Meu novo livro: Novas abordagens

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sexta-feira, 19 de abril de 2013

A violência no futebol - artigo - Jornal OPOVO


   A população anda perplexa com a repetida violência entre torcedores e as torcidas organizadas, como se inimigos fossem, a cada partida de futebol. No último domingo, dia de Clássico-Rei entre os times do Fortaleza e do Ceará, após explosões de “bombas” caseiras e brigas com paus e pedras, dois torcedores do Ceará perderam a vida com tiros disparados na cabeça, desferidos por um jovem da torcida do Fortaleza de apenas 19 anos de idade durante mais uma dessas violentas batalhas travadas fora de campo. O episódio alertou para o fato de que alguns torcedores possam estar entrando com armadas de fogo nos estádios, o que é inadmissível.
   A violência no futebol acontece antes, durante e depois dos jogos, o que acaba por produzir uma tensão nos dias de jogos exigindo a mobilização da polícia para tentar conter a agressividade dos torcedores. Há uma explicação psicanalítica para essa batalha no futebol, pois na linguagem bélica utilizada nesse esporte, vê-se a pulsão de agressão e a de dominação, pois há nos times o “capitão”, o “artilheiro”, jogadas são “armadas”, há também a “morte súbita”, as “barreiras”, o “domínio” da bola, o “tiro de meta”, a “defesa e o ataque”, as “estratégias e táticas”, a “bomba” para designar um chute forte e os “gritos de guerra” da torcida e dos jogadores.
   Vêm também aumentando consideravelmente as brigas corporais entre jogadores dentro de campo, sugerindo que se trata de novo fenômeno psicossocial que precisa ser estudado. A violência praticada pelos torcedores tem alcançado até os jogadores dos seus próprios times, pois, quando não jogam bem ou o time é rebaixado de divisão, os jogadores têm que sair, muitas vezes, escoltados dos estádios. O futebol faz parte da cultura e é paixão nacional; porém, a violência de alguns torcedores tem afastado muitos dos estádios que preferem agora assistir incólumes aos jogos de seus times pela televisão.
   Quando Charles Miller, em 1894, desembarcou na cidade de Santos, em São Paulo, com duas bolas de futebol na bagagem e promoveu o primeiro jogo no Brasil, não tinha a menor noção que inseriria na cultura um dos mais geniais e populares esportes e que revelaria talentos como o rei Pelé e outros tantos gigantes da bola nem que projetaria gloriosamente o nosso país como um dos maiores celeiros de bons jogadores do planeta. Porém, a violência no futebol ameaça o futuro do futebol no Brasil...


Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

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