Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Antítese da ordem - artigo - blog do Eliomar de Lima

Na Gênese é dito que no início era o caos e Deus então teria criado os céus e a terra e tudo mais necessário para a vida no planeta. A História cultural da civilização é de dominação, daí as intermináveis guerras e a construção de impérios, mas foi no ano de 753 a.C., em Roma, que surgiu a Res pública (coisa pública) e desde então se inseriu na cultura a ideia de vida organizada com governos e governados. Devido o desejo do homem de controlar e de ser adorado, o interesse público ficou em segundo plano, pois o poder tornou-se o objeto desejado dos reis e monarcas e foi assim por 17 séculos — de 27 a.C. até 1789. O teórico inglês, Thomas Hobbes, no seu Contrato Social priorizava a ordem e a segurança condicionando-as a renúncia de todos os direitos, menos à vida, para se viabilizar uma sociedade ordeira e pacífica.
A Revolução Francesa, em 1789, buscou desconstruir os impérios e uma nova ordem seria restabelecida à custa de muito sangue para sedimentar a trilogia: liberdade, igualdade e fraternidade. Porém, dentro da Revolução ocorreram dissidências e o movimento tido como libertário tomou rumos em desordem, exemplo: o “estado de terror” de Robespierre que, até então, era contra a pena de morte, tornou-se paladino dela, mas acabou no cadafalso da sua contradição. A Revolução conseguiu derrubar o rei, mas a ordem demoraria a ser restabelecida devido o caos remanescente. Montesquieu, um dos iluministas e influenciadores da Revolução, desenvolveu a teoria da separação dos poderes visando harmonizar a sociedade distribuindo os poderes e devolvendo ao povo o poder de escolher os seus governantes.
Assistimos atônitos aos movimentos grevistas dos policiais militares em diversos Estados no Brasil e com os governantes sem saber como lidar com a questão delicada que é a manutenção da ordem, pois demandas salariais reprimidas explodiram e a autoridade hierárquica militar encontra-se, lamentavelmente, fragilizada.
Hegel e Marx diziam que a História se repete. Na primeira vez, acontece como tragédia; na segunda, como farsa. O desafio da sociedade doravante será tentar manter a ordem, pois sem a segurança pública garantida a vida em sociedade ficará inviabilizada e voltaremos ao estado hobbesiano. “O Homem é o lobo do Homem”, dizia Hobbes ao assistir a Inglaterra em Guerra Civil entre os anos de 1642 a 1649.


* Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista.

Nenhum comentário: