Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

terça-feira, 31 de maio de 2011

A inveja na análise - artigo - Diário do Nordeste

No dia 31 de agosto de 1885, Sigmund Freud destruiu seus manuscritos inéditos, pois já estava desconfiando de seus futuros biógrafos. Freud, quando começou a publicar seus trabalhos, despertou inveja dentro e fora da psicanálise, pois tratava dos temas humanos sem medos ou receios de críticas, e revelava as suas descobertas; e isso deu-lhe projeção internacional. Freud recebia visitas de toda parte do planeta em sua casa em Viena, na Áustria, mas alguns visitantes que ele não pôde receber, por questão de tempo, saíram difamando-o. Outros inventaram histórias sem indícios de prova contra Freud; uma das mais recorrentes é a que teria tido um romance com a sua cunhada, Minna; outra, era de que a sua relação com o amigo Wilhelm Fliess teria ultrapassado o campo da amizade. Freud foi um gênio solitário, talvez agisse assim para não ser tragado pela inveja que, sem querer, despertou em muitos dos seus contemporâneos. Freud ficava impressionado em notar como a ferramenta da análise não estava ajudando alguns psicanalistas. Jacques Lacan, outro gigante da psicanálise, que fez fortuna escrevendo sobre o tema, também foi alcançado pela inveja e certa feita se saiu com um pensamento genial, dizendo: "Façam como eu, não me invejem". As críticas à psicanálise não são poucas, mas sempre é possível encontrar nelas as digitais da malfadada inveja, inclusive, lançaram um livro intitulado: "O livro negro da psicanálise" onde se compendiou vários textos que já estavam publicados, fazendo um virulento ataque à psicanálise; outro mais recente, "O crepúsculo de um ídolo", ataca Freud e o freudismo, mas o seu autor recusou um convite ao debate público feito pela eminente professora francesa, Elisabeth Roudinesco que rebate em suas abordagens todas as acusações contra Freud e a sua doutrina. É preciso ficar atento, pois a psicanálise dá uma contribuição fantástica à civilização e não pode o seu conhecimento iniciado por Freud ser desprezado por conta da inveja de alguns. O mestre Freud teorizou sobre a inveja dizendo: "Quando Pedro fala de Paulo, ele fala mais de Pedro do que de Paulo".

Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

sábado, 21 de maio de 2011

A política do terror - artigo - Diário do Nordeste

Beira o deboche a malfadada política americana e a sua propagada luta permanente contra o terrorismo. O caso mais gritante foi o do recente suposto assassinato do terrorista Osama bin Laden. Têm-se evidências que Bin Laden já estava morto há tempos e as imagens exaustivamente reproduzidas pelas agências de notícias internacionais eram de um sósia dele. O governo deixa apavorado os americanos com anúncios de iminentes perigos de terrorismo "coincidentemente" quando chegam perto eleições ou quando querem desviar o foco de alguma outra questão, mas não dá qualquer pista dos possíveis locais, horários e dias em que possam acontecer esses atentados. Na verdade, tudo gira em torno do poder e da busca do vil metal e não há ética e/ou escrúpulo para se chegar ao objetivo, pois o capitalismo não respeita o homem, a família e a sociedade - os fins justificam os meios -, já dizia Maquiavel. A rentável indústria para o "combate" ao terrorismo já ganhou trilhões de dólares e as supostas ameaças não cessam, pelo contrário, a cada dia eles apontam um novo foco terrorista. Os EUA precisam ter sempre um "inimigo" perigoso para justificar as guerras e a manutenção do poder . A independência dos EUA se deu em 4 de julho de 1776 e desde que o petróleo foi descoberto, em 1859, a política americana transformou o planeta num campo de guerra para satisfazer o desejo de consumo do chamado ouro negro na América, pois já em 1947, 80% de todos os veículos do mundo rodavam em solo americano e era preciso sustentar a dependência incontrolável por petróleo. O Oriente Médio possui no seu subsolo uma grande riqueza de petróleo, portanto, as guerras por lá não são para "libertar" aqueles povos da opressão de seus impiedosos ditadores, mas sim, para garantir a exploração e a produção de petróleo. Especialistas afirmam que já se consumiu metade das reservas de petróleo existentes desde a sua descoberta e, como o futuro do ouro negro parece sombrio, as guerras serão doravante por água potável e já se pensa qual será a mentira que os EUA usarão para justificar essas próximas guerras.

LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

terça-feira, 17 de maio de 2011

E o acordo ortográfico? - artigo - Observatório da imprensa

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 17/5/2011


 
   O Brasil foi signatário do acordo para uniformização da escrita da língua portuguesa entre os países que a usam e será obrigatório já em 2013. Na coleção "Viver, aprender – Por uma vida melhor", que o governo federal, por meio do Ministério da Educação, distribuirá para quase meio milhão de alunos do ensino fundamental e médio, a escrita da língua portuguesa está enviesada e permitida. A explicação oficial foi a de que se quer flexibilizar a língua escrita igualando à falada e tentar trocar o conceito de certo e errado para o que é adequado ou não. A língua portuguesa é uma das mais difíceis de escrever e de falar, devido aos regionalismos e à diferença entre a forma como é usada em outros países – tanto o é, que foi necessário o tal acordo ortográfico.
   Cada vez mais, os concursos públicos estão exigindo o uso correto da escrita da língua portuguesa. Frise-se, é um fato relativamente recente, pois somente de uns tempos para cá se inseriu a disciplina da língua portuguesa nas provas de todos os concursos, para evitar as gafes e os "linguicídios" nos documentos oficiais. Os alunos que se orientarem por essas obras que permitem o uso inadequado do português podem ter prejuízo se desejarem seguir algumas profissões como, por exemplo, Jornalismo e Direito, pois são duas áreas em que é condição sine qua non (sem a qual não) saber escrever corretamente o português.
   A quem irão reclamar esses alunos que foram induzidos ao erro com essa tal flexibilização da língua portuguesa? É uma contradição ser signatário de um acordo ortográfico para unificação da escrita e, logo em seguida, proclamar oficialmente que é permitido o uso inadequado da língua portuguesa. O uso inadequado da língua portuguesa produz efeitos jurídicos e uma vírgula a mais ou a menos pode mudar todo o sentido de um texto, causando assim danos à parte destinatária. O Ministério da Educação deveria recolher esse material e revê-lo para a sua aplicação somente da forma adequada – e não dando margem para que os alunos deformem ainda mais a nossa língua portuguesa. Há evidências de que não houve má-fé nesta propositura. Talvez negligência, mas não é sábio insistir nessa tese que flexibiliza a língua, se depois a exigirá na sua forma culta e imaculada. Qualquer aluno eventualmente reprovado nos exames de português que recorrer à Justiça alegando que aprendeu a língua de forma errada, anexando ao processo apenas a coleção do MEC "Viver, aprender – Por uma vida melhor", terá ganho de causa. Será que o Ministério da Educação esqueceu que o governo federal assinou o acordo ortográfico que uniformizará a escrita da língua portuguesa ou o acordo não mais valerá?

sábado, 14 de maio de 2011

O ódio de si no racismo - artigo - Diário do Nordeste

Volta e meia, o racismo toma conta do noticiário revelando novas vítimas e formas de demonstração do lamentável preconceito. Historicamente, sabe-se que a escravidão gerou o preconceito racial ainda na Antiguidade, pois entendia-se que era necessário manter a distância entre patrão e empregado, ou entre ricos e pobres, como é hoje. O preconceito na cultura racial desmembrou-se em diversas modalidades, pois não estacionou somente na cor da pele, mas sempre houve o equívoco de que a raça de cor negra deveria ser eliminada para "salvar" a branca e assim a civilização. Tentaram de tudo para o controle racial e a produção de uma nova raça: esterilização, eutanásia, eugenia, racismo científico e o darwinismo social, mas não conseguiram e nem conseguirão. O nazismo de Hitler ousou mais do que qualquer outro movimento higienista racial, pois queria criar a raça ariana e exterminar os judeus, negros, homossexuais, deficientes físicos e mentais, matando milhões de vítimas nos campos de concentração e de extermínio, mas também não conseguiu seu "objetivo". Alguns grupos de "skinheads" (cabeças raspadas) ou neonazistas, como também são conhecidos, agem como se fossem os donos do mundo, pois atacam preconceituosamente suas vítimas por conta do seu "ódio de si" que, na psicanálise, é comparável ao "ódio do judeu de si". Impressiona o desejo e o prazer deles ao agredirem violentamente as suas vítimas - algumas vezes matando-as -, sugerindo que querem anular algo a sua frente que não podem ser ou ter. Assim como há preconceito racial entre os negros, gays, lésbicas, etc, a homofobia seria um desejo homossexual reprimido. Os nordestinos quase sempre sofrem preconceito nas grandes metrópoles, pois são humildes e também são atacados por esses grupos extremistas "skinheads" que usam a violência para esconder o "ódio de si". Quem rejeita algo ou alguém é porque um dia foi rejeitado, daí o ciclo do preconceito que muitas vezes nasceu inocentemente no seio do lar num destrato a um colaborador doméstico e foi se repassando por gerações desde a escravidão...



