Meu novo livro: Novas abordagens

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sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Dignidade humana - artigo - OPOVO

ARTIGO
Dignidade humana
Luís Olímpio Ferraz - Advogado

Paris, anos 90. Uma casa de diversão noturna apresentava diariamente um espetáculo chamado ''Arremesso de anão''. Turistas de toda Europa viajavam para assistir a alegre e divertida peça. O anão, um jovem senhor de seus 40 anos, pai de quatro filhos menores de idade, parecia ser o mais alegre de todos. Naquela altura, o anão já havia amealhado com os espetáculos diários alguns milhares de francos e dólares que garantiram uma casinha nova e boa comida. Bilheteria esgotada, como sempre, inicia-se o espetáculo do ''arremesso de anão''. Um forte homem fisiculturista pegava o anão com uma mão no pescoço e a outra numa das penas e o arremessava como num jogo de boliche. Gargalhadas e risos a cada arremesso. Naquela noite, um promotor público que havia ido assistir ao tão comentado espetáculo, ficou indignado com aquela cena patética. Não deixou sequer que o espetáculo terminasse, ordenou o fim daquela humilhação. Abraçou o anão e prometeu protegê-lo daqueles capitalistas que levavam a vida a explorar a dignidade humana. O anão por sua vez chorava e tremia, não conseguiu dizer uma só palavra. No dia seguinte, o promotor público ingressou com uma ação na Justiça para que aquela casa fosse definitivamente fechada, pois feria o direito à dignidade humana. Alegou que o anão era humilhado sistematicamente na frente de milhares de pessoas e sem nenhuma defesa. O anão ingressou no processo como terceiro interessado, dizendo que nunca havia sido humilhado e que aquela ''brincadeira'' de ser arremessado não feria a sua dignidade, pelo contrário, até se divertia e era dali que tirava o seu sustento. A Justiça parisiense deu ganho de causa ao promotor público, entendendo que a dignidade humana é um direito indisponível e irrenunciável. Ninguém pode ser indigno. O anão ficou desempregado, porém, voltou a ter dignidade.
Luís Olímpio Ferraz é advogado

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