Meu novo livro: Novas abordagens

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sábado, 16 de junho de 2012

Racismo explicado - artigo - Diário do Nordeste


Os estudos dos fósseis com crânios humanos começaram em 1800, em Engis, na Bélgica, depois no vale de Neander, na Alemanha, daí o nome do antiquíssimo primata: "Homem de Neanderthal", e forneceram elementos para o estudo da espécie humana. O debate sobre raça percorreu os séculos XVIII e XIX e, após breve parada, durante a Segunda Guerra, voltou à tona com novos estudos genéticos e antropológicos. Registrou-se, ainda em 1900, 29 raças; em 1937, 38; porém, no fim do século XX contava-se quase 200 raças humanas catalogadas, mas as teorias poligenéticas não se sustentaram, pois há somente uma espécie humana, daí sugerir que raça é uma criação do homem e não um elemento biológico - no século XV, em provençal, a palavra raça designava a escória da população. Há interesses políticos dominatórios obscuros para segregar a civilização em raças, exemplo: a escravidão, mas não há base cientifica para o naufragado discurso racial e eventuais diferenças são somente culturais. Em 1848, o filólogo Ernest Renan forjou o termo antissemitismo transformando-o numa questão racial, mas em 1855, publicou livro em que diz apoiar as teses de Darwin que, curiosamente, contradizem as suas - Darwin dizia existir três tipos de raças - A origem das espécies, de Darwin, seria publicado em 1859. Foi preciso esperar até 1932 para a palavra "racismo" aparecer nos dicionários europeus e, em 1948, na África do Sul, tornou-se Apartheid - o nome oficial dos negros na África do Sul é bantu. O anacrônico conceito de raça foi oficialmente abandonado pela Unesco em 1950 e depois pela comunidade científica que substituiu, com eufemismo, por etnia. Os avanços da ciência na descoberta do DNA, em 1953, e após a proclamação do projeto do Genoma Humano, em 2000, ganhou força a hipótese de que existe somente uma espécie humana e não há mais razão para cultuar a existência de raças entre os humanos. Em 1975, por iniciativa dos países árabes, africanos e do bloco soviético, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou uma resolução comparando o sionismo a uma forma de racismo por conta dos conflitos no Oriente Médio tidos então como raciais, porém, foi anulada em 1991. O conceito de raça, povo, paz, liberdade e igualdade varia culturalmente, mas há somente uma espécie humana...



LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO é psicanalista

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