A
Iconoclastia foi um movimento político-religioso no Império Bizantino, no
século VIII até o IX, que defendia a quebra das imagens ditas sagradas como
forma de libertar o povo da veneração e do fanatismo, mas não houve êxito nesta
investida. No período do Renascimento, na Europa, a religião voltou a ser
prestigiada e quase metade das pinturas renascentistas é da Virgem Maria e um
quarto de Jesus Cristo, sugerindo que sem a história da religião,
provavelmente, não teria ocorrido esse importante movimento cultural. Na
Revolução Francesa (1789-91), templos foram destruídos e o calendário
modificado para as pessoas não irem aos cultos dominicais, mas de nada
adiantou.
A
psicanálise surgiu no século XIX com o declínio do patriarcado e na descrença
nas religiões devido às contradições e ao medo de novas inquisições. Sigmund
Freud sabia que, para a psicanálise se universalizar, ele teria que afastá-la
da religião, inclusive chegou a dizer que todas “eram ilusões” e “uma neurose
obsessiva universal”. Jacques Lacan afirmou que a religião triunfaria sobre a
psicanálise devido ao seu poder universal e, em 23 de março de 1960, no Seminário
7º, em Bruxelas, na Bélgica, Lacan faz o “Meu discurso aos católicos”, em que
apresenta defesa de que a verdadeira religião é a romana — católica — e diz
“que se a psicanálise não triunfar sobre a religião é porque a religião é
inquebrantável. A psicanálise não triunfará: sobreviverá ou não”.
Carl
Gustav Jung estudou o Espiritismo e a paranormalidade, pois adorava o tema da
alma humana — Jung tinha uma verdadeira fascinação por fenômenos ocultos. Numa
época de sua vida, Jung disse terem ocorrido vários fenômenos mediúnicos e
dizia que foram sinais de que teria que ir a uma sessão espírita, pois dizia
que seu pai queria se comunicar. Jung participou de sessões espíritas por dois
anos seguidos juntamente com sua mãe Émilie Preiswerk-Jung e a sua prima Helene
Preiswerk que atuava como médium — inclusive a tese de doutorado de Jung,
defendida em 1902, é sobre as sessões espíritas.
Os céticos
cientistas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) , em Genebra,
na Suíça, que tentam provar a teoria do Big Bang, em que o universo teria sido
criado por uma grande explosão, curiosamente denominaram a perseguida
antimatéria de “Partícula de Deus”.
Bilhões de
pessoas no planeta seguem alguma religião na sua cultura, daí ser impossível
provar que todas elas estejam erradas em suas crenças, muitas vezes, nada
científicas.
Luís Olímpio Ferraz Melo é psicanalista