Meu novo livro: Novas abordagens

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sábado, 15 de novembro de 2008

Tragédia humana - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Tragédia humana


Na alegoria grega edipiana, onde Édipo envolve-se numa tragédia anunciada, que poderia ter sido evitada, vê-se, que as tragédias contemporâneas apenas se remodelaram, mas o homem continua agindo inconscientemente da mesma forma. Quando Édipo nasceu, seu pai, Laio, vai ao Oráculo de Delfos e este diz que seu filho lhe matará. O pai, para evitar aquela tragédia, abandona o filho entregando-o a um pastor. O pastor comove-se com a situação e leva Édipo ao rei e a rainha que o adotam. Adolescente, Édipo vai ao Oráculo de Delfos e este revela-o que ele matará seu pai e se casará com sua mãe. Édipo, que não sabia que era filho adotivo, não mais volta ao palácio para que a tragédia fosse evitada. Porém, numa encruzilhada, encontra-se com Laio, e sem saber, mata-o, e logo depois casa-se, também sem saber, com sua mãe, Jocasta.Édipo decifrou o enigma da Esfinge - decifra-me ou eu te devorarei -, mas não conseguiu decifrar a sua tragédia pessoal, pois ao saber que mataria seu pai, tivesse ele se comprometido a não matar ninguém, teria assim interrompido todo o ciclo de tragédias na humanidade. Parece absurda e fantasiosa essa hipótese, à primeira vista, mas não há outra explicação para as repetidas tragédias humanas. O abandono pelo pai biológico acrescido da rejeição, esta hoje universalizada, teriam sido as causas da tragédia edipiana. É o que acontece hoje – pais matando os filhos e vice-versa. As tragédias humanas, são fruto da cultura, e não da Natureza, pois as leis desta, são imutáveis, aquela não, pode sim, ser remediada com boas e novas idéias. A vida é mera repetição de fatos que estamos vivenciando em várias reencarnações, mas tudo isso pode ser mudado. Sigmund Freud, se vivo estivesse, com certeza, corroboraria esta hipótese, talvez em vida até tenha chegado, sem saber, a essa conclusão. É por isso que os livros antigos falam na necessidade do perdão; de não se fazer ao próximo aquilo que não queres para si; de amar ao próximo como a si mesmo, pois sem a aplicação dessas normas sociais, será impossível à humanidade um dia encerrar o ciclo das tragédias humanas.
* Psicanalista

Um comentário:

Anônimo disse...

O artigo é muito bom para refletirmos nestes tais ciclos viciosos que entramos ao longo de nossas vidas. Mas, indago: se Édipo não tinha conhecimento de que era adotado, como poderia ter complexo de rejeição? (Pelo menos não pelo motivo do abandono de seus pais).