Pode parecer utópico um acordo entre
israelenses e palestinos, mas houve no fim do ano passado, não para viverem em
paz e solucionarem de vez a questão territorial já definida na Resolução da ONU
nº 242, de 22 de novembro de 1967, em que manda
Israel devolver as terras ocupadas ilegalmente na “Guerra dos Seis Dias”, pois
o acordo foi para transposição de águas para a sobrevivência de todos naquela
beligerante região. O acordo tentará salvar o “Mar Morto” que seca sem tréguas
por conta do uso contínuo da água e vai trazer do “Mar Vermelho” água
canalizada para dessalinização e beneficiar assim Israel, Jordânia e o que
sobrou da Palestina.
Ao contrário do senso comum, Israel não é o
“paraíso perdido” da solução de autossustentabilidade de água em tempos de
chuvas escassas ou em solo de seca severa, pois a tecnologia do “gotejamento”
foi importante para a agricultura israelense, bem como a dessalinização da água
para o consumo humano, mas com a ampliação dos assentamentos pelo povo judeu na
Palestina, a água tornou-se um problema de vida e de morte para os judeus e os
palestinos. A “Guerra Dos Seis Dias”, entre Israel, Egito, Síria e Jordânia,
iniciada em 5 de junho de 1967 por Israel, tinha como pano de fundo a busca por
recursos hídricos —água —, pois Israel já antevia o colapso de água no seu
Estado e somente na Cisjordânia concentram-se 30% de toda a água da Palestina,
daí a resistência de Israel em cumprir a Resolução nº 242 que manda devolver os
territórios ocupados — a Cisjordânia, a Faixa de Gaza,
Jerusalém Oriental, as colinas de Golan, na Síria, e o Monte Sinai, no Egito —
o Egito fez acordo unilateral com Israel e recebeu de volta o Monte Sinai.
A questão da escassez de água
potável é global e gravíssima e não há solução tecnológica que possa garantir
de forma peremptória o abastecimento perene desse precioso líquido para as
populações...
Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista