Rita Mae Brown, escritora americana, dizia com humor: “As estatísticas
sobre saúde mental revelam que um em cada quatro americanos sofre de alguma
forma de doença mental. Pense em seus três melhores amigos. Se eles estão bem,
então o quarto é você”.
A Associação Americana de
Psiquiatria (APA), em 1917, começou a nosografia das doenças mentais num
“Manual estatístico” para tentar uniformizar os diagnósticos. O “Manual”
catalogou 22 diagnósticos de transtornos mentais. Em 1952, a APA publicou o que
viria a ser a Bíblia da Psiquiatria: o “Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais” (DSM-I) elencando agora 106 tipos de transtornos e no
DSM-IV, de 1994, já se contabilizavam 297 tipos de transtornos mentais.
As três principais doenças psiquiátricas são: esquizofrenia, depressão e
“transtorno maníaco-depressivo” — ou bipolar do humor —, mas no DSM 5, de 2013,
há descritos 265 diagnósticos e sobram críticas desse abuso no número de
transtornos mentais que somente prejudica o paciente e alimenta o trilionário
mercado farmacêutico.
O primeiro antipsicótico, o “Clorpromazina”, foi descoberto por mero
acaso pelo cirurgião francês Henri Laborit (1914-1995) que buscava uma droga
capaz de reduzir o “choque cirúrgico” assim como foi a “Imipramina” usada em
pacientes depressivos e a indústria farmacêutica investe pesado em novas drogas
para “controlar” os transtornos mentais reais e os imaginários “criados” nos
DSMs sem qualquer estudo científico sério.
O uso indiscriminado de remédios “tarja preta” afeta diretamente a
memória do sujeito e podem causar demência.
Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista