Meu novo livro: Novas abordagens

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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Moisés e o Judaísmo - artigo - Tribuna do Ceará e OPOVO


   O judeu Sigmund Freud dizia que o egípcio Moisés (1391 a.C. – 1271 a.C.) não era judeu, mas fundou a suposta primeira religião monoteísta, o Judaísmo. Moisés, segundo a tradição, escreveu a Torá e se notabilizou pela sua liderança e mansidão — “E era o homem Moisés mui manso, mas do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm, 12,3). Mesmo cometendo assassinatos, Moisés era tido como bom homem e libertou o povo judeu da escravidão no Egito peregrinando num êxodo pelo deserto por 40 anos, levando-os a terra prometida, Israel.
Nascia então nova cultura religiosa e política que incomodaria reis e monarcas daquela época e começava uma saga milenar de conquistas, perseguições antissemitas e mortes. Por duas vezes o templo judaico de Jerusalém foi derrubado (587 a.C. e 70 d.C.) pelos inimigos dos judeus. Os judeus se autoproclamaram “povo eleito” e devido à promessa bíblica de que a terra prometida seria deles, lutam desde então para lá se manterem a qualquer custo.
   As causas das perseguições aos judeus se universalizaram devido à ordem para crucificação de Jesus Cristo registrada no evangelho de João, cap. XVIII e XIX, quando o Cristo diz: “O meu reino não é deste mundo. Se fosse deste mundo eu não teria sido entregue aos judeus” — também foram acusados de usura, pois a Torá autoriza o empréstimo a juros: “Poderás fazer um empréstimo com juros ao estrangeiro” (Dt, 23,21). A primeira expulsão dos judeus na França se deu em 1306, por Filipe, o Belo, e a segunda por Charles VI, em 1394 e outros países seguiram expulsando os judeus por diversas acusações.
   Freud alertava que o Judaísmo estava sendo mal interpretado pelos judeus, especialmente na questão da expropriação de Israel, na Palestina, pois iria ferir os sentimentos dos muçulmanos, árabes, judeus ortodoxos e cristãos que lá viviam há milênios. Freud admirava a universidade israelense e os kibutzim, mas desejava ver Israel livre e sem muros ou arames farpados e habitada por todos os povos. Na visita à estátua de Moisés esculpida por Michelangelo, na Igreja de S. Pedro, em Roma, no ano de 1909, Freud se empolgou para escrever sobre o patriarca do Judaísmo. Em 1938-39, no seu último ano de vida, Freud publicou o corajoso livro, “Moisés e o monoteísmo”. Após a leitura, o historiador Salo Wittmayer Baron proclamou: “Quando um pensador da estatura de Freud se posiciona quanto a uma questão que lhe é de interesse vital, o mundo deve escutá-lo”…



Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista



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