Meu novo livro: Novas abordagens

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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Magistratura e população pedem socorro - Artigo - O GLOBO e Observatório da imprensa

Magistratura e população pedem socorro

Publicada em 26/11/2009 às 13h52m

O artigo da eminente e corajosa ministra do egrégio Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, "Magistratura pede socorro" , publicado neste dia 24 de novembro em O GLOBO, merece o apoio e o respeito de toda sociedade civil, pois pela primeira vez na história republicana brasileira uma autoridade judicial insurge-se contra seu próprio Tribunal, mostrando fatos que são de conhecimentos de todos os operadores do Direito, mas que não conseguem chegar às redações dos veículos de comunicação devido ao poderio de fogo dos ministros que estão praticando e desonrando toda a magistratura.
Os magistrados e suas respectivas associações classistas estão acuados e com medo de meter o bedelho, pois sabem que os ministros apontados são reconhecidamente vingativos e agem nos bastidores e podem persegui-los e até alijá-los da magistratura. Outro fato que escandaliza mais ainda é que o Conselho Nacional de Justiça, que tem o dever e a obrigação constitucional de fiscalizar e punir desvios no Judiciário, silenciou e ninguém se indignou.
O egrégio Supremo Tribunal Federal não precisaria ser provocado para investigar e por ordem no egrégio Superior Tribunal de Justiça, pois é questão de sobrevivência e de resguardar a honra dos ministros, mas o STF não tem força e nem tampouco animus para apurar coisa alguma dos deslizes cometidos pelos tribunais judiciais.
A sociedade civil está em perigo e também pede socorro, pois não há uma só pessoa que ainda acredite na Justiça. Logo lá, que era para ser a última trincheira da população, mas os tribunais parecem mais "armadilhas" e as denúncias são por demais graves. O egrégio Superior Tribunal de Justiça se notabiliza pelos escândalos que vão desde o superfaturamento na construção do edifício sede até as operações da Polícia Federal, conjuntamente com o Ministério Público Federal, onde ministros foram pilhados cometendo supostamente crimes que envergonham toda a magistratura e a sociedade civil. Destaque-se que ainda hoje o egrégio Supremo Tribunal Federal não julgou esses processos.
Montaigne vendeu em 1570, aos 37 anos de idade, a sua vaga de magistrado num tribunal na França. Naquela época já era comum a venda de cargo de magistrado, mas o que chamou a atenção e a curiosidade dos historiadores foi que Montaigne era moralista e contrário a essa prática absurda, como dizia ele, mas vendeu sem qualquer remorso a sua toga. Pode estar aí a origem dos fatos denunciados com propriedade pela eminente ministra Eliana Calmon.
Seria cômico se não fosse trágico, pois a magistratura e a população estão pedindo socorro e clamando por justiça, mas não há mais a quem apelar.

Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

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Atualização:
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Publicado também no Observatório da imprensa em 01 de dezembro de 2009.
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domingo, 22 de novembro de 2009

Abram os olhos - Artigo - Diário do Nordeste

Abram os olhos


Já é quase fora de moda quem não tiver algum tipo de transtorno mental, pois de uma hora para outra a humanidade adoeceu e explodiu o "desejo" e a necessidade de milhares de remédios que se apresentam como panaceias para a alma do sujeito.Não há tantas doenças e/ou sintomas que justifiquem tantos rótulos de medicamentos expostos deliberadamente ao alcance dos desavisados, sem falar que os remédios não curam, apenas "controlam" a doença ou sintoma.Não existe efeito sem causa e a vida sedentária pode sim causar sintomas que podem levar o sujeito a sentir eventos que equivocadamente sugerem algum tipo de mal-estar.É até cômodo tomar uma "pílula" diária a ter que fazer algum tipo de atividade física ou meditação para vencer a insônia, por exemplo, pois esta não é doença, apenas o sinal de que há descompasso entre o corpo e a mente.A pressão arterial é medida no Oriente diferente daqui do Ocidente, e no diagnóstico tupiniquim, são indicados e prescritos remédios alotrópicos, lá, muitas vezes, apenas exercícios físicos e meditação, e a medicina milenar chinesa, até hoje não contestada à eficácia, funda-se em três pilares: ioga, massagem e acupuntura.Os efeitos colaterais causados pelos remédios são maléficos para o corpo e a mente e comprometem o funcionamento integral do organismo, e os ansiolíticos e os antidepressivos já lideram o ranking de uso dos alotrópicos.Em alguns casos os remédios são até necessários, mas na maioria são utilizados de forma deliberada e sem o zelo para com o futuro, pois sem tempo para se cuidar o sujeito recorre aos insensíveis remédios diários para amenizar de forma mascarada o sofrimento.O corpo humano produz as substâncias que quimicamente os remédios apenas repõem, mas que causam dependência química, em contrário, seria negar a capacidade do corpo e da mente de reagir e de se renovar.Sentimento de culpa e a "prisão" no passado, podem causar a melancolia, a depressão e a ansiedade, que têm cura fora dos ortodoxos remédios alotrópicos ocidentais e os orientais, que tem os olhos puxados e quase fechados, enxergaram isto há milênios.
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LUIS OLÍMPIO FERRAZ MELO é Psicanalista

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Liberdade vigiada - Observatório da imprensa


Liberdade vigiada
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Por Luís Olímpio Ferraz Melo em 10/11/2009
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Recentemente, quando declarou inconstitucional a caduca Lei de Imprensa, o egrégio Supremo Tribunal Federal agiu provocado em ação judicial, pois na Justiça faz-se necessária essa provocação. A Constituição Federal de 1988 não recepcionou a Lei de Imprensa, pois deixou expresso o reconhecimento da liberdade de expressão no seu sentido mais amplo do termo e vetou apenas o anonimato. Qualquer republiqueta que almeje ou diga ser democrática deverá antes de tudo conviver com a liberdade de expressão. No período ditatorial brasileiro era proibido quase tudo e a censura agia sem qualquer remorso contra os veículos de comunicação, intelectuais, artistas, autoridades, subversivos, enfim, todos tinham que falar a língua dos militares.
Os governos que tomam o poder à socapa se apossam de imediato dos meios de comunicação de massa para proclamar a "propaganda" que legitimará o ilegítimo regime. Os totalitários são experts em castrar a liberdade de imprensa e de expressão, pois sabem que pela opinião pública publicada a população poderá se mobilizar e resistir aos atos totalitários, daí o receio da liberdade de expressão. Não é surpresa alguma vermos na América do Sul esses pseudo-governos ditos socialistas querendo tolher a sacrossanta liberdade de expressão para se perpetuarem no poder, como os ensinou o imortal Fidel Castro.
Mas o que é socialismo? Hitler diz no seu livro Minha luta que é socialista – quem quiser, que tente entender – e o regime nazista é de extrema-direita, além de totalitário; não é compreensível ainda como uma mente maligna e doentia conseguiu manipular toda uma nação para dominar o mundo.
Os paladinos da liberdade de imprensa e de expressão de outrora – leia-se, os ex-esquerdistas – tornaram-se hoje em dia no poder em déspotas desse sacrossanto direito fundamental para a civilização.
Qualquer período e movimento da história são sempre confrontados em importância, com o advento da imprensa, pois historiograficamente reconhece-se nesta a rainha das grandes conquistas da civilização.
A Justiça, que deveria salvaguardar esse sacrossanto direito, criou a figura da malfadada "censura judicial", mesmo a Constituição Federal garantindo a liberdade de expressão e existindo remédio jurídico de toda sorte para os que se sentirem prejudicados ou para os que ultrapassem da liberdade para a libertinagem causando assim algum tipo de dano moral e/ou material. Não há o que se falar em "censura judicial", pois em sendo assim, haveria apenas liberdade vigiada e democracia de faz-de-conta, pois a liberdade é condição sine qua non para a democracia.
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Nota do autor: Sine qua non, quer dizer: sem a qual não.

sábado, 7 de novembro de 2009

Falando bonito - Artigo - Diário do Nordeste

Falando bonito

8/11/2009

Na doença do presidente dos EUA, Roosevelt, o seu médico particular não revelou aos americanos a gravidade da mesma; não mentiu, mas falava de forma técnica e com jargões que somente os médicos entendiam, assim como muitas pessoas falam verdades mentindo ou brincando. Exemplo: alguma mulher pode dizer que ficou com o Brad Pitt, mas em sonho; não foi fisicamente, mas não mentiu.Num estudo admirável de 1897, é dito que costureiras de um cantão criaram gíria para falar sobre sexo na hora do trabalho sem que os patrões entendessem. Hoje ainda é assim, pois as mulheres têm jargões e gírias que são desconhecidos o sentido por quase a totalidade do universo masculino. A critica à psicanálise por ainda não ter universalizado seus auspiciosos conhecimentos, é devido aos prolixos e desnecessários jargões remanescentes da sua fase embrionária. James Murphy, dizia que os economistas e sociólogos falam jargões que somente eles entendem para esconder algo ou jogar com as palavras junto ao público leigo. A maçonaria, bem como as demais sociedades hoje quase secretas, usa jargões, gírias e sinais que somente os adeptos sabem os significados. Grupos híbridos - máfias e gangues, por exemplo, - usam gírias mutáveis à medida que outros descobrem os significados. Discursos eloquentes e de indisfarçável pedantismo, impressionam os leigos em política e religião, mas talvez nem os oradores ou boquirrotos saibam ao certo o que falam. Os advogados costumam orar e enfeitar as suas laboriosas petições para impressionar, mas o linguajar, é o mesmo sempre, e os jargões se repetem cansativamente.Nas guerras, os soldados criam seu próprio linguajar como "arma" para se protegerem e confundir o inimigo.Não faltaram intelectuais para criticarem os jargões e os excessos de neologismos técnicos ou não no período da Escolástica e de escolas diletantes, pois são termos difíceis e que podem ter mais de um sentido. Há escritores extremamente difíceis de compreensão e acham que em sendo assim há glamour para os que se debruçam em seus livros, pois passariam para o público a ideia de que são inteligentes.
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LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - psicanalista