Meu novo livro: Novas abordagens

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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Por que tanto ódio? - artigo - Diário do Nordeste


   Sigmund Freud dizia que a família era constituída de heróis trágicos que ora se atraem, ora se agridem e ora se matam, mas reconhecia a importância da família na formação do sujeito. O gigante psicanalista francês, Jacques Lacan, dizia: "Odeio a minha família porque não posso amá-la". Lacan teve problemas familiares seriíssimo o que, de alguma forma, o ajudaram a teorizar várias questões na família. O ódio é um sentimento violento que leva a querer o mal a qualquer um e a se rejubilar com o mal que lhe aconteça. O ódio é veneno e corrói o sujeito e é seguramente a causa de muitas doenças materializadas no corpo e na mente. O ódio é um sentimento tão antigo quanto a origem da civilização, mas há na história comunidades que conseguiram viver imunes ao ódio, exemplo: os monges tibetanos meditam todos os dias buscando o equilíbrio e a espiritualidade e abandonaram o ódio de suas vidas, sugerindo que é possível viver sem a presença do ódio. O ódio nas relações familiares na contemporaneidade ganhou maior visibilidade, visto o fenômeno do aumento das separações conjugais e das famílias substitutas. As novas relações afetivas quase sempre vêm acompanhadas de questões de relacionamentos passados, o que acaba por gerar sentimentos diversos, especialmente, o ódio.
   Há pessoas que sentem prazer em odiar o outro, mesmo quando não há motivo, ou o fato gerador do ódio não tem relevância. A família é um espinheiro em forma de lar que se deve vivenciar com amor e sem alimentar o ódio, pois neste somente prejuízo se vê. Não é fácil viver sem ódio no coração, mas não é qualquer vantagem alimentar esse malfadado sentimento que tantos conflitos pode causar nos relacionamentos. Numa visão espiritualista, encontramos as respostas para várias situações de ódio aparentemente inexplicáveis nos relacionamentos que remetem a questões mal resolvidas em vidas passadas, pois as pessoas são "atraídas" pelo ódio e a sede de vingança no fenômeno irrevogável da Reencarnação, podendo ser por inimizades, traições, homicídios e/ou obsessões espirituais contraídas por diversas causas - o sujeito age na vida inconscientemente sem saber que há lembranças arqueológicas registradas em sua mente. O sentimento de ódio é uma "armadilha" autodestrutiva para o sujeito e a civilização...

Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

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