Meu novo livro: Novas abordagens

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domingo, 29 de agosto de 2010

Espiritismo milenar - Artigo - jornal OPOVO


Espiritismo milenar

No acender das luzes do século XIX ganhou força na Europa a moda dos códigos e de se codificar conhecimentos inspirados no sucesso do Código Civil de Napoleão Bonaparte, de 1803 (Code Napoléon), e o de Burgerliches Gesetzbuch (BGB) alemão, considerados perfeitos. O conhecimento do Espiritismo, ou espírita, já existia antes mesmo da Era cristã, pois no Tibete era praticado num ritual da religião Bon que, entre outras coisas, praticava a comunicação com os espíritos. A comunicação com os espíritos não é novidade, pois no Antigo Testamento há proibição de tal pratica, mas se proibia é porque eles – os espíritos - existem. Franz Anton Mesmer (1734-1815) desenvolveu estudos científicos acerca do magnetismo animal, ou fluidísmo, pois sabia que existia um “fluido universal” que curava as pessoas. O magnetismo mesmeriano tornou-se um grande sucesso, mas Mesmer foi perseguido pela Academia de Ciências e da Sociedade Real de Medicina, que acabou condenando a sua hipótese, ou seja, sem qualquer prova científica condenaram a ciência. Conhecimentos foram tabus na civilização por tempos, exemplo, a química era conhecida por “ciência proibida”, mas curiosamente essas ciências e outras, tais como: desdobramento, telepatia e levitação são praticadas nas sociedades herméticas desde a antiguidade...
É reconhecido na historiografia que, em 1840, o Espiritismo na sua forma moderna, já era praticado, mas é somente em 1854, que Kardec ouve falar do fenômeno das “mesas girantes”. Em maio do ano imediato Kardec participaria do fenômeno das “mesas girantes” e em 1857 proclamava O livro dos espíritos que viria a ser o primeiro dos cinco livros codificados das obras básicas do Espiritismo.
Kardec dá uma contribuição fabulosa ao Espiritismo, pois codificou o conhecimento espírita amealhado até a sua época. A palavra Espiritismo é espanhola, vem da expressão inglesa, “spirit-rapping”, que quer dizer: comunicação por pancadas sonoras com os espíritos, daí ter-se forjado em espanhol a palavra Espiritismo, que em francês escreve-se “Spiritisme” e no alemão “Spiritismus”.
Espiritismo é conhecimento; e conhecimento é ciência, portanto, marchemos unidos expurgando os mitos na busca da verdade e da plenitude do saber científico, conforme recomendou o próprio Kardec.
O hibridismo cultural molda religiões análogas ao Espiritismo, como, por exemplo, o movimento Cao Daí, no Vietnam, que tem papa, cardeais e bispos, porém, há sessões espíritas mediúnicas de comunicação com os espíritos. Na África tradicional, os africanos há séculos praticam rituais de danças em que os espíritos incorporam nos dançarinos, como no caso dos iorubas de Daomé e da Nigéria.
Milenarmente os empiristas e os racionalistas trilham por avenidas diferentes, porém, com os mesmos objetivos, ou seja: a busca da verdade e da universalização do conhecimento. O conhecimento é universal e na nova Era todos devem saciar-se nesse fantástico manancial que libertará a civilização dos grilhões milenares.
É possível que estejamos falando do mais antigo conhecimento da civilização e que foi pouco recorrido por muito tempo – o Espiritismo – e que deve ser universalizado para sempre em prol da humanidade.

Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista e espírita.

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