Meu novo livro: Novas abordagens

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sábado, 11 de maio de 2013

Síndrome de Jerusalém - artigo - OPOVO




   A chegada a Israel é sempre acompanhada de muita ansiedade e de receios devido ao risco iminente de conflitos com países das regiões limítrofes à Terra Santa. Com duas capitais, Tel Aviv e Jerusalém, Israel é, sem dúvida, um dos locais mais belos e de prestígio do planeta; afinal, foi lá que viveu e morreu o maior de todos os homens: Jesus, o Cristo. Peregrinando por toda a Israel, é possível vislumbrar outras paisagens além das costumeiras, pois os cenários se modificam à medida que se compreende a história milenar daquela abençoada terra.
   Não é raro avistar em Jerusalém peregrinos com os olhos nublados de lágrimas, histéricos, sensíveis, solícitos e observando e tocando os monumentos em locais que, segundo a tradição, foram vivenciados por Jesus. Há relatos de pessoas que supostamente viram imagens e/ou ouviram vozes de espíritos nos monumentos e têm o comportamento alterado, mas na maioria das vezes trata-se de uma psicose religiosa momentânea denominada de “Síndrome de Jerusalém” diagnosticada pela primeira vez em 1930. Porém, quem vai para Jerusalém prepara-se com antecedência e acumula uma carga emocional muito grande que, acrescida do esgotamento físico pela viagem, a ansiedade e o nervosismo natural, pode, sim, produzir sensações análogas às metafísicas sem que seja necessariamente algum distúrbio psiquiátrico diagnosticável.
   Ouve-se diuturnamente a palavra “shalom” que em hebraico quer dizer paz, mas acaba sendo uma contradição, pois há conflitos seculares que podem ser deflagrados a qualquer momento e o peregrino é alertado do real risco de ter que usar algum plano de proteção se explodir alguma guerra, o que pode potencializar, pelo pânico, o aparecimento da “Síndrome de Jerusalém”.
Há relatos de que cristãos, judeus e muçulmanos queixaram-se de terem vivenciado a “Síndrome de Jerusalém”, mas, se não há relatos anteriores de surtos psicóticos no peregrino, em poucas semanas desaparece o sintoma fenomenológico. Outro ponto reflexivo em relação à “Síndrome de Jerusalém” é o olhar no Cristo crucificado que, involuntariamente, desperta no peregrino três sensações: tristeza, compaixão e esperança, afinal, Ele ressuscitou e subiu aos céus...
   Em outros locais, também tidos como sagrados, ocorre esse fenômeno análogo à “Síndrome de Jerusalém”, exemplo: Índia, Tibete, Sibéria, Egito e Roma, onde há também reverência às divindades e os nativos e peregrinos sentem e relatam as mesmas sensações como as que ocorrem frequentemente em Jerusalém.


Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista



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