Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

domingo, 23 de setembro de 2012

A Heloísa de Rousseau - artigo - Diário do Nordeste


Nenhum outro romance provocou tanto furor e inundações de lágrimas nos leitores daquela época como, "A nova Heloísa", de Jean-Jacques Rousseau. Lançado em 1761, "A nova Heloísa", tornou-se o livro mais vendido no século XVIII e projetou Rousseau no cenário literário com esse romance baseado em cartas escritas durante 13 anos, de 1732-45. Rousseau inaugurou um novo estilo de leitura que foi considerado uma revolução na literatura, assim como Montaigne criou um novo gênero literário no século XVI, os Ensaios, Rousseau trouxe o leitor de volta para vivenciar a leitura - Rousseau era obcecado pelo tema "leitura" e em, "Emile", sugeriu que a criança aprendesse a ler tarde: "quando estivesse madura para o aprendizado".
A procura pela "A nova Heloisa" rendeu setenta edições publicadas antes de 1800, mas mesmo assim, os livreiros ainda tinham que alugar livros por dia e até por hora para suprir a demanda da "A nova Heloísa" - em 1880 o livro chegou a 100ª edição. No primeiro prefácio de "A nova Heloisa", Rousseau diz: "Teatros são necessários para as grandes cidades e os romances para os povos corruptos". À primeira vista, foi uma contradição, porém, Rousseau tentou explicar, sem sucesso, nos outros prefácios: "Este romance não é um romance", pois dizia que era uma coleção de cartas entre dois amantes que viviam numa cidadezinha ao sopé dos Alpes e que ele seria apenas o editor. Naquela época, era comum os romances surgirem de forma anônima devido ao puritanismo e ao regime e Rousseau assumiu a autoria de "A nova Heloísa" que foi considerado um texto sentimentalista e pré-romântico. Em suas "Confissões", o brilhante Rousseau reconhece suas falhas morais e tenta explicar o abandono dos seus cinco filhos num orfanato alegando que seriam educados melhores do que se estivessem com ele e a sua esposa, Thérèse Levasseur - afinal, ninguém é perfeito...
Em fevereiro de 1777, Rousseau publicou uma "carta aberta" pedindo socorro financeiro em troca dos direitos autorais de seus manuscritos publicados e inéditos, porém, após a morte de Rousseau, muitos textos anônimos foram lhe atribuído autoria sem que haja prova da autenticidade. Rousseau desejou em, "A nova Heloísa" prestigiar os relacionamentos afetivos verdadeiros dando-lhes corpo e alma...


Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista









terça-feira, 18 de setembro de 2012

Palestina urgente - artigo - Observatório da imprensa


Fiquei surpreso com a quantidade de contradições que descobri na Palestina quando lá estive. A mídia internacional não tem sido imparcial com os fatos históricos e contemporâneos que estão ocorrendo na Palestina, pois há nítida influência do sionismo nas matérias. Nos EUA, por exemplo, nada sai de positivo acerca da questão palestina e o New York Times somente prestigia com benevolência em seus comentários livros pró-Israel. Há anos, a Liga Israelense de Direitos Humanos divulga informações sobre a demolição de residências, a expropriação de terras, o tratamento dos trabalhadores, a tortura e a detenção ilegal de árabes e palestinos muçulmanos, mas quase nada é publicado sobre o tema.
Outra prova de boicote à questão palestina foi a divulgação do relatório “Insight” pelo jornal londrino Sunday Times, em 19 de junho de 1977, relatando as torturas aos árabes e as prisões ilegais e afirmando que o Estado de Israel sabia de tudo mas fazia vista grossa; bem como os relatórios da Anistia Internacional e da Cruz Vermelha, corroborando as atrocidades, mas, com exceção do Globe, de Boston, nada saiu nos EUA – artigos de opinião pró-palestinos nos jornais são quase inexistentes.
Não se veem na mídia debates acerca do descumprimento de Israel da Resolução nº 242, de 22 de novembro de 1967, da Organização das Nações Unidas – ONU –, que determina que Israel devolva aos palestinos as terras ocupadas na Guerra dos Seis Dias naquele ano. Esse descumprimento, inclusive, tem sido apontado como o principal obstáculo para a paz entre judeus, árabes e palestinos muçulmanos.
Devido ao clima severo, a escassez de água potável e para agricultura na Palestina tem sido um problema sério, inclusive na Faixa de Gaza. Quase toda a água usada pelos palestinos é imprópria para o consumo humano — as nascentes e as fontes de água potável tornaram-se o bem mais precioso naquela desértica região.
O muro de segurança na Cisjordânia começou a ser construído por Israel em 14 de junho de 2002, alegando-se que é para evitar ataques terroristas. Porém, tem inviabilizado a vida social e econômica de várias comunidades palestinas, pois as terras deixaram de ser contíguas e a mídia tem sido omissa ao não mostrar essa realidade. Os sangrentos ataques contra os palestinos armados de pedras nas fronteiras limítrofes a Israel pelo Haganah – exército israelense – foram denunciados até por militares israelenses dissidentes e isso começou a mudar lentamente a visão da opinião pública em relação à questão palestina. Porém, os palestinos ainda estão sem voz e vez na mídia internacional...



Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista, Fortaleza, CE



sábado, 8 de setembro de 2012

Palestina milenar - artigo - Diário do Nordeste


Após a queda do último governo da Judéia e a destruição de Jerusalém, no Oriente Médio, em 70 d.C., essa região mudou de nome e passou a ser conhecida como o país dos Filisteus, ou, Palestina, pois o desejo do Império Romano era desjudeizá-la. A Palestina transformou-se ao longo desses dois milênios numa cultura genuinamente árabe e palestino-muçulmana, pois a grande maioria dos judeus emigrou em Diásporas para a Europa, África, Rússia e depois para os EUA. O Estado de Israel foi fruto do movimento sionista e a Organização das Nações Unidas - ONU - aprovou em 29 de novembro de 1947, a Resolução nº 181, que criaria o Estado de Israel e outro Palestino - o Estado Palestino ainda não foi reconhecido pela ONU.
Várias guerras foram deflagradas entre árabes e israelenses, mas a que é apontada como obstáculo para a paz foi a Guerra dos Seis Dias contra o Egito, a Síria e a Jordânia, iniciada em 5 de junho de 1967 - que resultou na Resolução da ONU nº 242, de 22 de novembro de 1967, que determina ao Estado de Israel a devolução das terras ocupadas aos palestinos. As diversas tentativas de acordos para a paz entre árabes e israelenses naufragaram - Oslo I e II, Camp David, Taba e Mapa da Estrada - e a regra era quase sempre ofertar terras pela paz. Em 14 de junho de 2002, Israel começou a construção de um muro na Cisjordânia (Samaria e Judeia, nome bíblico), alegando que é para segurança dos israelenses por causa dos atentados terroristas, mas inviabilizou a vida social e econômica de várias comunidades palestinas que dependem das áreas contínuas para sobrevivência.
A Faixa de Gaza hoje é uma prisão a céu aberto e de difícil acesso, pois com o bloqueio econômico, os palestinos muçulmanos em Gaza dependem do fornecimento de alimentos e outros gêneros do Egito e de Israel. Dos 14 milhões de judeus no mundo, apenas 5.640.000 vivem em Israel, na Palestina, porém, é preciso urgência para uma solução pacífica viabilizando que judeus, árabes e palestinos muçulmanos possam viver em paz como irmãos. As barreiras militares de fiscalização nas estradas, o muro de segurança na Cisjordânia, ao longo do território palestino, bem como a "guerra psicológica" e a tensão termonuclear no Oriente Médio, mostram que a questão palestina diz respeito a toda civilização...


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista