Meu novo livro: Novas abordagens

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domingo, 10 de julho de 2011

Os livros sagrados - artigo - OPOVO/Espiritualidade

   Os costumes são os principais responsáveis pela literatura religiosa, que em certo momento da História, se transformaram na Bíblia Sagrada. Estão na Bíblia livros com histórias, cantos, poesias, leis morais e comerciais, revelações etc, compendiados de várias culturas, portanto, trata-se de um livro multicultural que pretende orientar os seguidores dessa ou daquela religião, já que muitas religiões o seguem. Os dez mandamentos contidos no Antigo Testamento já estavam publicados no antiquíssimo “Livro egípcio dos mortos”, daí sugerir que houve um “empréstimo cultural” egípcio. Num livro do Antigo Testamento, é autorizado o empréstimo a juros: “Poderás fazer um empréstimo com juros ao estrangeiro” (Deuteronômio, 23,21) – em hebraico, a palavra juros, nechekh, quer dizer: “mordida” – essa é a origem do capitalismo. A cultura da poligamia é também dessa época e estava autorizada no Antigo Testamento e os casamentos seguiam religiosamente essa norma. É também por “empréstimo cultural” desse período uma das mais belas passagens bíblicas: “Faze aos outros aquilo que queres que te façam”.
   O Novo Testamento deu uma nova interpretação à literatura religiosa, mas absorvendo por empréstimo muito do que já estava prescrito no Antigo Testamento, porém, diferencia daquele na questão da ênfase em servir a Deus mais do que o dinheiro – “Não se pode servir a Deus e a Mamon” (Lucas, cap. 16, v. 13) –, bem como sugere a monogamia como forma de matrimônio. Surge então, o Cristianismo, que em pouco tempo conquistaria várias plagas e o coração daqueles povos desejosos de salvação. A História do Cristianismo, mesmo exagerada, mudou positivamente a humanidade e ainda hoje é pouco compreendida devido às diversas interpretações.
   No século VII, surge a doutrina de Maomé, que também teve o seu livro sagrado, o Alcorão, que recepciona o Antigo e o Novo Testamento e dá uma nova interpretação aos enunciados religiosos, e nasce então, o Islamismo. No Alcorão, a poligamia volta à tona; e hoje o Islamismo é a religião que mais cresce no mundo, não por causa da poligamia, mas por conta da cultura machista dos países que a praticam. No Alcorão, Jesus Cristo é reverenciado e a versão da ressurreição parece-me um pouco inusitada, pois Ele sobe aos céus com a alma e o corpo, após a crucificação. Perde tempo quem tentar anular os livros religiosos ditos sagrados, pois eles fazem parte da cultura e do imaginário dos povos e estão estruturados na mente humana de forma irreversível.

 
Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

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