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domingo, 4 de novembro de 2012

A cultura medieval - artigo - Diário do Nordeste


A prostituição sempre foi um negócio e era tolerada, especialmente na Idade Média. Inclusive, mulheres casadas tornavam-se "meretrizes secretas", com a anuência do marido, para aumentar a renda do lar. No século XIII a meretriz foi reputada impura, excluída e perseguida socialmente, como os leprosos e os judeus. Santa Pelágia, santa Maria Egipcíaca, santa Afra, etc. eram prostitutas e tiveram suas almas salvas, segundo a Igreja, por meio do arrependimento, assim como Maria Madalena. As casas de banhos públicos e os bordéis, eram regulamentados pela Igreja, pois a clientela atingia a elite e não adiantava proibir. Havia "norma moral" nos bordéis e as mulheres não podiam fazer sexo oral e nem tampouco o anal, pois era considerado uma desonra - daí a origem do tabu ainda hoje nas mulheres que, sem maldade, mas com algum exagero, negam que gostem de fazer sexo anal. As mulheres honestas usavam véu e tinham o direito de retirar dos rostos das meretrizes esse acessório e colocavam-nas uma agulheta de cor viva no ombro, em sinal de infâmia.
Na França, belas jovens eram vistas durante o dia exibindo livremente seus seios nas ruas em busca de novos clientes, como numa propaganda "corpo a corpo"; e em Amsterdã, na Holanda, já era famosa a Street Red Light (Rua da luz Vermelha), pois recebia turistas sexuais de toda a Europa. Com o aparecimento das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e da Peste Negra que ninguém sabia a exata causa, os bordéis perderam clientela. O papa Inocêncio III, dizia que uma das maiores obras de caridade seria converter as meretrizes em mulheres honestas e que o casamento com elas seria uma obra masculina de piedade cristã. No Renascimento, pinturas prestigiavam as virgens, como a de santa Úrsula e as 11 mil virgens (quase metade das pinturas renascentistas é da Virgem Maria) para afastar as moças das tentações e assim esperassem virgem o casamento, mas a prostituição é algo inserido na cultura que há em tempos de guerra ou de paz. Até o século XX, na Inglaterra, houve a "venda de esposa" realizada na praça dos mercados e tinha todo um ritual, pois a mulher tinha que chegar ao local sendo puxada por uma corda no pescoço pelo marido - o motivo alegado pelos maridos quase sempre era traição ou que a mulher "falava demais"..


Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista

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