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

terça-feira, 10 de maio de 2011

O espírito de uma época - artigo - Observatório da imprensa

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 10/5/2011

 

   A notícia do suposto assassinato do terrorista Osama bin Laden pelos EUA gerou mais dúvidas do que certeza do fato, pois as inúmeras versões apresentadas por "fontes" do serviços de segurança americano divergiram em quase tudo. Sem apresentar as fotos e/ou filmagens em que fosse possível reconhecer o corpo de Bin Laden, até para efeitos jurídicos patrimoniais da família dele, bem como por questão de sua religião – a islâmica –, fica difícil acreditar na versão oficial americana de que realmente houve a captura e o assassinato do maior terrorista do planeta. Há evidências de que Osama bin Laden era apenas um "mito do terror" para os EUA, pois sua imagem era sempre usada para justificar ações antiterroristas e violações de garantias constitucionais e leis internacionais.
   Curiosamente, os EUA sempre têm que ter um inimigo e a bolsa de apostas já está aberta para se adivinhar quem será o próximo escolhido para tal missão. Em 2007, um grupo de intelectuais independentes produziu um documentário com o título Zeitgeist, que é um termo forjado por Hegel e que denomina na língua alemã o "espírito de uma época". Longe de ser uma superprodução cinematográfica, os autores conseguiram provar de forma irrecusável e cabal que os ataques às torres gêmeas nos EUA em setembro de 2001 foram pura armação e que, comparando imagens televisivas, consegue-se ver que Osama bin Laden não era o mostrado, sugerindo que ele morreu já faz algum tempo — há cópia desse documentário legendada em português no Google vídeo.
   Também há ainda hoje uma "Comissão independente de investigação dos atentados do 11/9" nos EUA, composta por 400 membros, entre arquitetos e engenheiros, tentando entender aquele evento e há evidências de que foi mesmo uma conspiração para justificar as guerras no Afeganistão e a do Iraque.
   Na cobertura da suposta segunda morte do Osama bin Laden no Paquistão, na semana passada, a imprensa norte-americana embarcou suspeitosamente e quase sem questionamento na tese do governo americano de que o corpo de Bin Laden foi mesmo "enterrado no mar", que as fotos dele morto poderiam chocar a opinião pública etc. Resumindo: foi um deboche à inteligência humana. A glorificação e o destaque que a mídia internacional dá ao terrorismo não são proporcionais ao perigo que o terror representa, pois a probabilidade de alguém morrer num atentado terrorista é infinitamente menor do que num acidente de trânsito, por exemplo. O insistente anúncio pela mídia de iminente risco de terrorismo, sem sequer dizer possíveis dias, horas e locais, também pode ser considerado ato terrorista.

