Meu novo livro: Novas abordagens

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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Em nome do progresso - artigo - OPOVO


   É legítimo o movimento “Ocupe o Cocó” que tenta impedir mais uma devastação nas já escassas áreas verdes do município de Fortaleza e logo no coração da Aldeota — a elite parece não se importar com a natureza. A sociedade civil vem se mobilizando para tentar proteger o meio ambiente da sede desesperada de obras em nome do progresso para receber eventos internacionais de grande porte, tais como a Copa do Mundo.
   Porém, não há preocupação alguma dos governantes com a preservação ambiental e quem deveria proteger a sociedade e a cidade, no caso, a Justiça, acabou foi dando as costas e “lavando as mãos”, pois o presidente do egrégio Tribunal de Justiça, Luiz Gerardo Brígido, cassou na velocidade de uma motosserra a liminar que impediria a tragédia ambiental anunciada e ainda destacou na decisão: “os significativos benefícios que os viadutos trarão à população...”
   Um fato que passa despercebido neste debate é a questão dos recursos que financiarão essas suntuosas construções, pois a maioria dessas obras é fruto de empréstimos contraídos junto a banqueiros internacionais e a juros e condições nunca revelados, o que sugere que aumentará o endividamento do Município e do Estado, além de devastar a natureza. Sem falar que professores de arquitetura e urbanismo já disseram que há soluções alternativas para a questão do trânsito e da mobilidade urbana sem que seja necessário agredir a área de preservação ambiental que é o Parque do Cocó.
   É dito que o Estado fará desapropriações em 22 comunidades na capital para viabilizar a construção dos trilhos do VLT — metrô que parece mais um trem — sem levar em conta a cultura daquelas centenas de humildes famílias que terão que reiniciar à força seus laços de vizinhanças. Esse “progresso” que agride a natureza aumenta a dívida pública e desloca os mais humildes, não interessa a nossa cidade...

Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

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