Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Comunicação, uma necessidade inata - Artigo - Observatório da imprensa


Comunicação, uma necessidade inata

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 29/9/2009
.
Desde tempos imemoriais as hordas usaram os sinais, desenhos e adornos religiosos para a comunicação entre si, porém o monopólio da escrita, da fala e do conhecimento sempre foi privativo de poucos (sempre as elites). A explicação antropológica para a tagarelice das mulheres é a hipótese de que eram elas que ensinavam aos filhos a falar enquanto os homens saiam diuturnamente para caçar. A necessidade inata do homem de se comunicar para exercer na plenitude a sua vida em comunidade e o comércio entre povos, levou-o a inventar diversas alternativas de comunicação à distância, como, por exemplo, o correio.
No império russo de Catarina, a Grande – 1762-96 –, por exemplo, levava-se até 18 meses para as ordens imperiais saírem de São Petersburgo até chegarem à região setentrional da Sibéria e o mesmo tempo para a resposta. O transporte marítimo era o meio de envio de correspondências e de ordens dos soberanos por ser mais rápido e relativamente seguro, mas mesmo assim escreviam-se várias cartas com o mesmo conteúdo e enviava-se por mais de um meio – cavalo ou trem – para se ter a certeza de que a missiva chegaria ao destinatário.
Os boatos já se espalhavam em velocidade supersônica e os "pombos-correios" tiveram papel de destaque – não necessariamente de importância – na comunicação. Estes recursos foram utilizados em demasia nos períodos de guerra, mas a dificuldade de guerrear entre países de línguas diferentes – existem hoje mais de oito mil línguas e dialetos e somente na China falam-se cinco mil dialetos – acabou dificultando qualquer tentativa de paz perpétua e temos somente repetidas tréguas, porém há proposta de língua universal: o esperanto.
A Igreja católica e a protestante tolheram a liberdade de comunicação e os fiéis somente podiam ler os livros que não estivessem nos "Índices de livros proibidos" de ambas as congregações, o que acabou interrompendo o avanço dos meios de comunicação e do deslindar do pensamento humano. Veneza, Amsterdam, Paris e Londres tentaram romper com a censura das igrejas e publicaram jornais e livros inéditos durante a malfadada "ditadura" clerical.
Gutenberg criou a impressão em série para propagação da bíblia e é tido como fundador da imprensa. Foi eleito pelo jornal inglês Sunday Times, em 28 de novembro de 1999, como o "homem do milênio", o que mostra a importância de sua técnica e a capacidade desta de ampla divulgação de informações.
A mídia eletrônica – internet e blogosfera – aparece como o futuro da comunicação globalizada e democrática, pois o custo baixo viabiliza a tão almejada independência e a liberdade de expressão.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Acervo jornalístico - Artigo - Observatório da imprensa


ACERVO JORNALÍSTICO
Colecionar publicações para a memória da humanidade

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 22/9/2009

Preocupa a história do Brasil no futuro, pois tradicionalmente se observam vários aspectos e em cima destes itens tentam montar como teria sido o passado de uma civilização, sem dizer que o mais temerário de tudo é que boa parte da historiografia da humanidade encontra-se baseada em livros dos quais não se tem certeza da autoria e nem tampouco de que não foram modificados com as edições; o mais grave é que considerável parcela da história é de relato de viajantes recolhidos de seus diários e anotações geradas por historietas contadas repetidas vezes em determinados locais, o que não dá a garantia de estarmos de posse da verdade.
A Enciclopédia Soviética é a prova cabal disto, pois os intelectuais até ironizavam, dizendo que os soviéticos deveriam atualizar suas autobiografias periodicamente para adaptarem às constantes mudanças da enciclopédia, pois toda vez que mudava o governante a Enciclopédia Soviética era "atualizada" para justificar e legitimar o governo embrionário, daí os sucessivos estupros no texto enciclopédico. No auge dos czares e antes do apogeu comunista, muitas publicações híbridas foram produzidas nas impressoras clandestinas subterrâneas soviéticas e sem qualquer critério técnico-científico, e muito menos jornalístico, talvez nem soubessem o que é isto.
Nos Estados Unidos, guardam-se na biblioteca do Congresso Nacional, em Washington, exemplares dos principais jornais americanos – por exemplo, o New York Time, entre outros –, pois sabem, em tese, que poderão ser úteis no futuro essas publicações. Em outros países o procedimento é o mesmo e há até alguma credibilidade nas publicações colecionadas para a posteridade, mas há de se observar que este é fenômeno relativamente novo para a historiografia, pois como disse alhures, a história por muito tempo foi costurada com informações retalhadas e de pouca credibilidade – não que agora os matutinos e vespertinos tenham suprido este quesito.
Aqui, no Brasil, parece não haver essa preocupação de construir a história de forma razoável, pois mesmo que a Biblioteca Nacional disponibilizasse espaço para a coleção de jornais impressos, o seu uso não teria valor relevante em qualquer que fosse a pesquisa que visasse a encontrar a verdade dos fatos, pois é fácil ler mais de uma versão para cada fato, daí os futuros historiadores terem que escolher uma das fontes.
Primo Levi, após temporada recluso no campo de concentração de Auschwitz, disse algo que merece reflexão: "O vencedor é o dono da verdade; portanto, pode manipulá-la da forma que quiser." No acervo jornalístico, haverá sempre apenas meias-verdades.

