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sábado, 12 de novembro de 2011

A cultura da superstição - artigo - OPOVO/Espiritualidade


   A civilização cultua a superstição desde seu início e uma vez inserida na cultura é retransmitida por gerações que a têm como algo válido, mesmo que não haja qualquer fundamento ou base científica. A tradição religiosa mais antiga de que se tem notícia é o xamanismo que surgiu na Sibéria há 40 mil anos e tem toda uma sistematização de superstições, amuletos e rituais religiosos. A Astrologia é estudada desde a Antiguidade e a data da fundação de Roma, 21 de abril de 753 a.C, foi determinada pelo sábio e antiquário Marco Terêncio Varrão (116-27 a.C) que seguiu a sugestão do astrólogo Lúcio Tarúcio de Fermo.
   No Egito antigo, praticava-se a magia negra e os bonecos de “vudu” faziam parte desse ritual e eram vendidos no mercado, como se fosse algo natural e rotineiro. Na Europa moderna, ante e pós-Inquisição, a feitiçaria era temida, e muitas mulheres, tidas como bruxas, viraram cinzas nas fogueiras inquisitórias — a mais famosa foi a jovem Joana D´arc. Porém, algumas mulheres europeias se diziam feiticeiras, sem sê-las, para serem temidas e assim “segurar” a língua afiada dos vizinhos que calavam temendo alguma maldição em suas vidas. Na contemporaneidade, ainda se vê culturas preservando suas superstições e crenças sem qualquer lógica — nem tudo que é lógico é verdadeiro, mas tem que ser racional —, como se fosse uma ação inconsciente, exemplo: passar por debaixo de escada, dizem que dá azar; quebrar espelho também. Nos EUA, alguns edifícios não “têm” o 13º andar por pura superstição; pessoas usam roupas de certas cores em determinadas ocasiões, acreditando que podem atrair a sorte. Muitas autoridades recorrem aos astrólogos e cartomantes para se orientarem, mas o curioso é que, mesmo quando as previsões não se consumam, eles continuam acreditando piamente naquilo — as moças casamenteiras morrem de medo de que passem a vassoura sob os seus pés, pois, segundo a superstição, não casam.
   Até o século XVIII, na Europa, os reis eram conhecidos por taumaturgos, ou seja, teriam supostamente o poder de cura, e aplicavam o “toque real” nos súditos, mas descobriu-se que nem todos que os procuravam para o toque estavam doentes e que os que se curavam era por conta da imposição das mãos que, conhecemos por magnetismo animal. Porém, os que não conseguiam a cura continuavam, mesmo assim, acreditando que os poderes dos reis eram divinos. Alguns dizem, com fino humor, que se a superstição de usar ferraduras para ter sorte fosse verdadeira, burro não carregaria peso.
Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista.

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