Meu novo livro: Novas abordagens

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domingo, 1 de maio de 2011

Suicídio inconsciente - artigo - Diário do Nordeste

As drogas têm o seu valor terapêutico, tanto o é que, a morfina - em referência ao deus mitológico grego Morfeu, do sono e das ilusões -, é usada na medicina para aliviar a dor do paciente, assim como o vinho na Antiguidade era o anestésico oficial dos médicos. A diferença de algo útil tornar-se perigoso e letal é a forma de seu uso, pois as drogas sempre existiram e são usadas em grande escala na civilização para diversos fins. Alguns estudiosos defendem o uso da maconha para fins terapêuticos, pois, segundo eles, a erva pode aliviar o sofrimento de pacientes crônicos. A experiência de Amsterdam, na Holanda, que legalizou as drogas, chama a atenção para a questão do uso, digamos, disciplinado dos entorpecentes, pois há lojas vendendo abertamente diversas drogas e os índices de violência não cresceram após a liberação, pelo contrário, praticamente desapareceu a figura do terrível traficante, que além de traficar, mistura outras substâncias nas drogas tornando-as mais potenciais e letais. É tolice discutir a legalização das drogas no Brasil, pois há tempos são vendidas livremente e quase sem resistência e repressão. O movimento de contracultura fez apologia ao uso indiscriminado das drogas e levou milhões de jovens a embarcar numa viagem que quase sempre não tem volta e assim comprometeu-se a saúde mental de toda uma geração dita psicodélica; e a prometida liberdade transformou-se numa hipótese real de terminar os dias recluso num hospital psiquiátrico. Em algumas culturas indígenas, usam-se em rituais pontuais bebidas extraídas de plantas e que produzem estados alterados de consciência, inclusive, em alguns casos, os efeitos terapêuticos são positivos, porém, o uso contínuo - algumas pessoas não podem participar desses rituais - pode levar o homem à impotência sexual e a mulher à frigidez. Em qualquer cenário do uso incorreto das drogas e do álcool, vê-se um desejo inconsciente de suicídio no sujeito, pois sabendo das informações e dos perigos que podem causar, assume o risco de prejudicar a sua higidez mental e física, fenômeno este análogo ao do suicídio...



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

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