Meu novo livro: Novas abordagens

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sábado, 20 de agosto de 2011

Planeta extremo - artigo - Diário do Nordeste



Do mais alto local, Tibete, 4.500 metros acima do nível do mar, até o mais baixo, Mar Morto, em Israel, 400 metros, há extremos interessantes de se estudar. A cultura regional varia em cada plaga e o mundo dividiu-se em Oriental e Ocidental, mostrando dois extremos culturais e cada qual reivindicando maior sabedoria e melhor qualidade de vida. As culturas dos países do Oriente e do Ocidente foram, na sua maior parte, construída por empréstimo de outras regiões, pois os viajantes levavam os costumes de locais para o resto do planeta. O estilo dos relacionamentos afetivos muda radicalmente entre culturas, pois, num país de cultura muçulmana, por exemplo, permite-se a poligamia, coisa que seria "reprovada" num cristão. No hinduísmo, na Índia, muitas mulheres se suicidavam, quando o marido morria, acreditando continuar o relacionamento no pós-morte. Os hábitos de higiene e de alimentação também chamam a atenção em algumas culturas, pois até nisto as religiões dão o seu pitaco e influenciam a sociedade. Há nos extremos, pessoas impressionantemente frias e insensíveis, enquanto outras, hipersensíveis, mas não estão concentradas num ou noutro extremo do planeta. As pessoas excessivamente frias não sofrem tanto quando as hipersensíveis, pois parecem conseguir sublimar o sofrimento - não esboçam emoções, talvez para se proteger da reação. Já as hipersensíveis, sofrem além da conta, pois qualquer coisa dita lhes atinge, ou é interpretada em seu desfavor. Ao contrário da frieza, a hipersensibilidade é algo bom, mas vivemos num mundo frio e de competições em que todos lutam para serem ou parecerem os melhores, daí o afeto estar desaparecendo e os relacionamentos afetivos cada vez mais raros. As relações interpessoais estão trilhando para caminho preocupante, pois há nítida desconfiança mútua, inclusive, as pessoas agem no seu cotidiano, como se estivessem "prestando contas" de seus atos sem que haja necessidade. O sorriso no rosto vem sendo usado como uma "máscara" para mostrar exatamente o sentimento contrário vivenciada pelo sujeito - isto nada tem a ver com bipolaridade.



Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

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