais e alguns países de cultura muçulmana por questões religiosas autorizadas pelo seu livro sagrado: o Alcorão. As contradições não param por ai, pois há vários grupos que lutam pela abolição da pena de morte e são favoráveis ao aborto e outros tantos em posição contrária. Robespierre era contrário à pena de morte e foi “vitima” da contradição, pois apoiou a condenação de Luis XVI por traição ao povo, mas após a guilhotinada no soberano ele também sucumbiu no cadafalso. Filósofos, veja só, até Platão, estadistas, que o diga Hegel, e iluministas, leia-se Rousseau e Kant, por exemplo, defendiam a pena capital. A pena de morte nada resolve e é inadmissível e cruel e não permite reparo por erro judicial, pois morto não pode reclamar ação de Revisão Criminal.
* Psicanalista

sábado, 16 de maio de 2009

Pensamento humano - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Pensamento humano

A matriz do pensamento humano é platônica, pois apesar do posterior pensamento aristotélico ter se universalizado, pois tinha solução para tudo, entrou em declínio por conta do de Bacon e Galileu. Descartes inovou e ousou investigar a subjetividade como tal – Penso, logo existo. Teóricos racionalistas e empiristas trilham por caminhos diferentes, mas todos, além destes, buscam o mesmo objetivo, ou seja, chegar à verdade e a universalidade do conhecimento. Hegel é autor dos mais difíceis de compreensão, inclusive, tempos passados, intelectuais franceses ironizavam dizendo que iriam estudar Hegel na língua alemã, pois em francês era impossível compreendê-lo. A contradição é permitida na dialética hegeliana - Hegel chamava de lógica - e que esta busca a verdade e é, segundo Hegel, o estudo do pensamento. A primeira vez que o Estruturalismo é usado fora da linguagem, foi com Lévi-Strauss, que concluiu que o pensamento mítico não está no homem, mas o próprio homem é que é pensado nos mitos. O Estruturalismo é uma forma de análise e vários intelectuais surfaram ressuscitando idéias já existentes e colocando-as dentro de estruturas. Foi assim com Jacques Lacan que estruturou como uma linguagem o inconsciente e Lacan foi por demais otimista ao dizer que se levaria dali apenas 10 anos para que entendessem a sua obra, apesar de dizer que apenas releu Freud. Louis Althusser ganhou lugar de destaque na Sociologia ao fazer releitura da obra de Marx e estruturando-a, mas quem leu Marx viu que quem menos era marxista era o próprio Marx. A questão da tradução tem sido crucial para o pensamento, pois há textos dúbios e outros tantos incompletos por conta, ambos, de equívocos de tradutores. A hermenêutica faz-se necessária para leitura de vários autores, mas alguns textos são abordados e compreendidos ao bel-prazer do hermeneuta, sem falar que biografias foram manipuladas. A façanha para o deslindar do pensamento humano para a forma acessível e compreensível, dever-se-á a nova leitura de tudo que já foi escrito e dito até aqui, afinal, inteligência não pode ser usada como enfeite.
* Psicanalista

sábado, 2 de maio de 2009

Anestesia intelectual - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Anestesia intelectual

O caso Dreyfus é emblemático para a intelectualidade, pois o gigante da literatura francesa Émile Zola defendeu em carta-aberta, “Eu acuso”, o capitão Alfred Dreyfus, acusado injustamente pelo governo francês de alta traição. Zola recebeu apoio dos intelectuais, mas teve que fugir, porém o capitão Dreyfus foi absolvido e o governo pediu-lhe desculpa pela injustiça cometida. O homem somente é livre quando é independente, e o intelectual tem que pugnar por valores universais e não se aquietar com teses circunstanciais diminutas e que visam mais confundir do que esclarecer, pois o obscurantismo é incompatível com o intelectual, pois é justamente o contrário o seu papel na sociedade. A verdade dói para o leigo e incomoda os interesses dos poderosos – leia-se: elites - e dos grupos de pressão, mas não se pode ter medo de desagradar quem não quer saber da verdade e nem tampouco os governos, estes sim, odeiam a verdade. Os intelectuais, que escreviam com denodo nos matutinos criticando os desacertos dos governos anteriores, silenciaram, como numa conspiração silenciosa, e como se não mais houvesse os mesmos equívocos de outrora. A intelectualidade não pode se afastar nunca da razão, da justiça e da verdade, pois são valores universais e inarredáveis para o intelectual. Os eminentes professores universitários deveriam se insurgir contra o totalitarismo que se avizinha para que nunca mais a humanidade seja governada por pessoas descompromissadas com a ética e o coletivo.Acreditar em luta política partidária é desconhecer por completo a natureza humana, pois tradicionalmente os participantes desses movimentos mudam o discurso depois de eleitos. Não há compromisso com o coletivo, pois o único objetivo é vencer a eleição e, após consumado o fato, tratam os eleitores como num teatro de mambembe, onde o personagem imitando o bêbado fica falando nada com coisa nenhuma e a platéia fica rindo como se estivesse entendendo tudo. Os intelectuais parecem anestesiados e o seu silêncio acaba por deslegitimá-los junto à sociedade civil, pois o papel do intelectual é apontar as contradições.
*Psicanalista