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domingo, 7 de novembro de 2010

A escrita da história - artigo - Diário do Nordeste

A escrita da história


 
Em "Moisés e o monoteísmo", Freud inaugurou, sem saber, uma nova perspectiva na historiografia da História; e curiosamente a sua bibliografia selecionada sugere que leu mais livros de arqueologia do que de psicologia. De onde escreve o historiador é uma questão crucial para a escrita da história, mas o olhar nos fatos e o que há por trás deles, não podem ser desprezado. O historiador não deve temer publicar descobertas e observações diferentes do que já foi escrito, por receio de heterodoxia ou de causar polêmica, pois o intelectual que não for polêmico tornar-se-á apenas mero repetidor de ideias. Afinal, a história é uma pintura provisória que sempre poderá receber retoques até chegar à perfeição. Baseando-se no volume de arquivos ainda lacrados, é possível que considerada parcela da história possa ser revisada e até reescrita por completo. Foi a Escola dos Annales (1929-89), fundada por gigantes da historiografia, considerada a Revolução Francesa da história, que propôs novas abordagens e perspectivas na escrita da "história nova". Os recentes abertos arquivos soviéticos trouxeram à tona revelações até então não observadas e alguns rumores incontroláveis ganharam força com as provas contidas nesses arquivos. Porém, muitas situações já são dadas como incomprováveis por destruição das provas ou alteração proposital do evento. Hitler temia a história e parecia saber que uma hora seria pilhado, pois apagou várias provas e não deu uma só ordem escrita no holocausto determinando a pública matança dos judeus e dos comunistas. Credite-se ao professor inglês Peter Burke o melhor ensino da escrita da história na contemporaneidade, pois a formação do historiador para a escrita da história é importante e devem ser afastadas influências religiosas, políticas e ideológicas ao narrar os fatos históricos, em contrário, a história estará comprometida. Freud desconfiava, com razão, dos seus futuros biógrafos, pois em sendo rompedor de um sistema de pensamento, sabia que seria alvo de inveja e de maledicências e há lotes de seus "arquivos" que somente poderão ser abertos em 2.100.



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Psicanalista

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