Meu novo livro: Novas abordagens

Meu novo livro: Novas abordagens

domingo, 29 de março de 2009

Perdoe-me Abraão - Artigo - Diário do Nordeste

Debates e Idéias

Perdoe-me Abraão
Não há prova material de que o patriarca de todas essas historietas bíblicas, Abraão, tenha existido, pois as provas cabais da sua inexistência estão no próprio Antigo Testamento – A Gênese. Seja lá quem montou essa história, se esqueceu de dados importantes e que muda tudo, pois Abraão, com 99 anos de idade, e sua esposa, Sara, com 90, tiveram um filho, mas esqueceram – propositalmente ou por ignorância – que a expectativa de vida naquela longínqua época era menos da metade dessas idades. Outro ponto contraditório é o fato de, antes de ser pai com sua esposa, esta autoriza Abraão a copular com a sua escrava egípcia, Agar, e com esta tem um filho chamado Ismael - isto Abraão aos 85 anos. Ainda no Gênesis é contada a história de que Jacó luta com Deus e vence a batalha e o criador mudou o seu nome de Jacó para Israel, que significa: aquele que luta com Deus. Na historiografia da humanidade é notório o abuso dos líderes espirituais – como se a humanidade precisasse de algum -, bem como o desejo de manipular as massas e se locupletarem à custa da boa-fé das pessoas, usando para tanto, má-fé. Toda essa historieta encena suposta e ingênua aparição do criador dizendo e guiando Abraão para a terra prometida, onde ele seria reconhecido e teria honrarias intermináveis. O mal-estar que produz na mente humana essas narrações bíblicas, tais como: medo, consciência de culpa, alienação e tragédia, já seriam suficiente para a humanidade ter esses livros ditos sagrados apenas como histórico. Os filósofos iluministas já falaram tudo e desmascararam toda essa manipulação clerical por meio da fé e do medo, mas está esculpido estruturadamente no inconsciente das pessoas essas ilusórias aberrações bíblicas.Robespierre, no seu discurso à convenção francesa, em 21 de novembro de 1793, disse que aquele que tentasse impedir as missas era mais fanático do que aquele que a oficiava, e que essa crença num criador é tão forte que, se Deus não existisse, teríamos que inventá-lo. Que ninguém se ofenda em sua fé, mas o Abraão bíblico não existiu, pois toda crença não passa de mera ilusão.
LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - Psicanalista

sábado, 14 de março de 2009

Verdade acadêmica - Artigo - Diário do Nordeste


Debates e Idéias

Verdade acadêmica

É comum ouvir no meio acadêmico que a única certeza na ciência, é a dúvida, e que a verdade, seja ela qual for, é apenas provisória. Se a ciência encontrasse alguma verdade absoluta, peremptória, incontestável, deixaria essa hipotética verdade de ser ciência, pois um dos requisitos genéricos para o continuo estudo cientifico, é a pesquisa, assim sendo, deixaria e estaria de fora do saber cientifico essa hipotética hipótese. Atribuída aos filósofos, que é um dos três tipos de conhecimento tradicionalmente aceito, a busca da espiritualidade sempre fascinou, e não foi por acaso, o homem em saber da sua realidade inaugural e do seu objetivo para que se justificasse todas as adversidades e diferenças – no sentido mais amplo da palavra – que há na vida humana. As sociedades, desde a primeira horda, sempre foram comandadas e guiadas por pessoas que detinham o conhecimento e as informações e assim se moldavam ao estilo dos chefes e/ou governantes a forma de organização social. Somente produz conhecimento quem os têm e não se pode negar, sem elementos válidos, que o pensamento é anterior ao pensador, portanto, é possível que todo o conhecimento que repousa sobre a Terra já tenha existido anteriormente.Nas antigas civilizações, sabia-se – diferente de “acreditava-se” – do conhecimento da reencarnação, mas com o advento da Igreja Católica, esse conhecimento foi castrado no Concilio de Constantinopla, no ano de 553, onde até então, a mesma era reconhecida e estudada. Numa leitura despretensiosa e imparcial, pode-se ver que todos esses livros ditos sagrados – existe algum livro que não seja sagrado? – há presente neles o conhecimento da reencarnação e todo o saber filosófico buscou provar a sobrevivência da alma – ou espírito – após a morte. Negar, sem elementos válidos para a desconstrução da hipótese, a sobrevivência do espírito no fenômeno pós-morte, equivale dizer que o sofrimento e as desigualdades de toda ordem, são obras do acaso e que a pseuda criação divina nada mais é do que o capricho de um ser sadomasoquista que escolhe ao seu bel-prazer as suas azaradas vitimas.
LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - Psicanalista

terça-feira, 10 de março de 2009

Imprensa camaleônica - Artigo Inédito

Imprensa camaleônica
Luís Olímpio Ferraz Melo

O leitor atento, já percebeu que há várias imprensas no Brasil e que há fatos e versões para todas situações? A imprensa, regra geral, necessita de motivação – fato – para fazer o seu papel de comunicação social das massas. Em muitos países a imprensa tem que se adaptar a religião dominante e/ou ao partido que detém o governo e este fato é até compreensível em algumas plagas, pois há países em que os índices de analfabetismos são tão assustadores, que não importa o que se publique. Toda instituição hoje tem o seu tablóide ou veiculo de comunicação oficial, tais como as igrejas, sindicatos, órgãos públicos, etc. O jornalismo é endógeno, ou seja, mostra somente o que quer e não necessariamente o que o leitor, que é o único e legitimo destinatário da noticia, quer saber. O jornalismo criou “universo” hermético e não se vê nenhum jornalista criticando e pugnando por mudanças desse modelo anacrônico de jornalismo “seletivo”. O corporativismo no jornalismo é algo inexplicável e jamais visto em outra classe econômica e por conta disto à nobilíssima profissão de jornalista, acaba perdendo a legitimidade para questionar o corporativismo e a corrupção nas outras categorias econômicas.
Os leitores brasileiros não são tão ingênuos como parece acreditar alguns jornalistas, pois já é notório as searas – a famigerada “Imprensa marrom” - em que as noticias são constantemente manipuladas e “diabinhos” acabam virando “santos”. Os jornalistas defendem tanto a liberdade de expressão, mas há muitas noticias sonegadas para os leitores por motivos ainda obscuros.
A manipulação no jornalismo não é fato novo, pois a Escola de Frankfurt, na Alemanha, fundada em 1924, cujos principais expoentes foram Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969), já denunciava o descaso da mídia com a ética, pois estavam seguros esses intelectuais de que as massas estavam sendo manipuladas e suas mentes bombardeadas de informações muitas vezes desnecessárias. Sem concorrência - mesmo existindo várias imprensas - as mesmas não colidem e não há autocrítica na mídia, o que tem levado à autofagia.


terça-feira, 3 de março de 2009

Os intelectuais e a liberdade de expressão - Artigo - Observatório da Imprensa

MÍDIA & INFORMAÇÃO
Os intelectuais e a liberdade de expressão

Luís Olímpio Ferraz Melo

Na Revolução Francesa, os intelectuais do Iluminismo foram fundamentais para modificação da opressão do regime do imperialismo burguês em favor da maioria camponesa. Em 15 de outubro de 1894, Alfred Dreyfus foi preso por alta traição em benéfico da Alemanha e no dia 13 de abril de 1895 foi deportado para a ilha do Diabo. No dia 13 de janeiro de 1898, Émile Zola, gigante da literatura francesa, publicou artigo no jornal L´Aurore intitulado de "J´accuse" (Eu acuso), no qual defendia abertamente a injustiça cometida com o capitão Alfred Dreyfus.
O termo "intelectual" surgiu ainda no século 19 e foi oficializado por Maurice Barrès em 1º de fevereiro de 1898, em artigo no Le Journal, intitulado "O protesto dos intelectuais", que apoiava Émile Zola na sua defesa pública denunciando a cúpula do governo francês no caso da condenação injustiça do capitão Alfred Dreyfus por traição. Zola teve que fugir da França, mas o capitão Alfred Dreyfus foi reabilitado em 12 de julho de 1906 e o governo francês pediu-lhe desculpas adimitindo a injustiça.
Em 7 de março de 1989, quando se comemorou na França o bicentenário da Revolução Francesa, dezenas de intelectuais sairam em passeata defendendo a liberdade de expressão e contra a intolerância religiosa. Em toda a historiografia da humanidade os pensadores foram fundamentais no processo de conscientização e de luta em favor das garantias constitucionais e da liberdade de expressão, que foi castrada por 17 séculos - de 27 a.C até 1789 -, período em que fomos governados por reis e monarcas.
O papel do intelectual é apontar com independência as contradições dos governos e a inépcia das religiões que desejam sempre controlar a humanidade. Aqui no Brasil, por exemplo, os intelectuais desistiram de lutar por um país menos injusto, pois após a ascensão ao poder pelos ditos esquerdistas, silenciaram e quase não há mais voz crítica contra os abusos dos governantes e da corrupção desenfreada que ameaça o Estado Democrático de Direito. O medo de serem "tragados" pelo sistema acaba por afastá-los das páginas de opinião dos matutinos e a discreta minoria que ainda escreve algo, age acabrunhada e com medo do Leviatã contemporâneo brasileiro.
Não é mais novidade que a mídia é manipulada e a população acaba sendo induzida às versões jornalísticas que nem sempre caminham com a verdade dos fatos. Os jornais vivem lutando pela liberdade de expressão - como se fosse um oásis - mas não a usam e isto é a contradição jornalística contemporânea, pois há notícias e fatos que são manipulados e/ou alijados das redações dos veículos de comunicação por motivos obscuros e o legitimo destinatário da notícia, o leitor, sai no prejuízo.
Auguro aos intelectuais que se insurjam contra a banalização da manipulação que a mídia brasileira faz com os seus leitores que, por coincidência, são também seus clientes.