Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Dívidas públicas - artigo - Jornal OPOVO


Desconheço que haja debate na sociedade brasileira acerca das grandes obras e o endividamento público para viabilizá-las. Os Estados brasileiros estão endividados e reféns de bancos internacionais que cobram, sem piedade, juros altíssimos por dívidas contraídas sem qualquer transparência. Ouve-se muito de arrolamento ou amortização dos juros das dívidas, sugerindo que o valor principal é impagável na sua plenitude. A dívida externa brasileira já deveria ter sido auditada por flagrantes obscuridades, conforme determina a Constituição Federal de 1988, no seu artigo nº 26, das disposições transitórias, inclusive, prescrevendo que, em caso de irregularidade, haveria declaração de nulidade do empréstimo, mas é um tabu esse tema no meio político e a sociedade continua a ser sacrificada por conta de dívidas a que não deu causa e nem sabe ao certo como foi empregado o dinheiro emprestado.
Governantes impetuosos e narcisistas gostam de fazer grandes obras, algumas até necessárias, mas nunca falam que o seu governo aumentou a dívida pública e terá que cada vez mais sacrificar o contribuinte para captação de mais recursos para o pagamento dos juros das dívidas. As grandes obras nas cidades viraram sinônimo de grandes empréstimos obscuros e de propaganda do governante para mostrar nas campanhas eleitorais que faz obras e pensa na população — o ex-governador paulista Paulo Maluf, recentemente condenado pela Justiça a devolver dinheiro público, tinha até slogan: “rouba, mas faz”.
A Europa contemporânea serve de exemplo para os governantes brasileiros que insistem em contrair novas dívidas sem que haja previsão receituária, ou de lastro, para o pagamento dos juros aos impiedosos banqueiros internacionais — a “zona do euro” encontra-se numa profunda crise de insolvência e até os mais otimistas estão falando com pessimismo da situação e poderá haver o efeito dominó.

 
Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O misterioso Murdoch - artigo - Observatório da imprensa




O bilionário Keith Rupert Murdoch tem descendência judaica e nasceu em Melbourne, na Austrália, em 11 de março de 1931. Possui cidadania americana, bem como há rumores de que também tenha a israelense. Herdou de seu pai, o empresário sir Keith Murdoch, a News Corporation que, após várias aquisições, tornou-se um dos maiores conglomerados de mídia do mundo e controla, entre outros, estúdios de cinema e de canais de TV por assinaturas – Sky e DirecTV –, a Fox News, vários tabloides e jornais, entre estes, o New York Post. Segundo a revista Forbes 400, Murdoch é a 13ª pessoa mais poderosa do mundo, mas a sua biografia disponível é pobre para o tamanho da sua importância na geopolítica, pois Murdoch é sempre mencionado na mídia como grande apoiador nas eleições americanas e em outras plagas nas quais tenha interesse.
Há evidências de que Murdoch foi por muito tempo “judeu em segredo”, assim como tantos outros judeus que, por motivos diversos, preferem não assumir publicamente a sua judeidade. Porém, Murdoch é a prova irrecusável de que há o desejo judaico de controlar a mídia mundial, conforme foi dito nos fraudados “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, publicados em 26 de agosto de 1897 no jornal russo Znamia (Bandeira) pelo serviço secreto da Rússia. Esquecidos depois do pós-Segunda Guerra, por conta do suposto Holocausto, os tais Protocolos sempre foram motivos de debates calorosos.
O bilionário americano Henry Ford teve que comprar um jornal, o Dearbon Independent, para poder publicar críticas ao plano judeu de dominar o mundo, pois não conseguia na mídia americana, boa parte judaica, espaço para os seus artigos. Os jornais não judaicos que se atreviam a publicar artigos sobre os negócios e o lobby dos judeus nos EUA eram boicotados pelos bancos, empresas e indústrias judaicas e perdiam os anúncios. O intrigante, no entanto, é que tudo que há nos fraudados Protocolos vem ocorrendo, como que numa profecia...
É compreensível, portanto, pelo motivo acima, que os judeus queiram desvincular Murdoch da comunidade judaica para não cair a última máscara da obscuridade que há por trás da mídia mundial... Recentemente, a mídia anunciou que Murdoch estaria de olho em empresas de telecomunicações brasileiras, tais como a Rede TV e o SBT, do também judeu Silvio Santos, mas pela legislação pátria Murdoch teria que ter sócios brasileiros para a consumação dos negócios.
Rupert Murdoch é um sionista irrecuperável, inclusive, defende o Estado de Israel com o seu arsenal midiático até mais do que muitos judeus residentes na Terra Santa...

Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista


terça-feira, 20 de novembro de 2012

A mídia é antissionista? - artigo - Observatório da imprensa


O conflito que ocorre entre o Estado de Israel e os palestinos da Faixa de Gaza ameaça a estabilidade do Oriente Médio e prenuncia um massacre genocida, mas a opinião pública já se apressou em depositar o seu apoio aos palestinos muçulmanos. As agências de notícias publicaram, nesta última segunda-feira (19/11), que o magnata australiano e judeu Rupert Murdoch causou polêmica ao publicar em seu Twitter críticas à cobertura da mídia em relação ao conflito na Palestina, dizendo: “Por que órgãos de imprensa de propriedade de judeus são tão consistentemente anti-Israel em todas as crises?” A resposta de Peter Beinart, do site “Daily Beast” a Murdoch veio de imediato, dizendo que “o comentário de Murdoch era ofensivo aos jornalistas por sugerir que eles adotariam o ponto de vista de seus patrões, e também aos proprietários de mídia judeus por subentender que eles deixariam o judaísmo guiar seu modo de fazer jornalismo”.
Desde a aprovação na Organização das Nações Unidas – ONU da Resolução nº 181, de 29 de novembro de 1947, pela qual foi criado um Estado de Israel e outro palestino, a mídia foi “dividida” em pró-sionista ou antissionista – porém nunca houve imparcialidade na cobertura desse conflito árabe-israelense, pois os veículos de comunicação que defendem o reconhecimento do Estado Palestino são em menor número.
A acusação de Murdoch merece uma reflexão, pois pode estar acontecendo um novo fenômeno jornalístico em que os jornalistas passaram a escrever a realidade da Palestina desatrelados do desejo dos seus patrões judeus, conforme insinuou Murdoch. Ora, Murdoch se esqueceu de dizer, em sua crítica à mídia, que Israel descumpre dezenas de resoluções da ONU e que não sai uma só linha na mídia sobre essa questão – especialmente a Resolução nº 242, de 22 de novembro de 1967, da Guerra dos Seis Dias, na qual, por unanimidade, o Conselho de Segurança da ONU, determinou que Israel devolvesse imediatamente os territórios ocupados ilegalmente – Faixa de Gaza e Cisjordânia, em Jerusalém Oriental, e as Colinas do Golan, na Síria.
A espantosa fala de David Ben Gurion, fundador do Estado de Israel e seu primeiro primeiro-ministro, na época, nunca saiu publicada na mídia: “Se eu fosse um líder árabe, nunca assinaria um acordo com Israel. É normal: nós tomamos o país deles. É verdade que era uma promessa de Deus, mas o que eles têm a ver com isso? Nosso Deus não é o deles. Houve o antissemitismo, Hitler, os nazistas, mas no que isso lhes diz respeito? Para eles, existe uma única coisa: nós viemos e roubamos o país deles. Por que eles aceitariam isso?”

Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

A censura na ditadura - artigo - Observatório da imprensa


No golpe militar de 1964, no Brasil, a informação passou a ser motivo de preocupação dos militares. Naquele ano, foi criado o Serviço Nacional de Informações (SNI), depois os centros de informações do Exército (Ciex), o da Aeronáutica (Cisa) e o da Marinha (Cenimar) – dois meses antes do Ato Institucional nº 5, houve a invasão do jornal Tribuna da Imprensa pelos militares censores. Porém, é com o AI-5 que a censura tornou-se feroz e respaldada por norma da ditadura – o artigo 16, item III, do Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965 e o Ato Complementar nº 1 determinavam a apreensão de livros, jornais ou qualquer publicação que divulgasse manifestação de pessoas ligadas à Frente Ampla.
Se, por um lado, a censura imposta aos meios de comunicação tornou-se nociva aos interesses da nação e da população, talvez cause estranheza ao leitor saber que a própria grande imprensa ajudou na derrubada do governo constitucional em abril de 1964, levando os militares ao poder por meio do golpe. Mas o casamento durou pouco tempo e logo a imprensa se divorciou dos militares, pois a mídia passou a denunciar a violência usada para a manutenção do regime ditatorial. Exemplo: em 5 de abril de 1968, o jornal Correio da Manhã denunciava: “Repórteres e fotógrafos foram agredidos em via pública enquanto trabalhavam... A Rádio Jornal do Brasil foi tirada do ar por relatar acontecimentos...”
Havia a censura normatizada e a autocensura exercida pelos veículos de comunicação, mas apenas os jornais diários Tribuna da Imprensa, O Estado de S. Paulo, o Jornal da Tarde e o Jornal do Brasil tiveram censura prévia – nos semanários e nas revistas, a censura pegou pesado. Os militares telefonavam ou mandavam bilhetes para as redações ditando o que não poderia ser publicado, mas depois foi a Polícia Federal que se encarregou de censurar os veículos de comunicação. Em 26 de janeiro de 1970, o Decreto-lei nº 1077 inseriu no artigo 153, parágrafo 8º, da Constituição de 1967, a censura prévia constitucional e ficaram proibidas publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes que pusessem em risco subversivamente a segurança nacional. Jornais e revistas tiveram edições inteiras apreendidas, proprietários de jornais e jornalistas foram presos. Eram os anos de chumbo no Brasil...
O jornal Movimento, fundado em 1975, foi censurado desde o primeiro número até a abolição da censura prévia no Brasil, em 1978. Dez anos depois, em 1988, proclamava-se a libertadora Constituição Federal que proibiria peremptoriamente qualquer tipo de censura no Brasil...

Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

domingo, 18 de novembro de 2012

A conversão de Paulo - artigo - Diário do Nordeste


Paulo na sua juventude perseguiu violentamente o cristianismo e assolava a Igreja denegrindo a sua imagem. Paulo foi testemunha ocular da Ressurreição de Jesus Cristo, em Jerusalém, depois Paulo partiu para Damasco onde teve uma revelação de Jesus Cristo - os céticos dizem que o que Paulo teve foi uma alucinação - e converteu-se ao cristianismo por volta do ano 33 d.C.
Paulo é um dos principais personagens do Novo Testamento, pois após a sua repentina conversão saiu pregando o Evangelho por onde andou e esteve no leste da Palestina (Arábia) tentando converter os gentios (não judeus) ao cristianismo e voltou a Damasco e não mais parou de pregar o Evangelho e a fazer campanha em prol da salvação - esteve também na Síria e na Cilícia.
No decorrer de três longas e árduas viagens Paulo fundou igrejas nas principais cidades da Anatólia e em torno do mar Egeu e foi para essas igrejas que escreveu em grego a maioria de suas famosas Epístolas - o grego é a língua original de todos os livros do Novo Testamento - e a primeira Epístola de Paulo aos Coríntios desejava evangelizar os seus seguidores de Coríntio à distância.
O cristianismo tem uma dívida imensa com Paulo, pois sem ele poderia ser bastante diferente a história de Jesus Cristo - o título de Cristo foi reconhecido após a sua morte. Paulo foi preso em Jerusalém no ano de 57 d.C. e após cumprir a pena foi mandado para Roma para ser julgado por Nero. Não há provas, mas a tradição diz que Paulo teria sido decapitado no sul de Roma onde depois se edificou a elegante abadia de Tre Fontane (Três Fontes) - segundo a tradição a cabeça de Paulo teria caído no chão três vezes e que em cada ponto batido nasceu uma fonte, daí a origem do nome.
A história de Jesus Cristo tem suma importância para a civilização, pois é a doutrina que defende incondicionalmente o amor, o perdão e a vida, inclusive, o atual calendário, o gregoriano, inicia a contagem na suposta data de seu nascimento - nenhum homem conseguiu modificar tantas culturas e homens como foi o caso de Jesus Cristo.
Na sua 1ª Epistola aos Coríntios, Paulo escreveu emocionado uma das mais belas passagens bíblicas: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como um bronze sonante; e um címbalo retumbante".

 
Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

terça-feira, 13 de novembro de 2012

De olho no New York Times - artigo - Observatório da imprensa


O editorial do New York Times de 18 de março de 1998 censurou o papa João Paulo II por ter defendido o silêncio do papa Pio XII durante o 3º Reich, no qual judeus e outros povos teriam sido perseguidos e mortos pelos nazistas, na Alemanha. Porém, em contradição, o mesmo New York Times enalteceu e se congratulou com o papa Pio XII em 25 de dezembro de 1941, dizendo ser ele “a única voz no silêncio e nas trevas que envolvem a Europa neste Natal” e corroborou o elogio ao papa Pio XII em editorial no ano imediato, em 25 de dezembro de 1942, dizendo: “O papa é o único governante que resta no continente europeu que ousa elevar a sua voz” – Pio XII salvou 860 mil judeus dando-lhes abrigo, comida e/ou fuga da Alemanha. O intrigante é que o já então maior jornal do planeta, o New York Times, que tinha acesso a todas as comunidades judaicas por ser da família judaica Ochs, não escreveu uma só palavra no seu editorial sobre supostos genocídios em campos de concentração na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)...
Um artigo assinado pelo intelectual judeu Arthur Koestler, publicado no New York Times em 9 de janeiro de 1944, em que relata as suas conferências com soldados aliados, surpreendeu a opinião pública ao revelar que nunca tinha ouvido falar dos campos de concentração de Lidice, Treblinka e Belzen e nem citou Auschwitz, sugerindo que não tinham tanta importância assim ou “ganharam” após o final da guerra, quando começaram a ser “noticiadas” exaustivamente pelos vencedores as supostas atrocidades...
No ano passado, outro caso rumoroso envolveu o New York Times quando o então diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), o judeu Dominique Strauss-Kahn, foi preso e acusado de ter supostamente tentado estuprar uma humilde camareira, de origem africana, de nome, Nafissatou Diallo, no luxuoso Hotel Sofitel, em Nova York. Curiosamente, o New York Times e outros veículos de comunicação saíram em defesa de Strauss-Kahn e não foi difícil transformar a humilde camareira em “mentirosa” e “prostituta”. Inclusive, o NYT citou que uma “fonte” da polícia tinha informações comprometedoras contra a camareira – Strauss-Kahn depois acabou sendo processado na França por envolvimento com prostitutas e divorciou-se da sua esposa, o que desconstruiu a hipótese fantasiosa de “bom moço” criada pelo NYT e demais da mídia nova-iorquina.
Se em fatos relevantes há modificações, manipulações, ou mesmo “criações” de dados inverídicos no NYT, o que pensar de fatos menos relevantes? Afinal, como diz o brocardo jurídico: “quem pode o mais, pode o menos”...

 
Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Os velhos jornais ingleses - artigo - Observatório da imprensa


A considerar pelas notícias atuais comparadas com as antigas, vê-se que grande parte da imprensa inglesa continua explorando o ponto fraco da sociedade: a intimidade alheia. Sucesso de tiragem no século 18 e 19, os tabloides e os jornais britânicos parecem continuar a surfar na crise econômica europeia, pois os sucessivos escândalos e a bisbilhotice têm sido o prato principal desse tipo de mídia e garantem ótimas “manchetes” e vendas.
No ano passado, o escândalo britânico envolvendo o magnata australiano da mídia, o judeu Rupert Murdoch, que levou ao fechamento do seu jornal News of the World, fundado em 1843 e tido como o de maior tiragem aos domingos no Reino Unido, mostrou a face obscura continuada da imprensa britânica, que insistia em utilizar de escutas telefônicas clandestinas para bisbilhotar a vida privada de personalidades e autoridades.
Em 1912, os arapongas inventaram o “dictógrafo” que é um microfone oculto usado, então, nas investigações secretas policiais e políticas, mas o curioso é que o “dictógrafo” era também usado judicialmente para coletar provas em caso de separações conjugais. No entanto, o “dictógrafo” passou a ser usado pelos tabloides sensacionalistas para produzir “confissões” em conversas informais, ou para fazer o que se nomeou de “jornalismo investigativo” – hoje usam conjuntamente microcâmeras – realizando flagrantes de ilícitos de toda ordem, ou colocando autoridades em “saias justas”.
A Inglaterra é um país de contradições, pois mesmo durante o puritanismo da Era Vitoriana, as casas de banhos públicos e os bordéis funcionavam abertamente e com clientela do mais variado tipo. Até o século 20, houve na Inglaterra a “venda de esposas”, que era realizada em praças públicas nos mercados e tinha um ritual próprio, mas a imprensa divulgava em forma de deboche os casos que chegavam às redações, como que fazendo uma recriminação pública de um evento que ia contra os costumes da família e da Igreja. Exemplo: o jornal Chelmsford Chronicle, em 18 de julho de 1777, publicou um caso de “venda de esposa” com ironia:
“Segunda-feira passada, Jonathan Heard, jardineiro em Witham, vendeu a mulher e o filho, uma ave e onze porcos, por seis guinéus, para um assentador de tijolos da mesma localidade. Hoje ele os pediu de volta e os recebeu de braços abertos no meio de uma enorme multidão. Os mais bem informados acham que o assentador de tijolos fez um péssimo negócio.”
O tempo passou, mas o prazer que os jornais e tabloides britânicos parecem sentir em bisbilhotar a intimidade alheia continua, lamentavelmente, o mesmo...


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

domingo, 4 de novembro de 2012

A cultura medieval - artigo - Diário do Nordeste


A prostituição sempre foi um negócio e era tolerada, especialmente na Idade Média. Inclusive, mulheres casadas tornavam-se "meretrizes secretas", com a anuência do marido, para aumentar a renda do lar. No século XIII a meretriz foi reputada impura, excluída e perseguida socialmente, como os leprosos e os judeus. Santa Pelágia, santa Maria Egipcíaca, santa Afra, etc. eram prostitutas e tiveram suas almas salvas, segundo a Igreja, por meio do arrependimento, assim como Maria Madalena. As casas de banhos públicos e os bordéis, eram regulamentados pela Igreja, pois a clientela atingia a elite e não adiantava proibir. Havia "norma moral" nos bordéis e as mulheres não podiam fazer sexo oral e nem tampouco o anal, pois era considerado uma desonra - daí a origem do tabu ainda hoje nas mulheres que, sem maldade, mas com algum exagero, negam que gostem de fazer sexo anal. As mulheres honestas usavam véu e tinham o direito de retirar dos rostos das meretrizes esse acessório e colocavam-nas uma agulheta de cor viva no ombro, em sinal de infâmia.
Na França, belas jovens eram vistas durante o dia exibindo livremente seus seios nas ruas em busca de novos clientes, como numa propaganda "corpo a corpo"; e em Amsterdã, na Holanda, já era famosa a Street Red Light (Rua da luz Vermelha), pois recebia turistas sexuais de toda a Europa. Com o aparecimento das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e da Peste Negra que ninguém sabia a exata causa, os bordéis perderam clientela. O papa Inocêncio III, dizia que uma das maiores obras de caridade seria converter as meretrizes em mulheres honestas e que o casamento com elas seria uma obra masculina de piedade cristã. No Renascimento, pinturas prestigiavam as virgens, como a de santa Úrsula e as 11 mil virgens (quase metade das pinturas renascentistas é da Virgem Maria) para afastar as moças das tentações e assim esperassem virgem o casamento, mas a prostituição é algo inserido na cultura que há em tempos de guerra ou de paz. Até o século XX, na Inglaterra, houve a "venda de esposa" realizada na praça dos mercados e tinha todo um ritual, pois a mulher tinha que chegar ao local sendo puxada por uma corda no pescoço pelo marido - o motivo alegado pelos maridos quase sempre era traição ou que a mulher "falava demais"..


Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Darwinismo social - artigo - jornal OPOVO

   

A pesquisa sobre violência urbana da Universidade de São Paulo (USP) revelada pelo O POVO neste ano mostrando que 57,5% dos fortalezenses são favoráveis à pena de morte elegendo assim a terra de José de Alencar como o maior índice desse desejo no País, pegou de surpresa a opinião pública. As alegações para esse assustador número de partidários da pena capital foram diversas, especialmente a sensação de insegurança e a falência do sistema de segurança e da Justiça criminal. Não há evidências de que a pena de morte tenha reduzido a criminalidade nos países em que foi implantada, pelo contrário, inclusive, os EUA são o único país, que se diz democrático, que ainda recorre à pena capital, mas há contradições, pois, curiosamente, somente pretos, pobres e prostitutas acabam sendo alcançados pelas injeções letais ou sentam nas cadeiras elétricas.
Não foi por falta de aviso que a violência urbana chegou ao descontrole das autoridades públicas, pois a escalada era visível e previsível. Há outros três fatores fenomenológicos relativamente recentes que auxiliaram na explosão da violência urbana e, talvez, no despertar desse repentino desejo assustador de legitimar a pena de morte: a exploração ilegal da violência nos programas policiais televisivos; a explosão do consumo de drogas, especialmente o crack, e o caos urbano que tem potencializado o estresse e o medo na população.
O darwinismo social deseja controlar a espécie humana (numa referência à seleção natural de Darwin de controle da espécie), pois o que se vê claramente é uma sociedade cada vez mais individualista e egoísta e que nada faz para melhorar a convivência social. Recorrer à pena de morte é declarar a falência do Estado e da sociedade, pois, queiram ou não, todas essas pessoas envolvidas na violência urbana são psicologicamente vítimas da própria sociedade hedonista e materialista em que vivemos.

Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista