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domingo, 5 de dezembro de 2010

Freud e as mulheres - artigo - Diário do Nordeste

Freud e as mulheres

No século XIX, o jovem Freud e outros seus contemporâneos, definiram as mulheres como loucas, histéricas e hipnotizadas, porém, no acender das luzes do século XX, o Freud maduro amenizou o discurso em relação às mulheres, pois estava preocupado com o futuro da condição feminina. Nas famosas reuniões das "Quartas-feiras", em sua casa, em Viena, na Áustria, entre os anos 1902 e 1907, Freud repudiou a misoginia e dizia apenas que a mulher é um continente obscuro. Já na reta final da carreira perguntava-se com frequência: o que quer uma mulher? Essa é a pergunta freudiana para a qual, ainda hoje, não se tem a resposta. Lacan sugeriu que a mulher quer gozar - no sentido amplo da palavra - e seus seguidores embarcaram nessa tese. Alguns desejos parecem existir em quase todas as mulheres: casar e ter filho. O desejo de ter o filho seria a sua saída da fase da inveja do pênis, e o casar e ter família, a segurança que a mulher deseja para não "terminar sozinha", como temem. Passou despercebido por Freud e seus seguidores a questão da linguagem indefinida da mulher que pode fornecer elementos para a dificuldade delas de finalizarem os relacionamentos, pois quase sempre deixam em banho-maria os "ex". Há linguagem universal que as mulheres usam como indefinição: "pode ser"; "hoje não"; "outro dia"; "talvez", etc. Sem maldade, mas com algum exagero, a mulher fala sempre nos novos enlaces que há algo que ela nunca fez com outro, sugerindo querer presentear ou prestigiar o novo romance com aquela "primeira vez".
Há na mulher preocupação excessiva com o corpo e os cabelos, pois nunca estão satisfeitas e sempre acham que é possível melhorar, mas sofrem por conta desse desejo de perfeição. A mulher na contemporaneidade embarcou no barco furado das feministas que pregam pelo mundo afora a liberação total e a busca ilimitada por prazer, mas nunca mostram os efeitos colaterais desses comportamentos. Rousseau sugeriu em Émile, uma nova mulher, voltada para a família, pois este é desejo inato da mulher, inclusive Rousseau e Freud acreditavam que somente na família a mulher se realiza.



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

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