Meu novo livro: Novas abordagens

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Juízes contra juízes - artigo - blog do Eliomar de Lima

   A briga entre a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, e as associações de magistrados no Brasil – alguns magistrados estão apoiando Calmon e a manutenção do Conselho Nacional de Justiça, a cada dia ganha novos capítulos e mostra um racha na categoria dos juízes. As associações classistas dos magistrados levantaram a tese absurda de que houve “quebra” do sigilo bancário de mais de duzentas mil pessoas ligadas ao Judiciário por parte do CNJ e que com isto a corregedora teria cometido crime de responsabilidade.
   O estopim da disputa começou com a liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, sustando as investigações de supostos privilégios para recebimentos no Tribunal de Justiça de São Paulo, em que o próprio Lewandowski, então desembargador, teria recebido. O maior interessado no sacrossanto princípio da transparência deveriam ser os juízes, pois é uma contradição ter que aplicar a lei contra casos análogos em que se cobra transparência e na própria categoria ser contra tal princípio – o sigilo bancário é um instrumento que protege apenas uma elite e não deveria existir, pois a grande maioria da população nem conta bancária possui.
   Parece, em tese, que estamos diante de oportunidade única para se passar o Judiciário a limpo, pois a reclamação generalizada entre os operadores do Direito por transparência e moralidade na Justiça já é pública e notória e não há argumentos capazes de sustentar a manutenção desse sistema falido e endógeno – a Justiça somente mostra o que quer.
   A elite do Judiciário ficou incomodada com as inspeções da corregedora Calmon nos tribunais, mas o CNJ cumpre apenas as suas atribuições constitucionais, que são: fiscalizar os tribunais e eventuais desvios funcionais de magistrados. No Império Romano, a máxima da moralidade, dizia: “Não basta a mulher de César ser honesta, tem que também parecer.” Nunca o pensamento de Thomas Hobbes (1588-1679) esteve tão em voga quando dizia que toda ação política visa beneficiar um grupo – os tribunais judiciais são órgãos de composição e de ação política…

 
Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista.

A água é sagrada - artigo - Diário do Nordeste

A vida emergiu de águas africanas, mas carregamos dentro do corpo quase todo nosso peso em líquidos. Água não se cria, ou seja, podemos usar somente a existente. No planeta Terra, 75% de sua superfície estão cobertos por água, no entanto, somente pouco mais de 1% dela é potável. Há evidências de que o povo maia desapareceu misteriosamente da América Central por conta da falta de água, pois a teria priorizado na construção das pirâmides. As guerras atuais já não são mais somente pelo petróleo, exemplo: a Etiópia disputa a água do rio Nilo com o Egito e vivem em permanente conflito. Na China, há ainda hoje comunidades em que pessoas nunca tomaram um só banho completo por escassez de água. Em Israel, a severa seca fez com que se criasse um sistema de irrigação de gotejamento para a produção agrícola e a água é quase toda bombeada do mar. Em Valência, na Espanha, há o Tribunal das Águas composto pela comunidade para dirimir as questões do abastecimento de água; e em várias culturas há o ritual do "culto a água". As previsões sobre a privação da água no planeta é preocupante, pois não há consciência ecológica e a falta desse ouro líquido poderá dificultar a vida de muitas metrópoles - no Nordeste, o povo humilde da caatinga sofre há séculos com as constantes secas. Adam Smith, autor de, "A riqueza das nações", apontou a contradição: "Os homens valorizam os diamantes, que não precisam para viver, mas desprezam a água, que é fundamental para a vida". A água é tão importante e vital para a civilização que a palavra "água" é citada na Bíblia mais até do que o verbete "amor"...



Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

domingo, 11 de dezembro de 2011

A verdade é o remédio - artigo - Diário do Nordeste


Os bastidores do mercado de remédios são algo assustador e merecem reflexão do leitor, pois se trata de uma indústria bilionária e que não para de crescer - em 2002, faturou U$$ 400 bilhões de dólares (Angell, 2010). O ex-presidente dos EUA, George W. Bush, o pai, era diretor do gigantesco laboratório farmacêutico Eli Lilly, mas poderia ser coincidência, porém, o ex-diretor de orçamento da Casa Branca, Mitchell E. Daniels Jr. era vice-presidente sênior da Eli Lilly; e o ex-secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld era diretor presidente do laboratório G. D. Searle - hoje Pfizer. Os laboratórios farmacêuticos jogam pesado para chegar aos objetivos e há uma rede de corrupção e de promiscuidade, em que, até artigos pseudocientíficos para legitimar e propagar as vendas dos remédios, podem ser "comprados" de cientistas (!). Os laboratórios farmacêuticos sempre dizem que seus preços são altos por conta dos custos, principalmente o P&D (pesquisa e desenvolvimento), mas gastam mais é com marketing e "mimos" para os médicos e toda a rede interligada. O Prozac, aprovado em 1987, pelo FDA - Food and Drug Administration dos EUA-, chegou a ser tido como um "milagre" no tratamento da depressão e o laboratório Eli Lilly explodiu suas vendas, mas em agosto de 2001, o Prozac perdeu sua patente e foi substituído pelo genérico fluoxetina cerca de 80% mais barato, sugerindo que os lucros dos laboratórios são astronômicos. A fabricante do Prozac modificou-o, por causa da patente perdida, e transformou-o no Safarem para combater sintomas pré-menstruais, mas com preço bem mais alto, o que levou as mulheres a se sentirem enganadas quando descobriram. Fabricantes de remédios para hipertensão arterial, na calada da noite, anunciaram que há pré-hipertensão arterial quem tem pressão de 120 por 80 e 140 por 90, ampliando assim, o universo de usuários desses remédios sem nenhum estudo sério. A psiquiatria hoje está a serviço da indústria farmacêutica sem qualquer remorso e os remédios prescritos, além de causarem efeitos colaterais, apenas "controlam" os sintomas...



Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista