Meu novo livro: Novas abordagens

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sábado, 2 de maio de 2009

Anestesia intelectual - Artigo - Diário do Nordeste


LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO

Anestesia intelectual

O caso Dreyfus é emblemático para a intelectualidade, pois o gigante da literatura francesa Émile Zola defendeu em carta-aberta, “Eu acuso”, o capitão Alfred Dreyfus, acusado injustamente pelo governo francês de alta traição. Zola recebeu apoio dos intelectuais, mas teve que fugir, porém o capitão Dreyfus foi absolvido e o governo pediu-lhe desculpa pela injustiça cometida. O homem somente é livre quando é independente, e o intelectual tem que pugnar por valores universais e não se aquietar com teses circunstanciais diminutas e que visam mais confundir do que esclarecer, pois o obscurantismo é incompatível com o intelectual, pois é justamente o contrário o seu papel na sociedade. A verdade dói para o leigo e incomoda os interesses dos poderosos – leia-se: elites - e dos grupos de pressão, mas não se pode ter medo de desagradar quem não quer saber da verdade e nem tampouco os governos, estes sim, odeiam a verdade. Os intelectuais, que escreviam com denodo nos matutinos criticando os desacertos dos governos anteriores, silenciaram, como numa conspiração silenciosa, e como se não mais houvesse os mesmos equívocos de outrora. A intelectualidade não pode se afastar nunca da razão, da justiça e da verdade, pois são valores universais e inarredáveis para o intelectual. Os eminentes professores universitários deveriam se insurgir contra o totalitarismo que se avizinha para que nunca mais a humanidade seja governada por pessoas descompromissadas com a ética e o coletivo.Acreditar em luta política partidária é desconhecer por completo a natureza humana, pois tradicionalmente os participantes desses movimentos mudam o discurso depois de eleitos. Não há compromisso com o coletivo, pois o único objetivo é vencer a eleição e, após consumado o fato, tratam os eleitores como num teatro de mambembe, onde o personagem imitando o bêbado fica falando nada com coisa nenhuma e a platéia fica rindo como se estivesse entendendo tudo. Os intelectuais parecem anestesiados e o seu silêncio acaba por deslegitimá-los junto à sociedade civil, pois o papel do intelectual é apontar as contradições.
*Psicanalista

Um comentário:

enemota disse...

Obrigada Olimpio, seus artigos alem de informar, nos estimulam cada vez mais a ver com olho critico essa sociedade manipulada em que vivemos. Sem demagogia, sao pessoas assim como voce que nos fazem acreditar, que nem tudo esta perdido.