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sábado, 8 de janeiro de 2011

A linguagem bíblica - artigo - OPOVO

A linguagem bíblica


   “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Nessa passagem bíblica, sugere-se que a palavra – o Verbo – inicia a saga humana do conhecimento em busca do infinito, daí o autor da linguagem bíblica ter colocado Deus como detentor do Verbo. Os textos bíblicos estudados no original grego, e não na tradução dominante, a latina, traz revelações que sugerem ter sido modificadas pelos tradutores. Exemplo: Pietro Pomponazzi, no século XVI, descobriu lendo Aristóteles em grego que S. Tomás de Aquino havia se equivocado quanto à visão dele em relação à imortalidade da alma. As leituras que as pessoas fazem da Bíblia e das imagens sacras, parecem estar esculpidas no inconsciente, daí sugerir que o czar Ivan III da Rússia teria encomendado a um artista italiano o projeto da catedral de S. Miguel, no Kremelin, mas pediu para seguir os mesmos traços da de Vladimir do século XII, pois estava associada às tradições religiosas. Somente em 1508, em Alcalá, na Espanha, foi fundada uma universidade trilíngue para estudar as três línguas da Bíblia: hebraico, grego e latim, daí os primeiros dicionários bilíngues terem surgido somente depois desta data.
   No Concílio de Trento, por volta de 1560, houve derrota dos humanistas que tentaram substituir a Vulgata – versão latina oficial da Bíblia – por uma nova tradução realizada direto do original em hebraico e grego. No mesmo Concílio, a Igreja Católica oficializou o Índice dos Livros Proibidos, o que acabou por dificultar o estudo no período do Renascimento da verdadeira intenção e importância da linguagem bíblica.
   O Apocalipse, último livro da Bíblia, por exemplo, cita um fenômeno dito divino, mesmo sendo natural, de que haverá um “juízo final”, em que após uma longa batalha, o bem vencerá o mal e, entre outros fatos naturais, a Terra será abalada por guerras, terremotos, tsunamis, fome, etc. O fato narrado acima alegoricamente, trata-se de fenômeno natural que ocorre a cada 12 mil anos; e que os antigos estruturaram numa linguagem bíblica, capaz de ser compreendida por todos em qualquer época.
   Os livros contidos na Bíblia e outros Evangelhos que estão sendo encontrados podem elucidar, no futuro, qual era o desejo dos autores bíblicos ao misturar mitos, quimeras, conhecimentos e profecias numa linguagem, em tese, universal. “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como um bronze sonante; e um címbalo retumbante”. 1ª Epístola de Paulo aos Coríntios, 13:1.



Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

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