domingo, 20 de setembro de 2009

Lula na análise

Sponholz



Fantasma da traição - Artigo - Diário do Nordeste


Fantasma da traição
.
Todos um dia ouviram ou viram alguma cena de traição real ou imaginária que ficou gravada no inconsciente e vez por outra vem à tona quando deparado com algum fato desconexo ou não da vida real. Não é discreto o número de pessoas que acham que estão ou foram traídas, mas na maioria das vezes não passa de associação livre, pois pega-se algum fato e tenta montá-lo para se justificar a hipótese mental de situação que possivelmente nunca tenha ou vá ocorrer. Nos relacionamentos passionais, bem como nas amizades, ouve-se queixas de supostas traições por motivos pouco plausíveis e prováveis e as pessoas sofrem sem conseguir a "prova" e o relacionamento assim desanda. Os usuários de entorpecentes, por exemplo, estão mais vulneráveis ao "fantasma da traição", pois por todos os lados acreditam existir outros sujeitos querendo prejudicá-los ou destruí-los e não há como negar que a simples suspeita de traição sem qualquer prova ou indício contundente trata-se de masoquismo, pois acaba se transformando em objeto de prazer. Trair em grego quer dizer, "entregar", e em algumas culturas permite-se à infidelidade.Desde tempos imemoriais há traição afetiva na civilização, basta ver que nos livros antigos este tema foi tratado com destaque e até severidade e nos países de cultura muçulmana, por exemplo, as mulheres que forem pilhadas ou suspeitas de adultério são executadas a pedradas em praça pública para desestimular as demais a tal prática.A mentira engole o fato em si, ou seja, o ato da traição torna-se secundário, pois o sujeito sente-se traído primeiramente pela mentira que toma proporções desproporcionais ao fato e por mais incrível que possa parecer, o traidor também sofre na sua posição. Em quase todos os casos a traição era inevitável, daí o traído não dever acreditar que fracassou ou que poderia ter conseguido outro final, pois havia inequivocamente questões em aberto no outro que o traiu, portanto, poderia ser quem fosse que estivesse naquele local do traído que também seria enganado e há quem traia inconscientemente se vingando de situações que ocorreram com terceiros.
.
LUIS OLIMPIO FERRAZ MELO - Psicanalista

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Verberação intelectual - Artigo - Observatório da imprensa


Verberação intelectual

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 15/9/2009
.
É desproporcional a reação intelectual à movimentação na América do Sul dos governantes que zombam da liberdade de imprensa e de expressão, pois se tolhidas essas garantias constitucionais a população desses países corre sério risco de ser castrada e ter que ficar calada assistindo às "ordens" dos ditadores ditos democráticos. Na quinta-feira [10/9], 200 fiscais da Receita Federal argentina fizeram operação num dos maiores grupos de comunicação da América Latina, o Clarín. O governo argentino tem a legitimidade e até a obrigação de fiscalizar as empresas, mas a quantidade de fiscais utilizada na operação não deixa dúvida de que foi um atentado à liberdade de imprensa.
O fato ocorre em meio à tentativa da presidenta Cristina Kirchner de modificar a lei que disciplina a matéria das comunicações naquela plaga, mas depois do comportamento dispensado à imprensa pelo ditador esquerdista Hugo Chávez, na Venezuela, é bom abrir os olhos e desconfiar de tudo que se mexe dentro dos palácios governamentais sul-americanos. Na sexta-feira imediata foi à vez do socialista Rafael Correa, presidente do Equador, anunciar que proporia lei nos moldes argentinos para controlar a mídia, como se esta fosse uma conspiração equatoriana.
Quem ainda fala do golpe em Honduras? Certo ou errado, o exemplo citado serve apenas para alertar a intelectualidade da gravidade dessa movimentação ao arrepio da lei e que pode trazer prejuízos para o Estado democrático de Direito. A população de Honduras foi vencida pelo cansaço e, dias depois do presidente ser deposto, voltou para sua rotina diária e pouco ou nada se fala sobre esse precedente aberto.
A importância da intelectualidade é grande neste momento crítico da humanidade com o iminente risco de limitar ou proibir a liberdade de expressão e os intelectuais devem defender a razão, a justiça e a verdade, pois são estes seus valores inarredáveis e é o papel do intelectual apontar as contradições sociais. O intelectual deve orientar a opinião pública e, como disse D´Alembert no seu livro Diálogo dos morcegos, citando Descartes, "a opinião governa o mundo". Esses governos híbridos sul-americanos alimentam as suspeitas de que não há boa-fé e transparência em seus atos ditatoriais, digo, governamentais.
O intelectual nato não deve ter medo de intimidações e ameaças de processos do poder constituído, pois a causa da defesa da liberdade de expressão e de imprensa é nobre e diz respeito a todos nós. Devem se enaltecer os intelectuais que não desistiram de auxiliar a construir um mundo melhor: sem totalitarismos, desigualdades, injustiças e guerras.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Jornalismo, ética e análise de conteúdo - Observatório da imprensa

