Meu novo livro: Novas abordagens

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Manipulação globalizada - Artigo - Observatório da Imprensa

MÍDIA & ÉTICA
Manipulação globalizada

Luís Olímpio Ferraz Melo

Com a criação das agências de notícias, que quase sempre estão ligadas a conglomerados econômicos e que também possuem telejornais, mídia impressa e site na internet, as notícias relevantes passaram a ser privativas das mesmas, pois quase nunca, agora - somente em casos excepcionais - as televisões e jornais enviam seus jornalistas para constatações in loco, pois é mais econômico comprar as notícias das agências.
Observando alguns fatos de relevância da contemporaneidade, tais como a crise econômica e os intermináveis combates na Faixa de Gaza, vê-se que ao invés de explicar de forma cabal para o telespectador e/ou leitor da mídia escrita, acaba-se tendo dúvidas dos fatos e há nitidamente tendências em certas agências noticiosas. É até compreensível que uma agência de notícias ligada a essa ou aquela religião e/ou a governos tente mostrar somente o que lhe interessa, muitas vezes, certamente, por conta de interesses inconfessáveis.
Viajei o mundo todo e notei que em cada país a imprensa se "molda" ou tem que se "moldar" ao sistema de governo e à religião dominante. Em alguns países que estavam em conflito - França, subúrbio de Paris, por exemplo - notei que aquele conflito era glorificado e a impressão que se tinha é que se colocasse o pé fora do hotel seria atingido pela fúria descontrolada de meia dúzia de baderneiros imigrantes.
Em Katmandu, no Nepal, quando desembarquei em meio a uma "revolução" para derrubada do governo, segundo a mídia, perguntei logo ao motorista do táxi se havia risco de morte atravessarmos a cidade até o hotel por conta da tal "revolução". O motorista, nepalês, sorriu, e disse que essa "revolução" de que falava não passou de uma manifestação pelas ruas da pequena Katmandu. Ainda insisti em dizer que tinha visto na televisão que o número de mortos já passava de algumas centenas; novamente este fato foi negado pelo taxista. Depois disto, perambulando pela tranqüila Katmandu, descobri que houve exagero da mídia.
A Escola de Frankfurt, na Alemanha, fundada em 1924, cujos principais expoentes foram Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969), já denunciava o "totalitarismo eletrônico", pois estavam seguros esses intelectuais de que as massas estavam sendo manipuladas e suas mentes bombardeadas de informações muitas vezes desnecessárias. A crítica da escola frankfurtiana é atual e é corroborada por um dos maiores intelectuais da contemporaneidade, Jürgen Habermas, autor do livro Ação Comunicativa.
Hoje em dia, e quando raramente assisto aos telejornais, fico de olho não somente nas notícias, mas no que há por trás delas - pois muitas vezes as mesmas são tendenciosas e não a expressão da verdade.
Os jornalistas, ao se graduarem - a graduação deveria ser obrigatória - deveriam fazer um juramento público prometendo nunca manipular notícias e informações, sob pena de não poderem mais exercer a sua nobilíssima profissão, que é o jornalismo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Olímpio!

Seu artigo traz mais uma vez um olhar crítico e cliníco das informações despejadas sobre nós.

Um abraço,
Sukham