domingo, 8 de maio de 2011

A terra prometida - artigo - OPOVO/Espiritualidade

   Várias foram as destruições do templo sagrado dos judeus em Israel, mas mesmo assim, continua vivo o desejo neles de habitarem pacificamente a terra santa de que dizem ser os legítimos destinatários na promessa bíblica feita por Deus. Em Ezequiel, o profeta, é assustadora essa promessa, pois é quase todo o Oriente Médio que Deus promete aos judeus. O povo judeu era escravo no Egito e fugiu levando ouro e se espalhou – diáspora – pelo planeta, onde constituiu famílias e diversos negócios comerciais. Houve épocas em que era proibida a venda de terras na Europa aos judeus; e a sua emancipação – concessão de direitos políticos e sociais nos países cristãos – durou do século XVIII até a acessão de Hitler ao Partido Nacional-Socialista. Neste ínterim, surgiu a doutrina do sionismo, fundada por Teodoro Herzl (1860-1904), que esteve apenas uma vez na Palestina, que diz, em apertada síntese, que somente num Estado judaico, os judeus estariam seguros. Curiosamente, o maçom Napoleão Bonaparte, em 1799, inspirado no então espírito libertador da Revolução Francesa, convidou os judeus para juntarem-se ao seu exército e fundarem o Estado judaico na Palestina, mas não houve empolgação à ideia napoleônica e o plano de ambos foi adiado...
   David Ben Gurion (1886-1973), fundador do Estado de Israel, era admirador do bolchevista Lênin e de seus métodos de imposição de mudança cultural, mas a ideia do sionismo não era unanimidade entre o povo judeu e a insistência na retomada de Israel alimentou guerras, ódio e o antissemitismo. Após a fundação do Estado de Israel, na Palestina, em 1948, apoiada pela Organização das Nações Unidas – ONU – nunca mais o mundo dormiu tranquilo e passou a esperar atônito a próxima grande guerra, pois a hostilidade dos países limítrofes é intensa e recíproca.
   Jean-Jacques Rousseau, dizia que a terra era de todos, mas um dia certo homem resolveu cercar uma gleba e proclamou: “Esta terra é minha!”, os que viram ficaram calados e nada fizeram para impedir aquele gesto egoísta que causa ainda hoje à humanidade intermináveis discórdias e guerras. O intelectual israelense Amnon Raz-Krakotzkin disse com fino humor: “Nossa reclamação sobre esta terra é simples: Deus não existe e Ele nos prometeu esta terra”.


Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista.

sábado, 7 de maio de 2011

História de vida - artigo - Diário do Nordeste

Numa das versões do antiquíssimo conto árabe, "As mil e uma noites", é dito que o rei persa Shariar surpreende a sua esposa em adultério e não contendo a emoção, mata-a. Após essa tragédia real pessoal Shariar passa a se relacionar com várias mulheres, mas ao término da noite de orgias, entrega a mulher aos seus carrascos para que a exterminem. Shariar sentia prazer em matar as mulheres e assim foi por muito tempo até que Sherezade, filha de um Vizir - alto funcionário nos impérios muçulmanos - se envolver com o rei traído, mesmo sabendo do perigo iminente de morte. Porém, usa uma estratégia admirável para demovê-lo do seu desejo de se vingar do universo feminino por conta de uma traição. A cada noite, Sherezade conta uma história para Shariar e, quando fica fascinante e próximo ao término, deixa-a inconclusa para terminá-la na noite seguinte, deixando o rei curioso para saber o final. E assim foi por mil e uma noites... As histórias antigas de várias culturas trazem ensinamentos velados que precisam de compreensão para a elucidação; e, no caso da tragédia de Shariar, que até então parecia irreversível, apareceu uma mulher que foi capaz de conquistá-lo usando um método contrário ao processo da análise, ou seja, o rei apenas ouvia, ao invés de falar. A questão da traição conjugal está impregnada na cultura da civilização, pois é reprimida e até em livros ditos sagrados é recomendado o apedrejamento e a morte a mulher adúltera. Passou despercebido que a mentira engole o fato na traição, pois o sujeito se sente traído por conta da mentira e o fato - o eventual ato sexual - pode ser considerado algo acessório. Nos países de cultura muçulmana, a mulher que for surpreendida em adultério é apedrejada até a morte e a todo um ritual para prolongar o sofrimento e assim desencorajar as outras na prática do adultério - mas não há evidências de que haja diminuição da traição. Um fato chama a atenção na questão do adultério: a quase totalidade dos que traem dizem sofrer, mesmo que não sejam descobertos, sugerindo que podem ter caídos inconscientemente numa "armadilha" cultural...


