Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Religião, a rainha das manipulações - Artigo - Observatório da imprensa

INFORMAÇÃO & FRAUDE
.
Religião, a rainha das manipulações
.
Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 9/2/2010
.
Desde tempos imemoriais há no homem o desejo de manipular os demais; e diversos artifícios foram utilizados para tanto. A religião, rainha das manipulações, ainda hoje milagrosamente sobrevive quase sem contestação de sua veracidade e eficácia. A Bíblia é o livro mais vendido no mundo e também o mais controvertido, visto as inúmeras traduções, fraudes e adaptações sofridas no decorrer da história. Na Europa moderna, a Bíblia foi traduzida para 51 línguas entre 1456 e 1699; e textos ditos sagrados foram desmascarados, como o que transformou o soldado Iñigo – ferido na batalha de Pamplona, em 1521 –, que organizava festas e gostava mais de corridas de cavalo do que de missas, em santo Inácio de Loyola. Numa das traduções da Bíblia para o português, o tradutor confessou sem remorsos tempos depois ter cometido dois mil erros involuntários.
Difícil acreditar em tradução literal ao texto original na Idade Média, pois os dicionários bilíngües apareceram somente em 1580, francês-inglês; 1591, espanhol-inglês; 1596, francês-alemão etc., e a maioria dos europeus continentais não falava inglês e somente após a metade do século 17 é que virou costume o uso da língua inglesa.
Neste século, o holandês Adriaan Koerbagh publicou um dicionário de termos legais no vernáculo a fim de auxiliar as pessoas comuns a não serem manipuladas pelos advogados que já usavam linguagem hermética; e a tradução da Arte della guerra, de Maquiavel, para o espanhol acabou transferindo o diálogo do livro da Itália para a Espanha e transformou os dois interlocutores italianos em espanhóis.
O periódico do século 18 Gazette de Leyde, publicado em francês na República Holandesa de 1677 a 1811, intitulado originalmente Traduction libre des gazettes flamandes et autres (Tradução livre de gazetas flamengas e outras), disponibilizava para os leitores franceses notícias que geralmente não eram publicadas na imprensa da França.
As piadas, por exemplo, são outro problema nas traduções, pois as anedotas são locais e não universais, e ficam sem graça quando muda de cultura, daí os tradutores, muitas vezes de boa-fé, tentarem adaptá-las. Passíveis de discussões são os textos que exigem hermeneutas e/ou exegetas; e há inegável influência do editor e do tradutor nas obras, pois há livros inconclusos e outros tantos "ganharam" capítulos extras depois de repetidas edições, mesmo os autores já tendo falecidos.
A manipulação age indissociável da civilização de forma incontrolável, pois dá prazer aos manipuladores e somente pelo olhar crítico dos fatos e das coisas é que o sujeito consegue livrar-se dela.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Imprensa sem remédio - Artigo - Observatório da imprensa


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
.
Imprensa sem remédio
.
Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 2/2/2010
.
A Organização Mundial de Saúde – OMS – anda na berlinda internacional por conta do exagero que deu nos seus alarmes em relação à iminente pandemia de gripe suína, ou H1N1, mas os laboratórios farmacêuticos comemoram o aumento nos seus faturamentos a cada nova "ameaça" de pandemia. Há acusações graves no meio intelectual, sem que haja contestações de que alguns artigos científicos são assinados por notáveis para legitimar pesquisas para o uso de certas substâncias em prol dos bilionários laboratórios.
Há quem diga que eles criam as doenças em laboratórios e depois "desenvolvem" o princípio ativo capaz de debelar o que eles mesmos criaram. Nesse ínterim, artigos começam a "florescer" na mídia, falando da doença e descrevendo os seus sintomas – daí o leitor desprevenido começar sugestivamente a achar que tem a mesma.
No filme O jardineiro fiel é possível pensar, numa primeira análise, que o cineasta exagerou no roteiro, mas é justamente o contrário, pois quem já foi ao continente africano conclui que o filme é até benevolente para não chocar os cinéfilos. Numa apertada síntese, o filme desmascara a indústria farmacêutica que usa os pobres dos africanos como cobaias humanas para suas "experiências" macabras.
Não há caridade no capitalismo, muito menos quando se trata de remédio, pois tudo gira em prol do lucro; e de uma hora para outra toda a civilização ficou doente e já é quase fora de moda quem não tem algum tipo de transtorno mental que necessite de remédio.
O foco da mídia é somente nas drogas ilícitas e que sofrem, ou deveriam sofrer, repressão do Estado, mas as legais – sem ironia – são vendidas sem controle e os devidos alertas dos danos irreversíveis que causam à saúde. Há sujeitos usando ansiolíticos e anti-hipertensivos há décadas, mas não há efeito sem causa e os remédios agem apenas nos efeitos e somente "controlam" o sintoma. Se a OMS e os laboratórios conseguiram manipular a mídia para a falsa iminência de pandemia da gripe suína, por exemplo, por que não usamos o método em contrário e alertamos todos por meio da mesma mídia dos perigos dos alertas da OMS e dos riscos para saúde pública do uso indiscriminado e indefinido desses medicamentos?
Não existem tantas doenças que correspondam à infinidade de medicamentos disponibilizados nas farmácias e os antipsicóticos, por exemplo, agem como "camisas-de-força-químicas" e não curam – aliás, esta palavra não existe nos manuais farmacêuticos. Pior do que a dependência química e os efeitos colaterais dos medicamentos é o silêncio sobre o assunto que parece que não tem remédio que dê jeito.