Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Sobre o suicídio - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Sobre o suicídio

O Japão lidera o número de mortes voluntárias – suicídio – no mundo, pois lá são catalogados mais de 30 mil casos por ano. As causas apontadas são o desemprego e a baixa renda e há até modalidade própria de suicídio nipônica, o haraquiri, que consiste em rasgar o ventre a terçado. Na Europa, por conta do clima frio, muitas pessoas ficam melancólicas, o que as leva, muitas vezes, a estados depressivos, ocasionando, não raramente, o suicídio. Na Grécia, a repulsa ao suicídio é tão grande que o corpo do suicida não pode ser enterrado em terras gregas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de um milhão de suicídios são cometidos todos os anos no mundo, muito mais mortes do que nas guerras contemporâneas, que tanto aterrorizam a humanidade. O suicida nunca parte sozinho, pois leva consigo um pedaço de seus entes queridos. Não é sábio querer dar uma solução definitiva para problema momentâneo, pois o sofrimento, em alguns momentos da vida, é inevitável, mas nada justifica o suicídio como “remédio” para estancar a dor. O suicídio atinge em cheio toda a sociedade, pois cada um de nós é parte do Universo e devemos preservar a vida sob qualquer condição. Sem falar que nem os animais irracionais se matam pelo extraordinário instinto de preservação da vida que possuem. Os ecologistas, afirmam que, até uma singela concha marinha retirada do ecossistema, afeta todo o complexo de vida; imaginem a interrupção da vida humana. Neste momento grave, há muitas pessoas, equivocadamente e perigosamente, alimentando idéias suicidas em suas mentes. A vida é um desafio para o sujeito e ninguém deve desistir de viver, pois são nas adversidades que nos conhecemos e evoluímos e nenhum progresso teríamos, se dificuldade alguma passássemos na vida. Victor E. Frank, phD, foi quem mais se aprofundou no estudo sobre o suicídio, e encarcerado em campo de concentração, na Alemanha, descobriu que os índices de suicídio lá eram mínimos e a pulsão pela vida se sobrepôs àquele sofrimento momentâneo. Não desistam da vida, pois, mesmo reconhecendo dificuldades em fases dela, vale a pena viver.
*Psicanalista

domingo, 8 de fevereiro de 2009

População desprotegida - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

População desprotegida

Algumas autoridades brasileiras acham que a opinião pública é ingênua e carece de inteligência. Os governos, regra geral, gostam de mostrar que estão do lado da população, pois, vez por outra, tomam medidas aparentemente populistas e que causam repercussão positiva e refletem até nas eleições. O atual partido governante, dizia-se de esquerda, mas logo que assumiu o governo, mudou o discurso e faz as mesmas coisas que dizia fazer o governo sucedido. Os ex-esquerdistas agora se escondem e não mais falam em corrupção e incompetência administrativa pública, afinal, revelaram-se apenas invejosos do poder. Sem credibilidade e animus para defender a população os governos fracassaram na missão constitucional que era de produzir bem-estar à população e os políticos, na maioria, e as respectivas casas legislativas, pouco fazem em prol da população e somente se ouve noticias de barganhas e negociatas para perpetuarem no poder. O Judiciário tem atuado na omissão do Legislativo, mas às vezes ultrapassa suas atribuições e interfere na economia de forma equivocada e sem se preocupar com a população. Nos últimos episódios em que ocorreram decisões polêmicas, por exemplo, a da limitação nos descontos nas passagens aéreas, pegou mal, pois, coincidência ou não, somente os conglomerados econômicos bilionários são vencedores nos tribunais e a população fica sempre à míngua de decisões em seu favor. Outra decisão inexplicável foi a da limitação dos descontos nos remédios, alegando, sem nenhum estudo, que poderia haver prejuízo futuro as milionárias redes de farmácia e a população carente mais uma vez sai prejudicada e sem nada entender. A população está sofrendo e com o estomago “embrulhado” sem conseguir “digerir” esses eventos e a razão de não ter quem a defenda.A opinião pública silencia e o arbítrio toma forma de totalitarismo e acaba toda a população sendo prejudicada por conta de governos superficiais e de decisões judiciais equivocadas que protegem, em última análise, somente o poder econômico em detrimento da população, que desse jeito vai acabar massacrada e sem direito algum.
* Psicanalista

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Manipulação globalizada - Artigo - Observatório da Imprensa

MÍDIA & ÉTICA
Manipulação globalizada

Luís Olímpio Ferraz Melo

Com a criação das agências de notícias, que quase sempre estão ligadas a conglomerados econômicos e que também possuem telejornais, mídia impressa e site na internet, as notícias relevantes passaram a ser privativas das mesmas, pois quase nunca, agora - somente em casos excepcionais - as televisões e jornais enviam seus jornalistas para constatações in loco, pois é mais econômico comprar as notícias das agências.
Observando alguns fatos de relevância da contemporaneidade, tais como a crise econômica e os intermináveis combates na Faixa de Gaza, vê-se que ao invés de explicar de forma cabal para o telespectador e/ou leitor da mídia escrita, acaba-se tendo dúvidas dos fatos e há nitidamente tendências em certas agências noticiosas. É até compreensível que uma agência de notícias ligada a essa ou aquela religião e/ou a governos tente mostrar somente o que lhe interessa, muitas vezes, certamente, por conta de interesses inconfessáveis.
Viajei o mundo todo e notei que em cada país a imprensa se "molda" ou tem que se "moldar" ao sistema de governo e à religião dominante. Em alguns países que estavam em conflito - França, subúrbio de Paris, por exemplo - notei que aquele conflito era glorificado e a impressão que se tinha é que se colocasse o pé fora do hotel seria atingido pela fúria descontrolada de meia dúzia de baderneiros imigrantes.
Em Katmandu, no Nepal, quando desembarquei em meio a uma "revolução" para derrubada do governo, segundo a mídia, perguntei logo ao motorista do táxi se havia risco de morte atravessarmos a cidade até o hotel por conta da tal "revolução". O motorista, nepalês, sorriu, e disse que essa "revolução" de que falava não passou de uma manifestação pelas ruas da pequena Katmandu. Ainda insisti em dizer que tinha visto na televisão que o número de mortos já passava de algumas centenas; novamente este fato foi negado pelo taxista. Depois disto, perambulando pela tranqüila Katmandu, descobri que houve exagero da mídia.
A Escola de Frankfurt, na Alemanha, fundada em 1924, cujos principais expoentes foram Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969), já denunciava o "totalitarismo eletrônico", pois estavam seguros esses intelectuais de que as massas estavam sendo manipuladas e suas mentes bombardeadas de informações muitas vezes desnecessárias. A crítica da escola frankfurtiana é atual e é corroborada por um dos maiores intelectuais da contemporaneidade, Jürgen Habermas, autor do livro Ação Comunicativa.
Hoje em dia, e quando raramente assisto aos telejornais, fico de olho não somente nas notícias, mas no que há por trás delas - pois muitas vezes as mesmas são tendenciosas e não a expressão da verdade.
Os jornalistas, ao se graduarem - a graduação deveria ser obrigatória - deveriam fazer um juramento público prometendo nunca manipular notícias e informações, sob pena de não poderem mais exercer a sua nobilíssima profissão, que é o jornalismo.