Jornalismo, ética e análise de conteúdo

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 8/9/2009
.
O método da "análise de conteúdo" foi utilizado no século 19 nas universidades de jornalismo dos Estados Unidos, mas foi na Alemanha o seu auge. Para obter informações confiáveis durante o holocausto, usou-se a "análise de conteúdo" que se resume, em apertada síntese, ao seguinte: escolhe-se um texto e conta-se a freqüência de um ou mais dados ou temas e analisa-se a associação entre estes e as suas variâncias, daí extraindo – ou tentando extrair – a noticia com alguma fidedignidade. Em período de guerras, a ética na informação é a primeira baixa e não somente se sente falta das leis – que são suspensas ou revogadas, pois os inimigos usam a manipulação da informação para atacar em pontos estratégicos seu adversário.
Os meios de comunicação têm seus interesses comerciais e políticos e não é somente aqui no Brasil que é assim, pois vários políticos chegaram à presidência de outros países ou a outros cargos por meio da propaganda de seus meios de comunicação e não é à toa que as concessões públicas de televisões e rádios geram tantas disputas políticas no Congresso Nacional. As rádios parecem ser uma das mais importantes ferramentas dos políticos interioranos, pois além do alcance delimitado e devido ao baixo índice de cultura da população, distorcem as notícias ao bel-prazer do político e agora com a sinalização da liberação de meios eletrônicos para campanhas eleitorais, o eleitor deve ficar de olhos bem abertos com as promessas e a vida pregressa de seus candidatos e fazer a análise não somente das noticias, mas também do conteúdo dos candidatos.
O intelectual italiano Antonio Gramsci dizia que a classe dominante detinha o poder da informação e as suas idéias eram aceitas pelas classes subalternas não somente pela imposição ou força, mas também por não haver alternativa, ou seja, quem pode o mais engole o menos.
A crítica que se faz ao respeitado público – telespectadores, ouvintes e leitores dos produtos dos meios de comunicação – é a não cobrança de providências por meio de carta, e-mail, telefone e pessoalmente ao responsável pelo veículo de comunicação, pois os consumidores ficam indigestos quando se trata de notícia mal-dita, e além do mais a manipulação, em tese, somente acontece quando o sujeito está aberto a tal objetivo, pois o direito à informação é subjetivo, ou seja, ninguém é obrigado a assistir, ouvir ou ler qualquer coisa.
O meu método não chega a ser uma "análise de conteúdo" e é bem singelo, ou seja, deixo de ler as colunas e os jornais que manipulam as informações consciente e reiteradamente, já que se aplicasse à regra do inconsciente, pouco leria doravante.

domingo, 6 de setembro de 2009

D. Luizinácio: 'Independência, o mote'!


.Thiago Recchia

Via Gazeta do Povo

Igreja hegeliana - Artigo - Diário do Nordeste


Debates e idéias

Igreja hegeliana

LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO
.
Hegel foi um dos filósofos que mais influenciaram o universo intelectual e como numa igreja onde se necessita de seguidores para se manter acesa alguma doutrina, o hegelianismo fez escola na Alemanha e serviu de fulcro para a doutrina marxista que sucumbiu depois das atrocidades de alguns radicais.Assim como a Igreja Católica à doutrina de Hegel é totalitária e a sua dialética permite a contradição, e somente seria possível o Estado hegeliano se todos os partícipes pensassem de uma forma uniforme. Só que neste caso, o sujeito acabaria sendo anulado, pois o Estado é que era tudo.A Igreja Católica usou o terror do fogo imaginário do inferno e depois deste apagado a fogueira da "santa inquisição" para quem não pensasse como desejavam os clérigos.Hegel escreveu com ironia ímpar: "somente um homem me entende e mesmo este não o consegue"; a obscuridade e a dificuldade de leitura de sua obra tornou-o além de fascinante também incompreensível e na doutrina de Hegel Deus é o próprio Estado.Hobbes, no seu livro, "Leviatã", disserta sobre o Estado e diz que os homens são inimigos por natureza e tendem a guerrear entre si e necessitam de um "Leviatã" - em referência ao monstro do caos da mitologia fenícia citado na Bíblia - que neste caso seria o soberano que representava o Estado originado do Contrato Social, onde todos renunciariam aos seus direitos, menos o direito à vida, em prol da paz que para Hobbes seria a primeira lei natural.Há desejo de uniformizar o pensamento humano em Hegel e Marx não conseguiu disfarçar que segue essa linha e diziam eles que a alienação se dá pelo trabalho, pois este escraviza o homem que passa a priorizar o "ter" e não mais o "ser" e em Marx isto é negativo, mas em Hegel é algo positivo - vai tentar entender - e Marx dizia que somente pelo comunismo o homem deixaria de ser alienado - ambos erraram, pois a alienação se dá no pensamento e não pelo desejo.Na Igreja eclesiástica sagrada e na profana de Hegel vê-se que Deus mudou somente de morada, pois naquela estaria no céu e nesta na Terra, mas ambas igrejas desejam inutilmente uniformizar e manipular o pensamento humano.
*Psicanalista

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Santa lei equivocada - Artigo - Observatório da imprensa

ESTADO & RELIGIÃO

Santa lei equivocada

Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 1/9/2009

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adora nos proporcionar perplexidade, pois sem debater com a sociedade fez acordo com o Vaticano para implantar o ensino religioso nas escolas públicas, bem como concedendo isenção fiscal e imunidade perante as leis trabalhistas indiscriminadamente às religiões para não pagarem qualquer tipo de contribuição fiscal e trabalhista. A Câmara dos Deputados já aprovou e ampliou para outros credos sem resistência corroborando o tal acordo e o mesmo segue para o Senado Federal para a aprovação.
O curioso é que o mundo todo vê, estarrecido, a manipulação das religiões onde em muitos países o líder religioso é também o governante e as barbaridades que algumas delas andam fazendo em desfavor da paz mundial e a doutrina do partido do governo se diz de esquerda e segue a cartilha totalitária marxista, frise-se, esta tem ojeriza à religião e já até disse que esta é o ópio do homem e Marx seguia a doutrina de Hegel que dizia que Deus era na verdade o Estado. Uniformizar a religião de um povo cheio de diversidade de crenças de toda sorte fere a liberdade prescrita na Constituição Federal que assegura o respeito ao culto e proíbe a discriminação religiosa, ou seja, o Estado brasileiro é laico e fará com isto desvio de finalidade, pois não há respaldo legal constitucional para tal façanha. Os alunos que resistirem a assistir essas catequeses anacrônicas serão discriminados o que a lex fundamentalis também veda.
Na nota introdutória do Código Canônico de 25 de janeiro de 1983, o santo papa João Paulo II, diz: "(...) A fim de que todos possam mais seguramente informar-se sobre essas prescrições e conhecê-las suficientemente bem, antes de serem levadas a efeito, dispomos e determinamos que tenham força obrigatória a partir do primeiro dia do Advento de 1983, não obstante quaisquer disposições, constituições, privilégios, mesmo que dignos de especial ou singular menção, e costumes contrários (...)."
Extrai-se do parágrafo acima que as santas leis da Igreja Católica devem se sobrepor a qualquer constituição de qualquer país, mas as Constituições dos países são soberanas e não podem sofrer interferência de qualquer religião, por mais respeitada que seja, como é o caso da Católica.
Lula mais uma vez mudou o discurso, pois por ocasião da visita do santo papa Bento 16 ao Brasil ele foi taxativo ao negar o pedido do clérigo para transformar o país em Estado católico. O governo tupiniquim lulista vai na contramão da história, pois a civilização precisa de escola que ensine a pensar, e não para o sujeito se alienar "voluntariamente".