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domingo, 3 de outubro de 2010

Comitê secreto - artigo - Diário do Nordeste

Comitê secreto


 
Revelado em 1944 que durante os anos de 1912-36 houve na psicanálise o "Comitê secreto" idealizado por Ernest Jones para reunir os mais próximos discípulos de Freud - Karl Abraham, Hanns Sachs, Otto Rank, Sandor Ferenczi e Max Eitingon. O Comitê tinha como objetivo tentar preservar a doutrina freudiana de desvios, após o grave conflito entre Freud e Carl Gustav Jung, começado em 1912. Várias cartas dos membros do Comitê ainda estão fechadas num arquivo na Universidade de Columbia, em New York , e somente depois de proclamado é que se saberá ao certo toda a verdade sobre o Comitê. Os "Arquivos Freud", depositados na Biblioteca do Congresso Nacional dos EUA, sugerem que o Comitê não tinha a intenção de ser uma sociedade secreta, pois o próprio Freud era contra manipulações e a "reserva de mercado" e mostrou isso quando escreveu "A questão da análise leiga", em que defendia a realização da análise por não médicos impedindo assim que ficasse privativa da classe médica. Freud tinha temperamento difícil, mas não era mercenário e nem fez fortuna e sofreu críticas e perseguições, inclusive, em 1938, teve que sair de Viena, rumo à Inglaterra, por causa do nazismo e quem pagou a sua "liberação" foi sua amiga Marie Bonaparte.
Se o Comitê secreto teve por objetivo proteger a psicanálise de seu desafeto Jung, precisamos entender o rompimento. O conflito entre Freud e Jung se tornou evidente por conta da teoria da libido que cada um abordava à sua forma, mas a gota d´água foi a conferência e a visita que Freud fez a Ludwing Binswanger que estava operado de um tumor maligno em Kreuzlingen. Porém , não foi à casa de Jung, que ficava em Kusnacht, apenas a 50 quilômetros ; e Jung se sentiu ofendido com a postura de Freud. Jung publicou em abril de 1934 o artigo: "Sobre a situação atual da psicoterapia", em que se revelou antissemita e partidário do nazismo de Hitler, porém, foi somente em 1989, no XI Congresso da International Association for Analytical Psychology, em Paris, na França, que o antissemitismo de Jung veio à tona e a sua culpa foi finalmente reconhecida pelos junguianos.



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - psicanalista

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