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

terça-feira, 3 de maio de 2011

DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA - Observatório da imprensa


A data esquecida



Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 3/5/2011





   O casamento real do príncipe William com a bela duquesa Kate Middleton na semana passada, na Abadia de Westminster, na Inglaterra, mobilizou a atenção da mídia ocupando quase todo o noticiário internacional. A imprensa, açodada como sempre, divulgava fatos que ainda não tinham acontecido e buscava o “importantíssimo furo” que seria o vazamento da imagem do vestido da noiva, antes da hora do enlace matrimonial real.
   A cultura monárquica movimenta a Inglaterra pelo glamour, mas é contrária à questão da liberdade, pois, sem a democracia, os súditos contemporâneos não têm o poder de usar o sufrágio universal e escolher os seus representantes e têm que se acostumar com a perpetuação da família real e suas tradições e rituais nababescos. O curioso é que o planeta parou para ver a bonita festa, mas que é uma contradição à liberdade tão almejada na contemporaneidade e que tem levado povos a se “rebelarem” revoltosa e repentinamente. A monarquia da Inglaterra parece que ainda manda no mundo. Pelo menos nas suas festas oficiais, todos param obedientemente para vê-la. No entanto, outro evento que se comemora hoje, dia 3 de maio, com certeza mais importante do que o casamento real e que diz respeito à própria mídia e à sua sobrevivência, é o do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, mas parece que não terá, nem de longe, o mesmo destaque dispensado ao último enlace real.
   Vivemos um período de grandes transformações de toda ordem, inclusive na mídia, pois, vez por outra, o fantasma da censura reaparece para lembrarmos que a luta pela liberdade de expressão e de imprensa é permanente e essa conquista da civilização deve ser preservada. Assistimos atônitos neste momento à movimentação dos governantes na América do Sul querendo tolher, sem qualquer remorso, o sacrossanto direito à informação do seu legítimo destinatário, a população, das ações governamentais sul-americanas. Impressiona esse desejo totalitário de certos governantes de impor a volta da censura – e têm ainda a desfaçatez de se arrogarem de democráticos.
   Aqui no Brasil, por exemplo, na época da ditadura militar, a censura e os censores agiram impiedosamente contra a liberdade de expressão e de imprensa e não deixaram saudade alguma desse nefasto período governamental. O dia de hoje tem uma importância pomposa para a civilização, pois se comemora o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, e poderá servir para a reflexão de cada um de nós sobre a necessidade da liberdade de expressão nas nossas vidas e que os regimes totalitários nunca mais regressem para tolher-nos a liberdade e impor a censura.

domingo, 1 de maio de 2011

Suicídio inconsciente - artigo - Diário do Nordeste

As drogas têm o seu valor terapêutico, tanto o é que, a morfina - em referência ao deus mitológico grego Morfeu, do sono e das ilusões -, é usada na medicina para aliviar a dor do paciente, assim como o vinho na Antiguidade era o anestésico oficial dos médicos. A diferença de algo útil tornar-se perigoso e letal é a forma de seu uso, pois as drogas sempre existiram e são usadas em grande escala na civilização para diversos fins. Alguns estudiosos defendem o uso da maconha para fins terapêuticos, pois, segundo eles, a erva pode aliviar o sofrimento de pacientes crônicos. A experiência de Amsterdam, na Holanda, que legalizou as drogas, chama a atenção para a questão do uso, digamos, disciplinado dos entorpecentes, pois há lojas vendendo abertamente diversas drogas e os índices de violência não cresceram após a liberação, pelo contrário, praticamente desapareceu a figura do terrível traficante, que além de traficar, mistura outras substâncias nas drogas tornando-as mais potenciais e letais. É tolice discutir a legalização das drogas no Brasil, pois há tempos são vendidas livremente e quase sem resistência e repressão. O movimento de contracultura fez apologia ao uso indiscriminado das drogas e levou milhões de jovens a embarcar numa viagem que quase sempre não tem volta e assim comprometeu-se a saúde mental de toda uma geração dita psicodélica; e a prometida liberdade transformou-se numa hipótese real de terminar os dias recluso num hospital psiquiátrico. Em algumas culturas indígenas, usam-se em rituais pontuais bebidas extraídas de plantas e que produzem estados alterados de consciência, inclusive, em alguns casos, os efeitos terapêuticos são positivos, porém, o uso contínuo - algumas pessoas não podem participar desses rituais - pode levar o homem à impotência sexual e a mulher à frigidez. Em qualquer cenário do uso incorreto das drogas e do álcool, vê-se um desejo inconsciente de suicídio no sujeito, pois sabendo das informações e dos perigos que podem causar, assume o risco de prejudicar a sua higidez mental e física, fenômeno este análogo ao do suicídio...



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista