Meu novo livro: Novas abordagens

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sábado, 12 de janeiro de 2013

Solução salomônica - artigo - Diário do Nordeste



   Numa carta datada de 26 de fevereiro de 1930, o judeu Sigmund Freud revela a Chaim Koffer, membro da fundação em prol da reinstalação dos judeus na Palestina, a sua posição contrária ao sionismo: “(...) Porém, por outro lado, não creio que a Palestina venha um dia a se tornar um Estado judeu nem que o mundo cristão, assim como o mundo islâmico, possa um dia estar disposto a confiar seus lugares sagrados à guarda dos judeus. (...) Não consigo sentir a menor simpatia por uma devoção mal interpretada, que faz de um pedaço do muro de Herodes uma relíquia nacional e, em nome dela, desafia os sentimentos dos habitantes da região”.
   O professor catedrático judeu de História da Universidade de Montreal, no Canadá, Yakov M. Rabkin, no seu livro, “Judeus contra judeus — a história da oposição judaica ao sionismo”, revela algo que o leitor ainda não sabia: a maioria dos rabinos e judeus tradicionais é contrária ao sionismo e à manutenção do Estado de Israel, pois vai contra o ensinamento originário do Judaísmo e é uma desobediência aos “Três Juramentos” feitos pelo povo judeu por ocasião da derrubada do segundo templo de Jerusalém no ano de 70 d.C. — 1º, Israel não suba os muros; 2º, Deus fez Israel jurar que não se rebelaria contra as nações do mundo; e o 3º, Deus fez os idólatras jurarem que não oprimiriam Israel em demasia. O sionismo aumentou o antissemitismo e é apresentado entre rabinos e judeus como um perigo mais grave do que todos os falsos messias — pichações de judeus nos muros no bairro Mea Shearim, em Jerusalém, diziam: “O judaísmo e o sionismo são diametralmente opostos”.
   Na resolução da ONU nº 181, Israel ocuparia 51% da Palestina, mas já na guerra de tomada de posse, em 1948-49, ocupou 78% expropriando as terras de 700 mil palestinos. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, em Jerusalém Oriental, as Colinas do Golan, na Síria e o Monte Sinai, no Egito. O Conselho de Segurança da ONU, por unanimidade, determinou, na Resolução nº 242, de 22 de novembro de 1967, que Israel devolvesse as terras ocupadas que representam aproximadamente 20% — ou seja, Israel ocupa quase toda a Palestina. A solução salomônica para reinar a paz na Palestina é jurídica: Israel deve cumprir as Resoluções da ONU...

Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

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