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domingo, 1 de agosto de 2010

A psiquiatria no divã - Artigo - Diário do Nordeste

A psiquiatria no divã


A era dos fármacos exauriu-se, pois se desdobrou de tal forma, que hoje é difícil encontrar algum sujeito que não seja usuário de remédios, como se toda a civilização, de uma hora para outra, tivesse sido acometida de pandemia de múltiplos transtornos mentais. Porém, os efeitos colaterais e a dependência causados pelo uso indiscriminado dessas "bombas químicas", sugerem que já está mais do que na hora de se repensar a psiquiatria. Na contemporaneidade, a psiquiatria, sem saber, talvez, está a serviço dos laboratórios farmacêuticos, pois deixou de escutar o sofrimento dos pacientes prescrevendo-lhes em troca pílula com a promessa de ser panaceia e única saída para o retorno à normalidade. Não existe efeito sem causa e, não raramente, o paciente é sentenciado na primeira consulta psiquiátrica e a condenação é o uso "voluntário" desses fármacos por longos períodos, quando não, para sempre.
Não se pode negar a utilidade pontual desses medicamentos, mas houve banalização de prescrições sem dar ao paciente qualquer alternativa. É possível que a ortodoxia acadêmica impeça que considerada parcela da psiquiatria enxergue que há vida fora do universo do cardápio indigesto da indústria farmacêutica. A indústria farmacêutica não produz remédios para curar, pois os alotrópicos somente controlam os sintomas e em alguns produz apenas efeito placebo; e chega a ser até cômodo tomar uma pílula diária ao invés de recorrer a algum tratamento alternativo e que não produza dependência e efeitos colaterais.
A Eletroconvulsãoterapia (ECT) - nada a ver com o vetusto eletrochoque - produz resultados admiráveis nos pacientes portadores de transtornos mentais, especialmente nos casos de iminente risco de suicídio. A Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (EMTr) vem sendo estudada no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e tem apresentado resultados satisfatórios e não causa efeitos colaterais, ou seja, alternativas aos remédios existem.
A prescrição indiscriminada de remédios alotrópicos é ameaça real à saúde pública, pois os laboratórios farmacêuticos visam, em última instância, apenas o lucro.

LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO
Psicanalista

2 comentários:

Lia Skaty Pinheiro disse...

Luis,
seu artigo é um alerta!! De fato vivemos uma época em que a maioria das pessoas buscam soluções externas para todos os seus problemas e situações. É mais prático fugir da realidade c/ os tarjas pretas, do que enfrentar as causas reais de nossas mazelas. Tem até quem ache chique fazer uso de tais medicamentos. Puro engano!!! O melhor mesmo é bater papo, desestressar e buscar outras alternativas que não gerem dependência!! Um abraço,Lia.

Sukham disse...

É bom que se bata sempre nesta tecla para lembrar a população sobre a manipulação da maioria das indústrias farmacêuticas patrocinadas por empresários gananciosos que há tempos inventam medicamentos forjando tratamentos para doenças sem ter, no entanto, a menor intenção de curar. Mas, enganar pessoas fragilizadas e desavisadas. Em nosso país, infelizmente, já há uma cultura de se tomar remédios de forma indiscriminada, onde as pessoas se auto-medicam. Não são poucos os médicos que se aliam à laboratórios e receitam paliativos usando os mais diversos argumentos. Na rede pública os pacientes representam números em todos os sentidos. Não somos mais seres adoecidos, mas a própria doença!
Por outro lado, na área da oncologia, onde há o convívio com sofrimentos inenarráveis de pacientes com câncer, parece estar surgindo um nova conduta médica, ou melhor, um retorno; direcionando-se para o ser, um olhar para a alma do indivíduo, onde, cada pessoa é um universo. E, por isso, por ex., uma pessoa não mais receberia “x” quantidade de quimioterapia por estar com câncer, mas esta quantidade seria avaliada dentre outros critérios de acordo com a resposta daquele organismo, daquele ser.
Há também pessoas cuja consciência desperta para busca de respostas naquela que sempre esteve nos amparando; a mãe Natureza. E a medicina fitoterápica que existe há séculos e que a ciência vem comprovando seus benefícios cada vez mais, tem nos oferecido grandes resultados para muitos de nossos males.
Sukham