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sábado, 1 de janeiro de 2011

Discurso político - artigo - Diário do Nordeste

Discurso político

 

A arte da retórica domina o universo da política, pois a persuasão é o elemento fundamental no discurso dos políticos. Regra geral, todos os políticos falam na mesma linguagem eloquente e envolvente para encantar e convencer os eleitores de que são os melhores e mais habilitados no certame eleitoral. Usam sempre palavras-chaves dentro do discurso, exemplo: "mudança", "lutar", "combater", etc., porém, são por demais repetitivos e sem qualquer criatividade e tendem a esvaziar os comícios e a política num futuro próximo. O discurso político, com honrosas exceções, é sofismático, mas isto não é desonestidade do político, mas sim, questão de sobrevivência dentro do sistema que aceita entre as suas regras a mentira e a simulação. Passou despercebido, mas o marketing político eleitoral vem substituindo a necessidade dos cansativos discursos políticos em tempos de campanha eleitoral, pois a imagem trabalhada pelos marketeiros diminui a exigência dos discursos que agora são ensaiados e calculados para cada público específico. O eleitor esclarecido ou não acaba aceitando o jogo político e permite a mudança do discurso dos políticos, aliás, a única mudança real depois de eleitos é a do discurso. Na Antiguidade, o político que mais mentia e prometia o que não podia era quase sempre o mais forte, inclusive, a palavra demagogo foi forjada para denominar o chefe do partido democrático daquela época. No entanto, vê-se que pouco ou nada mudou na política, pois a mentira ainda domina o discurso político na contemporaneidade e o eleitor pouco evoluiu em matéria de consciência política. O sistema político é cruel e exige do político bastante exercício retórico e muitos recursos financeiros para alimentar os líderes comunitários e os cabos eleitorais em tempos eleitoreiros. Cada vez mais falece o sistema político, pois o desinteresse pela política e pelos políticos é notório e isto é visível em todas as camadas da sociedade. No Oriente se aplica um sábio provérbio milenar para criticar a arte da retórica que poder-se-ia aplicar ao discurso político: "Carroça vazia faz muito barulho".



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

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