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domingo, 28 de novembro de 2010

A crença na religião - artigo - OPOVO

A crença na religião


Em 9 de novembro de 1989, na Alemanha, começou a derrubada do “Muro de Berlin”, mas já na semana imediata era possível comprar nos EUA em lojas de souvenir “pedaços originais” do muro que semanas depois também foram vendidos em outros continentes. No entanto, é possível que diante da quantidade de “pedaços originais” fosse possível construir duas outras muralhas da China. O exemplo acima é dado propositalmente fora das searas das religiões, pois a crença ultrapassa a questão religiosa e habita o imaginário humano. Somente no século XIX, começaram as escavações arqueológicas na Babilônia, onde, em tese, teria surgido a comercialização de objetos supostamente sagrados, daí ainda não se ter uma radiografia segura da gênese e da amplitude da crença naquela sociedade. Na Índia, os hinduístas acreditam serem sagradas as águas do rio Gangues e por isso, se banham diuturnamente nelas sem se preocupar com os cadáveres boiando numa visível poluição e riscos de doenças, pois a crença na cultura indiana é muito forte e ultrapassa a racionalidade.
No templo de Miralepa, no Tibete, os tibetanos passam o dia se jogando no chão num ritual secular que nem eles sabem como e quando começou, mas acreditam que aquele quase flagelo é importante para reverenciar Miralepa de quem nem sequer há provas de que existiu. A civilização Maia, que viveu na América Central, é tida como evoluída, mas fazia sacrifícios humanos terríveis acreditando serem necessários para agradar na devoção aos seus deuses. O homem confunde Evolução com Devoção, mas nada tem a ver uma coisa com a outra, pois na devoção há crença na adoração de santos e imagens sacras. Porém, a Evolução marcha justamente em sentido contrário, pois é se desprendendo das crenças e do material que se evolui.
A ciência tem dado uma contribuição valorosa para desmistificar as crenças na civilização e o caso de maior destaque é o do exame do Santo Sudário de Turim com a datação do carbono 14. Fragmentos do Sudário de Turim foram analisados simultaneamente em 1988, em três laboratórios – Suíça, Inglaterra e EUA – e para surpresa da comunidade científica e religiosa os três apontaram a data dessa relíquia sagrada para a Idade Média, o que sugere que jamais poderia ter sido usado no evento da suposta crucificação no período paleocristão. Há mais de três mil denominações religiosas hoje no mundo e todas afirmam possuir a verdade absoluta e que o seu Deus é o único real.




Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

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